Dia sim para Latvala, dia não para Ogier

Uma das especiais de Ponte de Lima foi cancelada mas não mexeu com a tendência do Rali de Portugal.

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Latvala lidera o Rali de Portugal Francisco Leong/AFP

Jari-Matti Latvala (Volkswagen) nunca foi além do terceiro lugar no Rali de Portugal (resultado obtido em 2011 e 2013), mas neste sábado sairá para a estrada, na segunda jornada da prova, como líder da classificação. Nesta sexta-feira, num dia atribulado, em que o programa teve de ser alterado por força dos incêndios florestais que afectaram Ponte de Lima, o piloto finlandês mostrou mais solidez do que a concorrência. “Foi uma grande jornada. Começámos com prudência e depois fomos aumentando o ritmo e decidimos atacar”, resumiu.

Teimoso, meticuloso e persistente. Em traços gerais, é assim que Latvala se define. No segundo dia do Rali que neste ano regressa ao Norte — e que no Minho voltou a ter uma adesão em massa do público —, o finlandês que tem os compatriotas Henri Toivonen e Juha Kankkunen como referências no Mundial da especialidade (WRC) foi segundo em duas especiais e noutras duas (PEC4 e PEC7), confirmando a força da Volkswagen e o equilíbrio que reina dentro da equipa.

Foi sob uma aura de incerteza que arrancou o dia. O incêndio que deflagrara na véspera ainda fazia mossa em Ponte de Lima e as dúvidas sobre a realização da PEC2 arrastaram-se até à última hora: a especial acabou mesmo neutralizada após a p1assagem de 32 carros, com os principais pilotos a completarem todo o itinerário matinal. O cenário não melhorou à tarde e a PEC5 acabaria por ser anulada, sem que tivesse alterado a tendência da prova.

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De resto, Latvala soube tirar partido do facto de ter sido o nono a sair para a estrada, beneficiando da limpeza dos carros da frente, entre os quais se encontrava o campeão do mundo e habituée nos triunfos em Portugal, Sébastien Ogier. Líder do campeonato, o francês da Volkswagen foi forçado a abrir os troços e pagou um preço elevado, terminando o dia no sexto lugar, a 25,9 segundos do líder. “Foi um dos piores troços que já fiz a abrir. Inacreditável”, comentou Ogier, vencedor das três primeiras provas do Mundial, em Monte Carlo, Suécia e México.

E se é verdade que o sucessor de Sébastien Loeb na pele de menino bonito do automobilismo francês ficou aquém das expectativas, também é certo que a Volkswagen continua a dar cartas. Andreas Mikkelsen perdeu gás face à superespecial de Lousada, mas aguentou-se, ainda assim, no pódio, com o Citroën de Kris Meeke a intrometer-se entre os dois. A equipa francesa parece ser a única capaz de oferecer alguma resistência neste rali, já que a Ford tem em Ott Tanak uma ameaça relativa nesta altura da prova — Elfyn Evans foi forçado a abandonar com problemas eléctricos no seu Fiesta RS.

“Cometemos um erro com a escolha de pneus da parte da tarde. A estrada estava mais pedregosa do que prevíamos”, lamentou Meeke, que foi quarto nas duas últimas classificativas mas conseguiu, apesar de tudo, andar sempre próximo do líder.

Opção menos feliz foi a de Thierry Neuville (Hyundai), o único piloto a utilizar pneus duros, uma opção que o deixou no nono lugar e já a 1,08s da frente. O belga justificou desta forma a decisão: “Tentei poupar os macios para amanhã. Perdi um pouco mais de tempo do que esperava. Vou tentar recuperar”, afirmou o sexto classificado do campeonato.

Sábado “muito longo”
Com seis especiais previstas para sábado (duas passagens por Baião, Marão e Fridão) será um sábado determinante para Latvala e companhia. E o finlandês está consciente de que há muito trabalho pela frente para alcançar a 13.ª vitória da carreira e a primeira da temporada. “Espero conseguir manter o andamento durante o dia de amanhã, que seria muito bom para as nossas aspirações no campeonato, mas vai ser um dia muito longo”, assinalou.

Quanto a Ogier, não atira a toalha ao chão, ainda que reconheça que terá mais obstáculos para contornar do que aqueles que esperaria por esta altura. “Nesta última especial o piso estava em melhores condições do que na primeira passagem, que foi terrível para os pneus. Amanhã, com um ou dois carros na frente, seria bom, mas quando temos o líder tão atrás, é mais complicado. Vai ser muito duro”, antecipou.

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