Dois velhos conhecidos com um novo objectivo
Bélgica e País de Gales discutem o acesso às meias-finais do Euro 2016.
País de Gales e Bélgica voltam a encontrar-se para discutir, em Lille, o acesso à meia-final do Euro 2016, fase em que encontrarão Portugal, já na quarta-feira, dia 6, em Lyon. Em confronto, para além de duas nações que se conhecem intimamente – fruto dos “duelos” da fase de qualificação para o torneio – estão os estilos distintos que encarnam. E, ultimamente, parecem condenados a anular-se.
Ainda assim, duas posturas profusamente consagradas nesta demanda por terras francesas em busca do Santo Graal. Mais para os britânicos, que, juntamente com os islandeses, recusam deixar-se abater pelo facto de se apresentarem com credenciais de meros estreantes na prova, especialmente agora, frente aos belgas, segundos do ranking FIFA, apenas atrás da Argentina.
Estatuto menor, mas que para os galeses funciona como autêntico tónico. Uma aparente mas indispensável vantagem para contrabalançar a assinalável competência do futebol belga, associada a uma invejável componente artística, pormenor que fará pender a balança para o lado de Marc Wilmots na hora de eleger um favorito.
Isto se desprezarmos os aspectos práticos dos últimos confrontos, em que o País Gales até se saiu bem melhor, empatando na Bélgica e vencendo em casa com um golo de Gareth Bale. Aos belgas bastou a liderança final do grupo que conduziu as duas selecções a França, com dois pontos de vantagem sobre os indómitos galeses.
Coroa que parece brilhar com mais intensidade depois dos quatro golos sem resposta frente à surpreendente Hungria, a colocar um selo de garantia extra na passagem da Bélgica ao G8 deste Europeu, com os “diabos vermelhos” a revelarem a sua faceta verdadeiramente demoníaca, apesar de as baixas - Vermaelen está suspenso e Vertonghen lesionado – na linha defensiva poderem sinalizar uma fenda a testar pelo poder de fogo dos “dragões vermelhos”.
Titular nos quatro jogos da Bélgica, o lateral esquerdo Jan Verthongen lesionou-se num tornozelo a escassas horas do jogo de Lille. A confirmar-se o pior cenário, o defesa do Tottenham – que deveria ocupar a vaga do castigado Vermaelen no eixo defensivo – obrigará Wilmots a reformular a defesa com Denayer e Jordan Lukaku a juntarem-se a Meunier e Alderweireld.
Neste plano, Chris Coleman teve também o seu quinhão de incerteza, com a lesão do “capitão” Ashley Williams a alimentar as dúvidas – já dissipadas - relativamente ao pilar da equipa. O próprio Ashley garantiu, depois de alguns receios, estar em forma para acompanhar as movimentações das estrelas belgas. "Hazard é um dos melhores do mundo, cria e marca golos. Está numa forma incrível. Conheço bem Hazard e Lukaku e não os posso perder de vista um segundo”.
Chris Coleman, também em conferência de imprensa, verificou a disponibilidade do central. “O Ashley participou em todos os treinos. Posso parecer antiquado, mas precisamos de líderes, mesmo tendo um grande balneário. O Ashley nunca me desiludiu".
Em relação aos belgas, Coleman trata de reconhecer a indesmentível qualidade dos “diabos vermelhos”, opinião sancionada pelos quatro encontros recentes em fase de qualificação para o Brasil 2014 e França 2016. “Disputámos algumas boas partidas com a Bélgica, que possui uma das melhores equipas do mundo. Respeitamos isso, tal como eles saberão respeitar a nossa capacidade”, sintetizou o treinador.
Do lado belga, Wilmots e Hazard mostraram-se confiantes. O avançado do Chelsea – condicionado desde o jogo com a Hungria - sentiu-se bastante melhor depois do teste físico a que se submeteu, transmitindo o desejo de defrontar os galeses, que classificou como “um forte bloco defensivo com mega-estrelas no ataque”.
Já Marc Wilmots, a quem as contas para a defesa parecem ter saído furadas com a lesão de Verthongen, confirmou os problemas enquanto fez cálculos sobre as estatísticas dos últimos confrontos com o País de Gales. Contas rápidas em que Wilmots não detecta uma superioridade evidente de nenhuma das selecções, pelo que volta à defesa e às opções que diz possuir para resolver um problema a que Gareth Bale estará particularmente atento.