Dois erros depois, a festa do 27.º título do FC Porto

Os “dragões” sagraram-se campeões com uma vitória, por 2-0, em Paços de Ferreira. Lucho e Jackson marcaram.

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Jackson Martínez festeja o seu golo em Paços Miguel Riopa/AFP

Não houve muito FC Porto, o Paços de Ferreira foi uma réplica gasta do que mostrou durante toda a época, o futebol das duas equipas alternou, quase sempre, entre o soporífero e o deprimente, mas quando o árbitro Hugo Miguel apitou pela última vez, tudo isso já tinha deixado de interessar e era passado. Vítor Pereira já estava aos saltos, os Super Dragões já tinham esticado uma faixa a dizer “campeões nacionais” e o tricampeonato estava garantido pelo FC Porto. Para a história, fica o resultado: 2-0, golos de Lucho e Jackson. O 79.º campeonato nacional é “azul e branco”.

Quando, no próximo sábado, Pinto da Costa for reconduzido para um 13.º mandato como presidente do FC Porto, terá no currículo 20 títulos de campeão nacional. O primeiro, desde que foi eleito como 33.º presidente portista, a 17 de Abril de 1982, foi conquistado na época de 1984-85, com oito pontos de vantagem sobre o Sporting. Curiosamente, fazendo a média dos pontos de avanço sobre o vice-campeão no final dos 19 campeonatos conquistados pelo FC Porto até este domingo, o resultado obtido são esses mesmos oito pontos. Ou seja, desde que Pinto da Costa é líder dos “dragões”, os adeptos “azuis e brancos” habituaram-se a festejar títulos com antecedência, sem emoções fortes ou apertos de última hora. A história da conquista do 27.º campeonato nacional do FC Porto foi diferente. Desta vez, foi preciso sofrer até ao minuto 23 da última jornada.

No longo reinado de 31 anos de Pinto da Costa, este domingo foi a terceira vez que os portistas chegaram aos últimos 90 minutos com necessidade de vencerem para garantirem o título. Nas duas anteriores, em 1985-86 e 2006-07, o FC Porto, apesar de uns ligeiros sustos, não fraquejou na “hora H”, mas, em ambas ocasiões, a partida decisiva foi em casa, frente ao último classificado da prova (Sporting da Covilhã e Desportivo das Aves, respectivamente). Desta vez, não houve “lanterna vermelha” pela frente nem o conforto de ser anfitrião. Para conquistarem um campeonato que, há um par de semanas, quase nenhum portista acreditava ser possível vencer, os “dragões” tinham que superar a equipa-sensação da prova.

Numa partida em que apenas jogava para um resultado – a vitória –, o FC Porto teria de ser autoritário e atacar a baliza de Cássio desde o apito inicial de Hugo Miguel. Sobre isso, nenhum portista tinha qualquer dúvida. Mas e o Paços de Ferreira? Com que atitude iria surgir em campo? Apesar da confiança inabalável em Lucho, Moutinho, James e Jackson, Miguel Nunes, de cachecol azul e branco no pescoço, roía as unhas enquanto assistia à chegada do autocarro da equipa da casa, hora e meia antes do início da partida e, entre dentes, dizia para o lado: “E se eles se venderam ao Benfica?”

E Miguel Nunes, já dentro do estádio, onde os portistas venciam por larga maioria, não deve ter gostado nada do que viu nos primeiros 20 minutos. Ao contrário do que era expectável, os jogadores do FC Porto estavam amorfos, quase inofensivos, e os do Paços, mesmo sem incomodar Helton, pareciam ter a lição bem estudada, amarrando as peças-chave “azuis e brancas”. Mas o nervosismo daquele espectador e restantes portistas terminou no minuto 23, quando, em apenas uma jogada, dois erros resolveram todos os problemas do FC Porto: um atraso disparatado do pacense Luiz Carlos isolou James, o colombiano, com Ricardo por perto, caiu e Hugo Miguel apontou para a marca de grande penalidade.

A existir falta, seria fora da área, mas o defesa pacense foi expulso e Lucho não desperdiçou a benesse. Com um duplo erro (de Luiz Carlos e Hugo Miguel), os portistas passavam para a frente, o Paços ficava em inferioridade numérica e as dúvidas acabavam: a festa do 27.º título do FC Porto, o 20.º de Pinto da Costa, segundo de Vítor Pereira, podia começar.

Seguiram-se 70 minutos dignos de um jogo de pré-época, mas houve tempo para Miguel Nunes festejar mais dois golos: aos 43’, quando o Moreirense marcou na Luz e aos 51’, quando Jackson fez o 26.º golo no campeonato. Depois, foi a festa “azul e branca” no relvado, a entrega da taça e Vítor Pereira. Quando todos os jogadores portistas já tinham recolhido aos balneários, o treinador continuava junto às bancadas, a agradecer aos adeptos. “Obrigado por tudo, Vítor”, atirou um, com a camisola de Lucho vestida, entre sorrisos.

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