A Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Benfica vai financiar-se em 45 milhões de euros, através de um empréstimo obrigacionista, mas isso não evitará que o clube venha a vender alguns jogadores. No entanto, o administrador da SAD do Benfica, Domingos Soares de Oliveira, descansou os adeptos: “Quando saíram o Javi García e o Witsel foram traçados cenários negros, mas demonstrámos capacidade de reposição. O Matic chegou como um desconhecido e agora é o jogador que é, e o Enzo Pérez é um elemento crítico da equipa”, disse nesta terça-feira.

“Temos conseguido identificar jogadores de topo numa fase inicial de desenvolvimento. O factor sorte é sempre importante, mas dá um certo trabalho. Cada vez acertamos mais, porque temos vindo a melhorar no processo de selecção. E temos feito excelentes negócios”, acrescentou o mesmo responsável. Sobre as transferências que o Benfica poderá vir a fazer, Soares de Oliveira confessou: “Não creio que possa haver jogadores a sair abaixo do valor da cláusula de rescisão”.

Pelo empréstimo obrigacionista que vai lançar nesta quarta-feira, dia 10 de Abril, a SAD do Benfica vai pagar uma taxa de juro de 7,25%. As obrigações “Benfica SAD 2016” estarão disponíveis para subscrição entre 10 e 23 de Abril, e o reembolso do capital investido terá lugar em 29 de Abril de 2016. “É uma taxa equilibrada e atractiva para os investidores”, sublinhou o administrador da SAD do Benfica, explicando que os 7,25% estão “acima da taxa média [paga] pelo Benfica, que estava próxima dos 6,5%”.

“Temos tentado diversificar as nossas fontes de financiamento”, admitiu Domingos Soares de Oliveira, recordando as dificuldades no acesso ao crédito que se fazem sentir actualmente. “[O recurso a empréstimos obrigacionistas] é uma alternativa interessante, até porque não há negociação directa com o banco A, B ou C”, acrescentou. Na anterior emissão obrigacionista, a SAD “encarnada” pagou 6% de juros, uma diferença que o dirigente explicou com as “alterações de mercado”.

A SAD do Benfica ficou com uma “reserva de 35 milhões” para futuras emissões, notou Domingos Soares de Oliveira, já que a assembleia geral tinha autorizado endividamento “até ao montante máximo global de 80 milhões, para reestruturação da dívida”. “Mas não temos necessidade de contrair mais dívida no curto prazo. As necessidades de tesouraria estão preenchidas até 2013-14”, esclareceu.

De olho na China
O administrador da SAD “encarnada” falou ainda sobre a entrada em vigor das regras da UEFA sobre o fair play financeiro: “O Benfica tem cumprido os critérios. Estamos bem enquadrados no que diz respeito ao custo da massa salarial em relação ao total de proveitos”.

A estratégia do clube passa por explorar os direitos televisivos, continuar a rentabilizar jogadores e apostar na internacionalização. Nesse aspecto, Soares de Oliveira revelou que, após a viagem à Índia enquadrada na visita oficial do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, a SAD benfiquista procurará investidores na China. A procura de novos mercados passa também por África, em particular os países ex-colónias portuguesas, e as Américas do Sul e do Norte.

Sobre a Benfica TV, e sem se alongar muito, Domingos Soares de Oliveira admitiu que a sociedade está “a falar com todos os distribuidores”. “Estamos a fechar o processo. Esta é uma fase crítica de negociações e, a partir de Maio, passaremos à implementação dos mecanismos de facturação”. “Queremos estar presentes em todas as plataformas” operadoras de televisão por cabo, concluiu.