Da NBA a uma cafetaria: como destruir 100 milhões de dólares

Vin Baker foi uma mega-estrela do basquetebol, mas desbaratou a fortuna que acumulou.

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Vin Baker nos Celtics Reuters

Como destruir 100 milhões de dólares? Poderia ser o título de um filme produzido em Hollywood, mas não. É um enredo bem real e tem como protagonista uma antiga estrela da NBA, Vin Baker. Um atleta que acumulou uma fortuna ao longo da carreira, mas que não conseguiu geri-la e luta agora para sobreviver.

Brilhou na década de 1990 nos Milwaukee Bucks, Seattle SuperSonics, Boston Celtics, New York Knicks, Houston Rockets e LA Clippers. Foi seleccionado quatro vezes para o All Star Game, foi campeão do mundo em 1999 e campeão olímpico um ano depois, em Sidney. Ao longo de 13 anos na alta roda da Liga mais mediática do mundo do basquetebol, Baker acumulou uma fortuna à volta dos 100 milhões de dólares – 91 milhões de euros. Mas tudo o vento levou. Num ápice, o ex-extremo/poste perdeu tudo e hoje em dia trabalha na rede Starbucks, em Rhode Island.

“Quando somos responsáveis por escolhas e decisões, começamos a gastar sem parar. É uma fórmula para perder dinheiro. Se não há perspectiva na vida pessoal e não entendemos o significado de um dólar ou de 15 milhões de dólares... Quando se ganha 100 milhões de dólares é fácil esquecer Deus. Quando cheguei ao fundo do poço, foi nesse momento que encontrei a palavra de Jesus", afirmou Baker, em entrevista ao Providence Journal.

A falta de responsabilidade com que lidava com o dinheiro não era, porém, o único problema do antigo jogador. "Tinha problemas com bebidas alcoólicas, perdi uma fortuna e desperdicei o talento que tinha. Poderia ter acabado preso ou morto. É por norma assim que este tipo de histórias termina. Insisto, é importante estar rodeado das pessoas certas, alguém da nossa absoluta confiança. Alguém que diga: 'Estás errado, não compres isso'", acrescentou.

Parte da ruína de Vin Baker começou quando decidiu investir em negócios que se transformaram em pesadelos, como um restaurante que abriu em 2005 e que se chamava “Saybrook Fish House de Vinnie". “Quando se é alcoólico, o pior negócio a fazer é ter um restaurante. Não queiras ter um restaurante quando és dependente de bebidas alcoólicas”, aconselha.

Aos 43 anos, sem dinheiro e com quatro filhas para cuidar, não restou ao antigo basquetebolista outra alternativa. “Tenho de agarrar na minha história e partilhá-la com outras pessoas. É possível recuperar. Se utilizar a minha notoriedade, as pessoas vão olhar para mim e pensarão: ‘É possível dar a volta por cima’. É heróico trabalhar como gerente do Starbucks e sustentar a minha família. O espectáculo tem de continuar. Acreditem ou não, é mais gratificante trabalhar onde trabalho do que ser escolhido para o All Star Game. É mais heróico do que ter um tipo de 2,11 metros a fazer lançamentos para o cesto”, apontou.

Olhando para trás, Vin nunca equacionou a possibilidade de suicidar-se, mas, confessa, houve uma altura em que teve de dizer basta. “Estava cansado de estar cansado. Tinha pena de mim mesmo. Decidi cuidar de mim e quando saí da desintoxicação a primeira coisa que fiz foi dirigir-me a uma igreja. Fui o único culpado pela minha ruína. As pessoas que estão por fora, devem pensar: 'Uau, e agora?' Para mim, pai de quatro filhos, com 43 anos, tive de fazer as minhas escolhas. Só tenho de agradecer a oportunidade que me concederam”, recordou.

Depois de ter vendido a mansão onde vivia com a família, Vin Baker habita agora numa casa humilde, mas manteve os prémios que conquistou ao longo da carreira. Além dos troféus, guarda, com todo o cuidado, um diploma de teologia pelo Union Theological Seminary, em Nova Iorque.

Para a antiga estrela da NBA, cada dia é uma nova conquista. “Como todos os alcoólicos em recuperação, cada dia é um desafio e uma bênção. Já não olho para a vida como quando era um jovem milionário de 22 anos. É uma conquista acordar de manhã todos os dias, cheio de energia e não depender mais do álcool. Seria totalmente irresponsável da minha parte ter tido estas experiências e não as partilhar com os jovens”, enfatizou.

“No meio disto tudo, acho que o mais importante é viver um dia de cada vez e não tomar nada como certo. Não tomem as vossas habilidades ou o facto de jogarem na NBA como um dado adquirido. Digo às novas estrelas da NBA, que estão a ganhar milhões, que se certifiquem sobre cada centavo que sai das suas contas bancárias”, observou.  

Oitavo jogador a ser escolhido no draft de 1993, Baker terminou a carreira em 2006 quando tinha 34 anos, depois de ter sido dispensado pelos Minnesota Timberwolves. Ao longo do período em que actuou na NBA, o antigo extremo/poste teve uma média de 15 pontos por jogo, 7,4 ressaltos e um bloqueio por partida. Em 13 anos como profissional, foi utilizado em 791 encontros oficiais, marcou 11.839 pontos e conseguiu 5.867 ressaltos.

Números que ficam para a história assim como as aventuras de Vin Baker, o homem que destruiu uma fortuna de 100 milhões de dólares. “Nunca mais vou voltar a ter 100 milhões de dólares mas neste momento estou numa situação confortável”, conclui.

 

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