FC Porto no laboratório com fórmula para a pressão

Felipe deu vantagem aos “dragões”, mas dois erros de Casillas e Layún permitiram a reviravolta no marcador. Valeu aos portistas, que estão mais perto do líder, a eficácia nos lances de bola parada.

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José Coelho/Lusa

O FC Porto precisou de recorrer ao laboratório das bolas paradas para superar, na 18.ª jornada da Liga (4-2), um Rio Ave irreverente, que aproveitou os brindes de Casillas e Layún para semear o pânico e colocar um ponto de interrogação na mente do “dragão”.

Nuno Espírito Santo pedia pressão sobre o líder do campeonato e resolvia o problema no corredor direito devolvendo a titularidade a Layún, chamado para render o lesionado Maxi. Sem outras alterações, a decisão do treinador revelar-se-ia precipitada, mostrando um mexicano nervoso, faltoso, sem o ritmo necessário depois de mês e meio de ausência dos relvados.

Antes, porém, Felipe colocava o FC Porto no rumo desejado, assinando o primeiro de três golos de bola parada, com Alex Telles a servir a causa portista na perfeição (18’).

Conseguido o mais difícil, e com o Rio Ave forçado a trocar de defesa-esquerdo, o FC Porto tinha tudo para viver uma tarde de emoções controladas, não fora a barra devolver o remate de Diogo Jota menos de cinco minutos volvidos. Um falhanço inocente, mas que potenciaria o erro crasso de Casillas, instantes depois. Uma intervenção inexplicável do espanhol, desastrado no seu 50.º jogo de “azul e branco”, a oferecer o empate a Guedes (35’).

O Estádio do Dragão mordia a língua e começava de imediato a reconstrução de um resultado que prosseguia a sua marcha, para espanto de uma plateia que ficaria em suspenso depois do penálti cometido por Layún, logo a abrir a segunda parte. Um castigo demasiado pesado para o FC Porto e que Casillas não foi capaz de anular, perdendo a oportunidade ideal para redimir-se.

Roderick não perdoou (48’) e o escândalo só não perdurou no tempo porque a bola voltava providencialmente ao domínio laboratorial. Alex Telles emergia como o autor moral da reviravolta, desenhando trajectórias perfeitas para Marcano (55’, após livre) e Danilo (62’, após canto) devolverem a cabeça e a serenidade a um “dragão” que caminhava já sobre brasas. Um FC Porto que entretanto perdera a asa direita, com a lesão de Corona e a substituição de Layún (intervenção oportuna de Nuno Espírito Santo para evitar a expulsão do mexicano, poupado por Jorge Sousa em duas ocasiões).

Consumada a reviravolta, a partida entrava em velocidade cruzeiro, ainda que o Rio Ave tenha revelado sempre uma pontinha de inconformismo, que obrigava os portistas a manterem a guarda bem posicionada. A vantagem alcançada, ao marcar dois golos num estádio onde o FC Porto só consentira quatro em toda a primeira volta, alimentava a ideia de poder conquistar pelo menos um ponto. Uma ideia a que Marcelo foi incapaz de dar expressão, falhando, a três minutos dos 90, o golo do empate, com um remate a rasar a barra de Casillas.

Alertado e, sobretudo, consciente de que o dia não estava para brincadeiras, o FC Porto decidiu então afastar-se da zona de sobressalto, em busca de maior conforto.

Nuno Espírito Santo iria tirar partido da juventude e da ambição portistas, faceta que normalmente evoca para explicar os problemas de eficácia. Mas, desta feita, a aposta em João Carlos Teixeira e em Rui Pedro não podia ter resultado melhor, com o médio a fabricar o lance e o avançado de 18 anos a fechar as contas na resposta imediata ao susto provocado pelo central vila-condense.

Uma resposta inequívoca que deixa o vice-líder na posição pretendida pelo treinador, a pressionar o Benfica, seja pela diferença provisoriamente reduzida a um ponto, seja pelo crescendo de forma de um “dragão” que soma agora 15 encontros sem conhecer o sabor da derrota. Números que alimentam as aspirações no campeonato, mas aumentam as reticências do lado da concorrência. Tal como planeado pelo técnico do FC Porto.     

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