Corrupção leva parceiro estratégico da IAAF a afastar-se

Nestlé anuncia o fim antecipado do acordo com a federação internacional, pondo em causa programa de promoção juvenil.

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Sergei Karpukhin/Reuters

As muitas viagens que o presidente, Sebastian Coe, tem feito nas últimas semanas para serenar os parceiros e os patrocinadores da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) não estarão a ter o sucesso desejado. Pelo menos a avaliar pelas posições tomadas primeiro pela Adidas — que, segundo a BBC, quer quebrar o contrato que dura até 2019 — e, nesta quarta-feira, pela Nestlé, que anunciou o rompimento do acordo com um organismo que se debate para se libertar da teia de corrupção em que está envolvido.

"Decidimos pôr fim, com efeitos imediatos, à nossa parceria com o programa da IAAF para as crianças. Esta decisão foi tomada tendo em conta a publicidade negativa provocada pelas acusações de corrupção e de doping endereçadas à IAAF", escreveu Lydia Méziani, porta-voz do grupo Nestlé, citada pela AFP.

A empresa agro-alimentar financiava, desde 2012, um programa que pretendia cativar os jovens, dos sete aos 12 anos, para a prática do atletismo e que tinha uma expressão muito significativa em termos geográficos. Antes da chegada do gigante suíço, esse programa, lançado em 2005, já tinha chegado a mais de 100 países e introduzido à modalidade mais de 1,5 milhões de crianças. Com o apoio da Nestlé, esse investimento foi reforçado.

"Pensamos que [este escândalo] poderá causar um impacto negativo na nossa reputação e na nossa imagem. Informámo a IAAF da nossa decisão e esperamos da sua parte uma posição formal que indique que a nossa parceria chegou ao fim", prossegue Méziani.

O casos de doping denunciados no atletismo russo desencadearam uma investigação sobre o funcionamento das instâncias nacionais da modalidade, mas também da IAAF, com vários indícios de corrupção a deixarem o organismo numa posição extremamente fragilizada, especialmente em ano olímpico.

Uma comissão independente da Agência Mundial Antidopagem (AMA) elaborou, a propósito, um relatório no qual afirma que "a corrupção está enraizada" na organização e que no mandato de Lamine Diack, anterior presidente da IAAF, foram encobertos casos de dopagem organizada e chantageados atletas.

Diack, de resto, está sob investigação das autoridades francesas, sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro, crimes ligados a um esquema que, em conjunto com alguns responsáveis russ visava encobrir testes antidoping positivos.

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