Durante a última época, Jorge Jesus não se sentiu “desejado” no Benfica

Novo treinador do Sporting revelou que teve propostas vantajosas do estrangeiro. Quer lutar pelo título e disse que William “vai jogar mais”.

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Jorge Jesus Paulo Pimenta

Numa longa entrevista em que falou de quase tudo, Jorge Jesus admitiu estar “muito entusiasmado” com o projecto do Sporting, reafirmou a candidatura ao título de campeão nacional e revelou alguns detalhes sobre a sua saída do Benfica. “Não dava para imaginar, quando acabou a temporada, que eu poderia ser treinador do Sporting. Foi tudo muito rápido, aconteceu de um dia para o outro. Neste último ano não me senti desejado no Benfica. Apareceu um clube que me desejava e fui para o Sporting. Sei perfeitamente quando sou desejado ou não. Em dois dias decidi”, recordou o técnico no programa Play-off, da SIC Notícias, acrescentando: “Terminava o meu contrato. Ou ficava ou saía, não havia outra solução. E acabei por sair. Vou ter mais trabalho, porque uma coisa é ser treinador de uma equipa vários anos, outra é entrar num clube que desconheces. Entro às 7h na academia e saio às 20h ou 21h.”

Jorge Jesus esclareceu que o Benfica não lhe propôs reduzir o salário. “Se quisesse continuar no Benfica, a minha condição salarial era igual aos outros anos. Não era esse o problema”, afirmou o treinador, descartando também que a decisão “não teve nada a ver com a mudança da política desportiva do Benfica”. “Sabes perfeitamente quando as pessoas te querem”, reafirmou. “Tinha outras propostas, de bons clubes, para fora de Portugal. Não eram clubes que normalmente lutam para ganhar a Liga dos Campeões, mas ofereciam-me seis ou oito milhões líquidos. Jorge Mendes não me apresentou só propostas do Qatar, apresentou também dos melhores quatro clubes italianos. Se eu quisesse, tinha ido. Milan, Inter, Nápoles e Roma...”

Sobre o relacionamento com Bruno de Carvalho, o novo treinador dos “leões” disse que o presidente do Sporting “está acima de toda a gente”. “O que eu pedi foi sempre em sintonia com ele. Se o presidente do Sporting entender que deve ir para o banco, vai. Ele é que decide. Estou-me a relacionar muito bem [com Bruno de Carvalho]. É uma pessoa muito apaixonada, parecido comigo”, confessou Jorge Jesus, elogiando ainda Octávio Machado, que vai assumir a direcção do futebol “leonino”, pela sua “experiência e sabedoria”.

“Ninguém pode ir treinar o Sporting e não se assumir como candidato ao título. Pela história e cultura do Sporting, tem de se assumir, não há outro caminho”, sublinhou Jorge Jesus, estabelecendo ainda outros objectivos para a temporada: “O play-off da Champions é muito importante, desportiva e financeiramente. A Supertaça é o primeiro título, é especial por isso e não por ser contra o Benfica”. A dinâmica atacante da equipa será idêntica àquela exibida pelo Benfica sob a liderança do técnico. “A ideia vai ser a mesma, depois o que define isso é o modelo de treino, o modelo de jogador e a ideia de jogo. Isto parece muito fácil, mas depois é muito complicado”, disse.

O plantel dos “leões” está em construção e Jorge Jesus fez questão de “olhar para todos os jogadores do Sporting”. Questionado sobre os futebolistas formados na academia de Alcochete, o técnico vincou que continua a haver jogadores jovens com qualidade: “Em três dias consegui perceber que isso é uma realidade. Há dois jovens que, de certeza, vão fazer parte do plantel”. Quanto a reforços, Jesus admitiu que chegarão “no máximo cinco e no mínimo três”. “O Sporting já perdeu dois titulares, Nani e Cédric. Vamos fazer uma equipa com qualidade para disputar o título. Bryan Ruiz já estava a ser negociado quando cheguei. Wolfswinkel é uma hipótese, mas há outras prioridades à frente dele. Quaresma é um bom jogador, mas é impossível vir para o Sporting”, admitiu. Sobre William Carvalho, o treinador dos “leões” foi cristalino: “Comigo vai jogar mais.”

Jorge Jesus não quis alongar-se sobre Marco Silva, mas rebateu as críticas de que foi alvo por ter assinado pelo Sporting antes da desvinculação do treinador anterior. “Fui contratado pelo Sporting quando a época acabou. Todos os treinadores, quando acaba a época, têm conversações. Da minha parte acho que não houve nada de deselegante”, frisou.

Do Benfica, Jesus disse que tem “uma máquina oleada com todas as possibilidades de partir melhor [no campeonato]”. “Não tive tempo de me despedir dos jogadores do Benfica e quero agradecer-lhes pelos títulos que conquistámos”, concluiu

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