O que de bom e de mau ficou da derrota portuguesa com a França

Um dos aspectos positivos que saíram do jogo foi a dinâmica que João Mário conseguiu oferecer em 15 minutos. Corredores laterais precisam de ordem.

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Bacary Sagna e Eliseu no jogo disputado no Stade de France Benoit Tessier/Reuters

“Estamos no bom caminho”, afirmou no domingoCristiano Ronaldo, um dia após o jogo com a França. Mas com uma amostra minúscula é obviamente prematuro tirar conclusões sobre a evolução da equipa e, afinal, o primeiro grande teste à liderança de Fernando Santos só acontecerá amanhã em Copenhaga. Houve coisas más e boas. Certo é que houve mudanças, ao nível dos jogadores que o novo seleccionador quis ter consigo e na disposição do ataque em campo.

A mais marcante talvez até seja a 1.ª, pois homens experimentados como Tiago e Danny oferecem outras alternativas. Do lado dos menos habituados a estas presenças, João Mário foi, dos utilizados, o que jogou menos, mas talvez tenha sido o que mais aproveitou a oportunidade.

Defesa
O eixo central da defesa de Portugal foi, na derrota com a França, aquele que também foi o preferido por Paulo Bento. Rui Patrício na baliza e Pepe e Bruno Alves como centrais, com este último a ser substituído por Ricardo Carvalho ao intervalo. Portugal sofreu dois golos, mas não foi por ali que surgiu a derrota.

Se houve algum sítio por onde a equipa começou a quebrar foi pelas laterais. Foi visível que Cédric e Eliseu tiveram uma noite negativa — os dois golos sofridos começaram no lado esquerdo do ataque francês — e cometeram erros, mas o seu grau de responsabilidade não é absoluto. Nem sempre foram ajudados, especialmente pelos homens mais ofensivos de Portugal, e tiveram de lutar várias vezes em inferioridade numérica.

Cédric afigura-se como a 1.ª escolha para o lado direito, uma vez que Fernando Santos deixou de fora das opções João Pereira, o dono do lugar nos últimos anos. Do outro lado, Coentrão deverá voltar a ser a escolha lá mais para a frente, quando estiver recuperado de lesão. Mas há aspectos a “melhorar defensivamente”, admitiu Patrício. Tem razão.

Meio-campo
Como conjunto, Cabaye , Matuidi e Pogba foram melhores que Tiago, Moutinho e André Gomes (apesar da boa 1.ª parte do homem do Valência). A forma como o trio português não conseguiu equilibrar o duelo também explica o domínio francês nos primeiros 20 minutos, embora parte do ímpeto inicial da selecção da casa também se justifique pelo efeito do golo madrugador de Benzema, obtido logo aos 3’. Mas isso faz parte do jogo e Portugal, que jogou com uma selecção que atravessa um período positivo, foi lento a reagir.

A versão do meio-campo com melhor performance foi a que arrancou a 2.ª metade. William Carvalho entrou para médio-defensivo, Tiago libertou-se e juntou-se a Moutinho um pouco mais à frente. É aí, em princípio, e mais na selecção do que no Atlético de Madrid, que as suas características podem ajudar a marcar a diferença. No momento em que Santos tinha decidido experimentar algo novo (uma espécie de 4x2x3x1), a França marcou e o novo desenho não teve pernas para andar. João Mário jogou 15 minutos, mas ganhou um penálti e mostrou que a selecção pode beneficiar do seu andamento.

Ataque
Sem Postiga e Hugo Almeida na convocatória (mas com Éder), a novidade em relação ao 4x3x3 constante de Bento foi a ausência de um n.º 9 fixo e a colocação de Danny como uma espécie de falso ponta-de-lança. O jogador do Zenit formou com Ronaldo e Nani um trio que não esteve preso a posições e que teve um jogo misto. Nani e Ronaldo estiveram perto de marcar, mas os avançados pouco contribuíram para ajudar a fechar os corredores laterais, a zona do terreno que a França usou para ganhar. Outro aspecto a melhorar é o apoio dos colegas ao trio atacante: para criar caos na defesa, é preciso mais gente na frente.

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