Cuidado: um Zverev pode esconder outro

Com as eliminações de Murray e de Kerber, o Open da Austrália ficou sem líderes.

Foto
LUSA/DEAN LEWINS

Não seria surpreendente se o apelido Zverev se mantivesse no quadro masculino na segunda semana do Open da Austrália. O que ninguém acreditou é que o nome próprio fosse Mischa e não o talentoso Alexander. Mas, aos 29 anos, Mischa está na melhor fase da carreira e, com a ajuda do pai e treinador, desenhou uma táctica eficaz para derrotar o melhor tenista da actualidade. O alemão nascido em Moscovo atacou incessantemente Andy Murray e, ao fim de 118 subidas à rede, saiu como inesperado, mas merecido, vencedor de um duelo de 3h30m.

“O meu irmão inspira-me sempre porque ele joga um grande ténis e desafia-me a fazer melhor”, afirmou Mischa após a vitória, por 7-5, 5-7, 6-2 e 6-4. Ao contrário de Alexander, o actual 50.º do ranking adoptou um ténis de ataque constante, um estilo raro no circuito masculino, mas que Mischa executa na perfeição. “Estava num pequeno coma, a servir e a fazer sempre o vólei. Houve alguns pontos que não sei como ganhei. Foi fácil manter-me agressivo, mas foi duro manter-me calmo”, confessou Zverev, no culminar do seu regresso ao top 50. O alemão foi 45.º em 2009, mas recorrentes lesões — joelho, hérnia discal e uma fractura do pulso — atiraram-no para fora do top 1000. Regressou aos poucos em 2015, ano em que terminou no 171.º posto, para reentrar no top 100 durante a época passada.

Com o decorrer do encontro e o desperdiçar de pontos importantes — concretizou cinco de 13 break-points —, Murray foi ficando frustrado e nunca deu indicações de poder contrariar o adversário. “À melhor de cinco sets, temos tempo para inverter as coisas. Mas também há tempo para baralhar tudo”, admitiu o escocês, que continua sem conseguir sair de Melbourne como campeão.

Dada a eliminação anterior de Novak Djokovic, este é o primeiro torneio do Grand Slam desde a edição de Roland Garros de 2004 em que os dois primeiros cabeças de série não chegam aos quartos-de-final.

Depois de oferecer um memorável presente de aniversário ao pai, Alexander Sr., Mischa vai agora defrontar o seu ídolo, Roger Federer. O suíço de 35 anos obteve a sua segunda vitória consecutiva sobre um top 10, ao vencer Kei Nishikori (5.º), por 6-7 (4

7), 6-4, 6-1, 4-6 e 6-3, depois de ter começado o encontro a perder por 0-4.

“Não estava a jogar mal no primeiro set, mas é um court rápido e as coisas acontecem depressa. Foi uma questão de manter-me calmo. Foi duro não ganhar esse set mas recompensou no final”, disse o mais velho quarto-finalista num major desde 1991, quando Jimmy Connors foi igualmente longe no Open dos EUA, com 39 anos. O outro semifinalista sairá do duelo entre outros dois trintões, Stan Wawrinka (4.º) e Jo-Wilfred Tsonga (12.º).

No torneio feminino, Angelique Kerber foi totalmente dominada por Coco Vandeweghe (35.ª). A norte-americana de 25 anos acumulou 30 winners (incluindo seis ases) para derrotar a número um mundial, por 6-2, 6-3, repetindo a presença nos “quartos” de Wimbledon, em 2015. Segue-se outra campeã de Grand Slams, Garbiñe Muguruza (7.ª). A lutar pelo outro lugar nas meias-finais vão estar Venus Williams (17.ª), de 36 anos, e a russa Anastasia Pavlyuchenkova (27.ª).

No torneio júnior, Duarte Vale estreou-se a vencer num quadro principal de um Grand Slam. O tenista português, 14.º do ranking mundial do escalão, derrotou o russo Nikolay Vylegzhanin (66.º), por 6-1, 6-2.     

Sugerir correcção
Comentar