Neymar e árbitro empurram Brasil para a vitória na estreia

A equipa de Scolari ainda não convenceu, mas deu um grande passo para garantir a passagem à segunda fase. Neymar marcou dois golos.

Neymar marcou dois dos três golos do Brasil
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Neymar marcou dois dos três golos do Brasil Murad Sezer/Reuters
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Marcelo fez um autogolo Paulo Whitaker/Reuters
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Neymar mais rápido do que os croatas Kai Pfaffenbach/Reuters
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Neymar marca de penálti Paulo Whitaker/Reuters
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O Itaquerão cheio Paulo Whitaker/Reuters

Depois de um grande susto logo nos instantes iniciais da partida, com um golo festejado pela Croácia, o Brasil, empurrado por Neymar e pelo árbitro, conseguiu dar a volta ao resultado, com Óscar a carimbar o triunfo já em período de descontos.

Valeu mais o resultado do que a vitória “canarinha”, que ainda terá de convencer contra o México e os Camarões para justificar a candidatura ao hexacampeonato. Na tribuna de honra, Dilma Rousseff voltou a merecer tratamento de vilã pelo público do Itaquerão. O Mundial começou com quatro golos, todos apontados por brasileiros.

Foi com o tema Thunderstruck dos AC/DC que as equipas subiram ao relvado para disputar a partida de estreia do Mundial. A música deixou ainda mais vibrante o público nas bancadas para cantarem de forma arrepiante o hino nacional, em conjunto com os jogadores, e a energia ainda sobrou para brindarem a Presidente do Brasil com um igualmente ensurdecedor “Ei, Dilma, vai tomar no cu!”, instantes depois da manifestação de fervor patriótico. E a chefe do Governo até tinha feito tudo para passar desapercebida no Itaquerão. Ela e todos os dirigentes da FIFA, que não arriscaram desta vez discursos oficiais para evitar os apupos que foram alvo há exactamente um ano, na abertura da Taça das Confederações. No lugar das palavras de circunstância, foram lançadas no ar pombas brancas, que foram recebidas com menor agressividade.

Concluídas as derradeiras obrigações protocolares, arrancou no relvado o 20.º Mundial da história, e com o Brasil a alinhar com o mesmo “onze” que derrotou a Espanha na final da Taça das Confederações. Mas a animação nas bancadas foi momentaneamente silenciada, logo aos 11’, com o primeiro golo do torneio, marcado, é certo por um brasileiro, mas definitivamente na baliza errada, pelo menos do ponto de vista da esmagadora maioria do público presente. O defesa esquerdo Marcelo, numa tentativa de anular uma tentativa de remate de Jelavic, bateu Júlio César. Um azar que valeu, mesmo assim, um lugar na história ao jogador do Real Madrid, ao apontar o primeiro autogolo do Brasil em Mundiais.

Apesar de ter mais posse de bola, a “canarinha” tinha dificuldades em penetrar na bem organizada defesa croata, que colocava muita gente na retaguarda, fechando bem os espaços aos atacantes brasileiros. No lado, contrário, os contra-ataques da formação balcânica (quase sempre iniciados por Rakitic ou Modric) causavam, quase sempre, calafrios à linha defensiva brasileira, que acusava algum nervosismo nesta estreia no torneio. A partir dos 22’, foram surgindo na partida Neymar e Óscar, que tornaram o jogo ofensivo da sua equipa mais criativo e esclarecido. O avançado fabricou uma jogada junto à linha de fundo, atrasando a bola para um bom remate do médio, que obrigou o guarda-redes Pletikosa à primeira grande defesa da noite.

E sete minutos depois, logo após mais um susto junto da baliza brasileira, resolvido por Júlio César, Neymar haveria de marcar e logo na sua partida de estreia num Mundial. À entrada da área, o jovem brasileiro encontrou espaço para rematar rasteiro e colocado com o pé esquerdo, com a bola ainda tocar no poste canhoto, antes de entrar nas redes. Foi a loucura do Itaquerão.

O empate surgia ainda antes da meia-hora, motivando a equipa da “casa” a atirar-se ao adversário nos 15’ minutos que restavam do primeiro tempo. Muita pressão, mas mais precipitação e raro acerto. O segundo tempo começou bem mais aborrecido, com escassos motivos de interesse, até o árbitro japonês Yuichi Nishimura resolver dar um abanão à partida. Aos 69’, foi o único em campo a vislumbrar um penálti sobre Fred e apontou para a marca de grande penalidade. O Brasil agradeceu o empurrão e Neymar encarregou-se de colocar a sua equipa pela primeira vez em vantagem. O guarda-redes ainda tocou na bola, mas não evitou ser batido pela segunda vez, aos 71’.

Dilma festejou efusivamente o golo na tribuna de honra, mas teve a pouca sorte de aparecer nos ecrãs gigantes, recebendo sonoros apupos, que a terão, mais uma vez deixado esclarecida acerca da sua popularidade em São Paulo nos dias que correm. Em contraste, Neymar está em alta, recebendo uma enorme ovação ao ser rendido por Ramires, aos 88’. Já em período de descontos, Óscar ainda ampliou o triunfo, por 3-1, coroando a sua boa exibição. Apesar do resultado, a equipa de Scolari não foi totalmente convincente.


A FIGURA: Neymar
Protagonista de uma polémica transferência para o Barcelona na última temporada, mas por motivos que nada tiveram a ver com as suas exibições nos relvados, Neymar surge neste Mundial como um dos principais candidatos ao título de melhor jogador do torneio. Na sua estreia num Mundial não acusou o nervosismo e apontou dois golos que reviraram o resultado a favor da “canarinha”. O atacante que mais brilhou na conquista da Taça das Confederações do ano passado voltou a ser crucial nesta partida de abertura, fundamental para moralizar e motivar o conjunto de Luiz Felipe Scolari rumo ao tão desejado hexacampeonato. Com apenas 22 anos, Neymar continua a provar que é o grande talento do futebol brasileiro da actualidade.

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