Eden Hazard marcava golos quando ainda estava na barriga da mãe

Futebolista belga do Chelsea foi eleito pelos companheiros de profissão como o melhor jogador do ano em Inglaterra

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Andrew Winning/Reuters

Se o património genético tem influência para determinar quem vinga e quem não vinga no futebol, Eden Hazard esteve desde o berço numa posição privilegiada para ser um dos grandes. O jovem belga cresceu num ambiente em que se respirava futebol e foi encorajado a desenvolver o seu talento. Os resultados estão à vista: foi eleito jogador do ano em Inglaterra, numa votação em que participaram os futebolistas profissionais, e prepara-se para celebrar o título de campeão pelo Chelsea. José Mourinho já disse que Hazard pode ser “um dos melhores da sua geração”. O que não é coisa de somenos, vindo de quem vem.

“Esta época tenho jogado muito bem, e o Chelsea tem jogado muito bem. Não sei se mereço ganhar [este troféu], mas foi muito bom para mim. É melhor ser votado pelos jogadores, porque percebem tudo sobre futebol. É bom e estou muito feliz”, reagiu Hazard quando recebeu o galardão atribuído pela Associação de Futebolistas Profissionais. Palavras que confirmam um traço de personalidade que lhe é apontado por quem o conhece: a humildade. “Ele é um miúdo, mas sabe que é um dos três melhores futebolistas do mundo e está a lidar com essa responsabilidade. Trabalhei com muitas estrelas nos clubes por onde passei e ele é a estrela humilde”, disse recentemente Mourinho.

Eden Hazard é o mais velho de quatro irmãos que sempre tiveram o futebol a correr-lhes nas veias: tanto o pai Thierry como a mãe Carine (que se conheceram num estádio) jogaram futebol – ele actuou como médio defensivo na segunda divisão belga e ela era atacante num emblema do principal escalão. Carine jogou entre os 20 e os 26 anos e só parou quando já estava grávida de três meses. “O Eden começou a marcar golos ainda dentro da minha barriga”, gracejava em 2011, numa conversa com o jornal francês Le Parisien.

A família mudou-se de La Louvière para Braine-le-Comte quando Eden era ainda muito jovem. A nova casa dos Hazard ficava literalmente ao lado do campo de futebol da terra e o craque do Chelsea começou naturalmente a jogar pelo clube local. Não tardou a despertar atenções: primeiro do Tubize e depois dos franceses do Lille, para onde se mudou aos 14 anos. Estreou-se pela equipa principal passados dois anos e aos 17 vestia pela primeira vez a camisola da selecção belga. “Foi estranho jogar, estou mais habituado a vê-los na televisão”, confessaria Hazard, que anos mais tarde viria a contar que a França tentara seduzi-lo, mas a sua resposta foi taxativa: “Sinto-me 99% belga e 1% francês, mas a ideia de ter nacionalidade francesa nunca me passou pela cabeça.”

A evolução foi contínua no Lille, pelo qual conquistou o título de campeão francês e a Taça de França em 2010-11, para além de ter sido distinguido duas vezes como melhor jogador jovem do futebol francês. As suas exibições e golos colocaram-no no radar dos maiores clubes da Europa e o Chelsea ganhou à concorrência quando em 2012 colocou 32 milhões de libras (44,7 milhões de euros, ao câmbio actual) em cima da mesa. “Estou encantado por chegar. Estou num clube maravilhoso e mal posso esperar para começar”, dizia à chegada a Londres. Logo na primeira época, com Rafa Benítez, venceu a Liga Europa.

De então para cá foi a história que se sabe. Eden Hazard tem brilhado intensamente na Liga inglesa e tornou-se numa peça essencial para José Mourinho: o belga foi titular em todos os 33 jogos disputados pelo Chelsea na presente temporada na Premier League e já apontou 13 golos, contribuindo de forma decisiva para o iminente regresso dos blues aos títulos de campeão (o emblema londrino já conquistou este ano a Taça da Liga inglesa). No início deste ano o Chelsea precaveu-se e renovou o contrato de Hazard, que passou a ser válido até 2020. Até que ponto isso poderá dissuadir a cobiça alheia não se sabe, mas Mourinho já lançou o recado aos candidatos. Quem quiser levar o internacional belga vai ter de ser generoso e abrir os cordões à bolsa: “[Hazard vale] uns 100 milhões de libras (140 milhões de euros)... 100 milhões por cada perna.”

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