Fernando continua indisponível para Portugal mas Bento não o rejeita

Seleccionador português garante que incidentes de Quaresma no final do jogo com Nacional não irão influenciar a decisão de convocar ou não o portista

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Paulo Bento está a 42 dias de anunciar os convocados para o Mundial Bruno Pires/AFP (arquivo)

“Qualidade, rendimento, assiduidade e necessidade”. São estes os quatro critérios que vão nortear as escolhas de Paulo Bento para o Mundial do Brasil e que podem antecipar parte dos 23 convocados a anunciar dentro de 42 dias. Mas sobram ainda muitas incógnitas, nomeadamente em relação a três nomes que se têm destacado esta temporada no campeonato nacional: William Carvalho, Ricardo Quaresma e Fernando. Os dois primeiros estão disponíveis, mas o brasileiro, naturalizado português, ainda não tem autorização da FIFA para representar a selecção nacional. Sem revelar muito, o técnico anunciou nesta segunda-feira que conta, teoricamente, com todos os jogadores “disponíveis”, naturalizados ou não.

“Falta sensivelmente mês e meio para anunciarmos a nossa convocatória. Vamos continuar a observar, a analisar e a registar o mais possível aquilo que é o rendimento dos jogadores e tentar perspectivar, da melhor maneira, até dia 19 de Maio, aquilo que pretendemos para a fase final do Campeonato do Mundo. Os jogadores que melhor servem os nossos interesses e aqueles que podem fazer face às dificuldades que vamos encontrar”, reafirmou Paulo Bento, à margem da conferência “Falar de Futebol”, organizada pelo ex-internacional português Pedro Barbosa, em Lisboa.

Questionado concretamente sobre as hipóteses de Quaresma vir a ser convocado após os incidentes protagonizados pelo jogador do FC Porto, no final da partida com o Nacional, na Madeira, a contar para o campeonato, Bento foi peremptório: “Foi um episódio que aconteceu num jogo que nada tem a ver com a selecção nacional e não terá qualquer tipo de influência para a minha decisão.” Mas não esclareceu se a mesma já está tomada.

Quem já não tem muitas dúvidas sobre os nomes que irá chamar para o Mundial é Luiz Felipe Scolari, seleccionador do Brasil e ex-seleccionador de Portugal, outro dos convidados da conferência, que reuniu ainda Carlos Queiroz, seleccionador do Irão, e Fernando Santos, seleccionador da Grécia. Com uma grande dose de humor, o treinador brasileiro aceitou recordar a derrota na final do Euro 2004, frente à Grécia, em pleno Estádio da Luz. “Como perdemos aquilo? Não sei responder. Se tivéssemos vencido, teria sido campeão mundial [venceu o título com o Brasil em 2002] e campeão europeu”, recordou.

Para o Mundial, Scolari tem um sonho: “Tomara que encontre Portugal na final. Rezo a Deus para isso. É sentimentalismo, mas seria a maior alegria de toda a minha vida.” O brasileiro não poupou, de resto, elogios à equipa de Paulo Bento, que considera estar “entre as oito e dez selecções” que podem vencer, “sem surpresa”. E se a final for mesmo falada em português? “Aí, amigos, amigos, mulheres à parte, como se costuma dizer aqui no Brasil”.

Admitindo que terá às suas ordens um grupo menos experiente do que aquele que orientou na conquista do Mundial de 2002,o treinador salientou que a ambição é a mesma, apesar de uma maior juventude. “Sou exigente com eles, mas também sou compreensivo. Trato todos como se fossem meus filhos”, revelou. "Eles têm de saber que têm condições para ser campeões", referiu, antes de reforçar que o caminho para final será tortuoso e que poderá passar por vencer "quatro ex-campeões mundiais".

Incontornável é a grande pressão que recai sobre a “canarinha” para vencer a prova, mas, para já, Scolari sacode a tensão com humor: “Aqui vocês podem dizer que o objectivo é passar a fase de grupos. Agora, se eu dissesse no Brasil que queria ficar entre os oito melhores, corriam comigo do país.”

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