Danny Pate, o primeiro hipster

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Danny Pate, ciclista da Sky DR

Numa gélida noite em Barr Trail, um enclave montanhoso no Colorado, um grupo de amigos debatia, entre gargalhadas, uma pertinente questão: poderia um ciclista profissional usar um bigode tão em voga na corrente hipster? Diante do fino traço em cima do lábio, crescido durante as férias dedicadas ao snowboard, David Pate hesitava. Os seus antepassados velocipédicos tinham disseminado a teoria de que bigodes e ciclismo não combinavam. Mesmo assim, resolveu arriscar.

No início de 2013, chegou à concentração da Sky com o novo visual. Recebido com risadas, o primeiro norte-americano a assinar pela formação britânica viu o bigode dar-lhe sorte. Em Maio, voltou ao Giro, uma paixão antiga que alimentava desde os 21 anos, quando ainda praticamente imberbe tinha assinado pela emblemática Saeco de Mario Cipollini. Mas a experiência na equipa italiana não correu bem e um ano depois, em 2001, voltava pela porta pequena aos Estados Unidos.

O título de campeão mundial de contra-relógio sub-23 não foi suficiente para chamar a atenção das grandes equipas. Durante sete épocas, andou perdido em formações nacionais, aparecendo esporadicamente com bons resultados em provas europeias. A falta de oportunidade, garantia, devia-se à concorrência desleal de “batoteiros”, que recorriam ao doping para obter resultados.

Só em 2008, com as cores da Garmin, se estrearia nas grandes equipas do ciclismo. No primeiro Tour, chegou a ser terceiro numa etapa, mas as outras participações seriam bem mais modestas (em 2009 e 2011, já na HTC-Highroad, onde trabalhou para a camisola verde de Mark Cavendish). Apesar de não ter vitórias para acenar na hora de discutir contratos, despertou a atenção da poderosa Sky. Os britânicos viram nele qualidades inegáveis. "É considerado um dos corredores mais trabalhadores do pelotão”, pode ler-se numa descrição na página da equipa. A generosidade e a firmeza no trato valeram-lhe uma chamada para a guarda de honra do Chris Froome neste Tour. O líder falhou, mas Pate, já sem o bigode hipster, não podia estar mais feliz por estar de novo na maior das provas do ciclismo.

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