Da conquista de Rui Costa à mentira de Lance Armstrong

O balanço de 2013 sobre ciclismo.

A boa notícia: Título mundial para Portugal


Nem Alberto Contador, nem Fabian Cancellara, nem Vincenzo Nibali, nem Joaquim Rodríguez, nem Alejandro Valverde. O lote de rivais era de peso, mas nenhum conseguiu superar Rui Costa nos Mundiais de estrada que decorreram em Florença, no final do mês de Setembro. O português utilizou uma estratégia perfeita, mantendo-se sempre na cauda do grupo que seguia na frente, a gerir o esforço, para, nos metros finais, saltar para o topo e desferir um ataque imparável, batendo sobre a linha de meta um inconsolável Rodríguez. Portugal ganhava, pela primeira vez, um campeão do mundo no ciclismo. E o poveiro ganhava o respeito absoluto do pelotão internacional. “É um sonho. Sempre sonhei ser campeão do mundo. Acho que é algo em que não acreditava e que agora estou a viver”, desabafou pouco depois de ter cortado a meta, 7h25m43s após a partida.

A má notícia: A fraude segundo Lance Armstrong


O mea culpa feito por Lance Armstrong numa entrevista televisiva, em Janeiro, foi um dos maiores abalos sentidos no mundo do desporto nos últimos anos. A maior figura da história do Tour (prova que conquistara sete vezes) e uma das maiores de sempre do ciclismo admitiu ter competido dopado em todas as edições que conquistou. Testosterona, cortisona, hormonas de crescimento, transfusões sanguíneas, o norte-americano usou todas as artimanhas possíveis. “Era tão natural como encher de ar os pneus da bicicleta”, confessou, friamente. Com esta confissão, feita “demasiado tarde”, como o próprio reconheceu, provou-se que o texano mentiu continuamente às autoridades desportivas e aos tribunais. E que um mito do tamanho do globo tinha, afinal, pés de barro. “Queria vencer a qualquer preço”, justificou.

A figura: Rui Costa


Se ainda restassem dúvidas sobre o invulgar talento e o enorme potencial de Rui Costa, o ano de 2013 dissipou--as. O ciclista da Póvoa de Varzim começou a época com um triunfo na Klasica Primavera, no País Basco, ao qual se seguiram um 5.º lugar na Volta ao Algarve, um 4.º no Tour de Pequim e um 3.º na Volta à Romandia. Eram os primeiros passos de um ciclo de preparação para uma temporada de glória. Com uma prestação em crescendo, voltou a conquistar a Volta à Suíça, em Junho, arrebatando a camisola amarela no último dia de prova. Elevavam-se, e de que maneira, as expectativas para a Volta à França. E, na 100.ª edição do Tour, o português esteve à altura. Durante a maior parte da prova, andou pelo top-10 da geral, do qual seria afastado quando sacrificou 10’ do seu tempo para ajudar o colega de equipa e candidato à vitória Alejandro Valverde, vítima de um furo. Ainda assim, inscreveria por duas vezes o nome na lista de vencedores de etapas, impondo-se na 16.ª e 19.ª tiradas. Por essa altura, a sua cotação no mercado já tinha subido em flecha e era evidente que dificilmente a Movistar conseguiria segurá-lo. No final de Agosto, confirmou-se o inevitável passo em frente: a assinatura de um contrato com os italianos da Lampre-Merida, válido em 2014. “O Rui Costa é um dos melhores ciclistas do mundo”, elogiou, então, o director da equipa, Giuseppe Saronni. E mais radiante terá ficado com a contratação depois de ver o português sagrar-se campeão nacional de contra-relógio e, acima de tudo, surpreender o universo do ciclismo com um triunfo nos Mundiais de estrada. A 29 de Setembro, em Itália, Rui Costa alcançava uma proeza inédita para a modalidade em Portugal.

A seguir em 2014: O calendário da UCI e as provas internacioanis de ciclismo a disputar em Portugal

21 Janeiro - Tour Down Under (Austrália) 
 

19 a 23 Fevereiro - Volta ao Algarve

9 Março - Paris-Nice (França)

12 Março - Tirreno-Adriático (Itália)

23 Março - Milão-San Remo (Itália)

24 Março - Volta à Catalunha (Espanha)

28 Março - E3 Harelbeke (Bélgica)

30 Março - Ghent-Wevelgem (Bélgica)

6 Abril - Tour da Flandres (Bélgica)

7 Abril - Volta ao País Basco (Espanha)

13 Abril - Paris-Roubaix (França)

20 Abril - Amstel Gold Race (Holanda)

23 Abril - La Flèche Wallonne (Bélgica)

27 Abril - Liège-Bastogne-Liège (Bélgica)

29 Abril - Volta à Romandia (Suíça)

9 Maio - Volta a Itália

8 Junho - Critério Dauphiné (França)

14 Junho - Volta à Suíça

5 Julho - Volta à França

30 Julho a 10 Agosto - Volta a Portugal

2 Agosto - Clássica San Sebastian (Espanha)

3 Agosto - Volta à Polónia

11 Agosto - Eneco Tour

23 Agosto - Volta à Espanha

20 a 28 Setembro - Mundiais de estrada (Espanha) 

4 Outubro - Pro Cycling Marathon

5 Outubro - Volta à Lombardia (Itália)

10 Outubro - Volta a Pequim (China)
 
Notícia corrigida dia 28, às 14h50, rectificando a data da Volta a Portugal e acrescentando as duas outras provas internacionais a disputar em Portugal em 2014.
 
 
 
 

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