“Estupidez”, diz Luciano Spalletti sobre a carta dos adeptos do Zenit

O treinador do Zenit São Petersburgo rejeita o pedido de que não haja jogadores negros ou homossexuais na equipa.

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O manifesto dos adeptos do Zenit é uma “estupidez”, diz Spalletti Alexander Demianchuk/Reuters

“Não somos racistas, mas vemos a ausência de jogadores negros no Zenit como uma tradição importante” – assim começava a carta que o grupo de adeptos Landscrona, o maior do campeão russo, Zenit São Petersburgo, tornou pública na segunda-feira e na qual pedia ao clube que se abstenha de contratar futebolistas negros ou homossexuais.

A resposta do clube surgiu nesta terça-feira. O treinador Luciano Spalletti chamou-lhe “estupidez” e o director desportivo do Zenit, Dietmar Beiersdorfer, garantiu que o clube não tem qualquer política de recrutamento de jogadores com base em critérios de origem, religião ou cor de pele.

“Fazemos a selecção dos nossos jogadores sem qualquer limitação no que diz respeito à sua origem, religião ou cor de pele. O objectivo do clube é ganhar o campeonato russo e ser altamente competitivo nas competições internacionais. Não temos no Zenit qualquer política que limite a selecção de jogadores de forma tão superficial”, vincou Beiersdorfer.

Spalletti optou por uma mensagem de tolerância: “Temos de ser capazes de compreender e aceitar as diferenças. Ser tolerante também é combater qualquer tipo de estupidez”, afirmou o treinador italiano, prometendo que o clube se vai empenhar em iniciativas de combate à xenofobia e ao racismo.

“Creio que o Zenit já provou pelo seu trabalho que compreende o que é a tolerância, e o que significa ter um comportamento tolerante. A equipa reúne jogadores de diferentes países e grupos étnicos, que trabalham em conjunto para alcançar um objectivo comum. E trabalham bem. O esforço combinado dos jogadores traduz-se em resultados tangíveis. Trabalhámos todos em conjunto para obter resultados importantes”, acrescentou Spalletti.

O grupo de adeptos Landscrona pedia ao Zenit que não incluísse jogadores negros ou de “minorias sexuais” na equipa. “Só queremos jogadores de outras nações-irmãs eslavas, como a Ucrânia e a Bielorrússia, assim como dos Estados bálticos e Escandinávia. Temos a mesma mentalidade e partilhamos um contexto histórico e cultural com estas nações”, podia ler-se no manifesto dos adeptos.

De acordo com as agências internacionais, o internacional francês Yann M’Vila, filho de pai congolês, recusou em Agosto uma proposta do Zenit, por ter recebido ameaças de morte.

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