Espionagem no desporto ao melhor estilo de Hollywood

Selecção da Nova Zelândia descobriu microfone numa sala de reuniões, antes de um jogo contra a Austrália. Caso reavivou controvérsia.

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A rivalidade entre Austrália e Nova Zelândia tem também sido fértil fora do terreno de jogo JASON REED/REUTERS

Podia ser um belo argumento de um filme de Hollywood, mas é uma situação bem real: a selecção de râguebi da Nova Zelândia, que na semana passada esteve na Austrália para a primeira jornada do torneio “Rugby Championship”, encontrou, na sala de reuniões de um hotel de Sydney no qual estava hospedada, um microfone suspeito. A sala era utilizada para as palestras e o aparelho, descrito pela imprensa neozelandesa como “sofisticado” e “similar aos usados pelos serviços secretos”, estava colocado numa cadeira.

“Estamos a levar esta questão muito a sério. Houve uma palestra da equipa naquela sala e, se o aparelho estivesse a funcionar bem, então alguém ouviu. Informámos a Federação de Râguebi da Austrália (ARU) e juntos decidimos entregar a investigação à polícia australiana’, referiu aos jornalistas Steve Tew, director executivo da federação neozelandesa.

Rivais eternos, poder-se-ia pensar que o microfone foi colocado naquela sala por alguém ligado à selecção australiana, mas isso já foi desmentido. “Isso é completamente ridículo, assim como é ridículo microfones serem colocados em salas de palestras de equipas. Não sei como isso pode acontecer”, referiu o director executivo da ARU, Bill Pulver, em declarações à cadeia de comunicação neozelandesa NZME.

Na Austrália, o que se acha estranho é o facto dos neozelandeses só terem dado a conhecer a situação cinco dias depois de ela ter ocorrido, tendo-o feito, nada mais, nada menos, que no dia do jogo. Se a intenção dos neozelandeses era distrair os Wallabies, conseguiram-no: os All-Blacks venceram os rivais por esclarecedores 42-8.

Acusações de longa data

A questão da espionagem é uma verdadeira obsessão na selecção da Nova Zelândia, ao ponto do seleccionador Steve Hansen e o seu staff verificarem regularmente os seus quartos de hotel à procura de microfones. “É algo que fazemos de tempos em tempos por razões evidentes”, disse o adjunto de Hansen, Ian Foster, citado pela agência AFP.

As queixas de espionagem por parte da Nova Zelândia começaram em 2005, quando, antes de defrontaram a Inglaterra, em Londres, acusaram os ingleses de terem um cameramen camuflado a filmar os seus treinos, algo desmentido pelo próprio seleccionador inglês de então, Andy Robinson: “Afirmo categoricamente que a Inglaterra não está envolvida em espionagem, em nenhuma das suas formas. As acusações foram feitas mas eu desminto totalmente”.

Um ano depois, antes de um jogo em Brisbane, frente à Austrália, a contar para o Torneio das Três Nações, foi a vez de os australianos serem acusados pelos neozelandeses de observarem os treinos. Chegaram à pedir à polícia que vigiasse o local de treinos. A partir daí que a Austrália diz que a Nova Zelândia tem uma paranóia com a espionagem. Logo na altura, em 2006, um dos treinadores australianos, Scott Johnson, chegou a andar com uma t-shirt que, em tom provocador, tinha escrito: “A paranóia pode ser tratada”.

Em 2015, no Mundial de Inglaterra, novamente suspeitando dos australianos, a Nova Zelândia tapou o campo de treinos com vedações muito altas, que impediam qualquer “espião” de ver o quer que fosse.  Mas os All-Blacks não são a única selecção queixosa. Pela Internet encontram-se histórias de várias situações envolvendo pessoas camufladas, fotógrafos em arbustos e até, imagine-se, drones.

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