O “jogo mais importante do ano” deixou o FC Porto perto do KO

"Dragões" perderam em casa com o Dínamo Kiev (0-2) e estão obrigados a vencer em Londres para não dependerem de terceiros.

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Francisco Leong/AFP

A duas jornadas do fim da fase de grupos da Liga dos Campeões bastava um ponto para o FC Porto garantir o apuramento para os oitavos-de-final, mas dentro de três semanas, quando os “dragões” entrarem em Stamford Bridge para defrontarem o Chelsea de José Mourinho, Julen Lopetegui terá uma certeza: apenas uma vitória sobre os londrinos garantirá ao espanhol, independentemente o resultado do Dínamo Kiev-Maccabi, um lugar no top-2 do Grupo G. A reviravolta nas contas dos portistas, que pareciam ter via aberta para a qualificação, surgiu depois de uma derrota com uma prestação paupérrima contra o Dínamo Kiev (0-2). Os golos de Yarmolenko e Derlis González ditaram o primeiro desaire da época do FC Porto.

O presidente do Dínamo Kiev afirmou, antes de viajar para o Porto, que a sua equipa teria no Estádio do Dragão o “jogo mais importante do ano”. Confrontado com as declarações do dirigente ucraniano, Lopetegui concordou, colocou o mesmo peso para o lado portista e disse esperar “uma resposta séria” da sua equipa. “Quando fazemos bem as coisas, somos fortes”, acrescentou. O FC Porto, no entanto, fez quase tudo mal e deixou que o Dínamo tornasse o “dragão” num concorrente fraco.

Após a folga dada por Lopetegui a praticamente todos os habituais titulares no fim-de-semana nos Açores, no jogo com o Angrense, na Taça de Portugal, os principais trunfos voltaram ao “onze”, mas pela primeira vez o treinador espanhol deixou André André fora dos titulares na Liga dos Campeões. Sem o internacional português, habitual patrão do meio-campo “azul e branco”, o sector ficou entregue a Danilo, Imbula e Rúben Neves. Com isso, o FC Porto ganhou músculo e poder de choque, mas perdeu criatividade e presença na área ucraniana.

Invicto em casa nas competições europeias desde Outubro de 2013, o FC Porto foi superior no primeiro quarto de hora, mas o tradicional futebol lateralizado e lento da equipa de Lopetegui resultou numa mão-cheia de nada e, depois de medir o pulso ao rival, o Dínamo começou a ganhar confiança. Obrigados a vencerem para se manterem na luta pelo apuramento, os ucranianos aos poucos foram assumindo o controlo do jogo e deixaram a primeira ameaça aos 25’, com um remate de Derlis que Casillas defendeu para canto. O aviso não foi suficiente para acabar com a letargia portista e, apenas três minutos depois, Garmash (cabeceou ao poste) e Junior Moraes (com a baliza aberta rematou ao lado) fizeram o mais difícil: manter o resultado a zero. O Dínamo ameaçava e acabou mesmo por chegar ao merecido golo. Aos 35’, Rybalka foi tocado na área por Imbula, o árbitro assinalou penálti e, na marcação, Yarmolenko, de pé esquerdo, fez o 1-0.

Com um meio-campo inoperante ofensivamente e dois extremos (Tello e Brahimi) inofensivos, a bola não chegava a Aboubakar e o intervalo chegou com a tradicional superioridade na posse de bola do FC Porto (55%), mas superioridade evidente nos remates à baliza por parte do Dínamo: nove contra cinco.

Após o falhanço absoluto estratégico na primeira parte, Lopetegui, com uma substituição, mexeu em quase tudo na retaguarda. Com a entrada de André André para o lugar de Maxi, Layún foi para lateral direito, Indi para a esquerda e Danilo Pereira para central. Os problemas, na frente, mantiveram-se. Apesar da boa vontade e esforço de André André, Tello e Brahimi nunca criaram os desequilíbrios necessários e o Dínamo tapava facilmente os caminhos para a baliza do quarentão Shovkovskiy e era Casillas que continuava a ter mais trabalho. Aos 62’, o guarda-redes ainda evitou que Garmash fizesse o 2-0, mas, dois minutos depois, Derlis correu sem oposição em direcção à baliza e, apesar de ter rematado fraco, o ex-benfiquista contou com a ajuda de Casillas para repetir um feito que já tinha conseguido na época passada, pelo Basileia: marcar ao FC Porto.

Perto do KO após 22 jogos sem perderem em casa, os portistas conseguiram finalmente criar algum perigo — Rybalka acertou no ferro e quase marcou na própria baliza, antes de André André rematar ao poste —, mas o desastre já era inevitável. Para se qualificar, o FC Porto tem agora que ganhar em Londres, na última jornada do Grupo G. Se empatarem ou perderem com o Chelsea, os “dragões” precisam de um pequeno “milagre”: um empate ou derrota do Dínamo frente ao frágil Maccabi.

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