Comité Olímpico promete “tolerância zero” no novo escândalo sobre doping

Dados da Federação de Atletismo levantam suspeita sobre 146 medalhados olímpicos e mundiais.

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O presidente do COI vai aguardar a investigação da Agência Mundial Antidopagem Olivia Harris/Reuters

O presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, prometeu nesta segunda-feira “tolerância zero” caso os resultados de atletas medalhados nos Olímpicos tenham sido manchados por doping como apontam novas denúncias.

A televisão alemã ARD e o jornal britânico Sunday Times denunciaram que até um terço das medalhas envolvendo provas de resistência em mundiais de atletismo e em Jogos Olímpicos, entre 2001 e 2012, foram ganhas por atletas cujos resultados dos testes de doping apresentaram valores suspeitos.

“Se houver casos envolvendo resultados nos Jogos Olímpicos, o COI vai agir com a nossa política habitual de tolerância zero”, afirmou Thomas Bach, em conferência de imprensa, em Kuala Lumpur.

“Contudo, neste momento, não temos mais do que alegações e temos de respeitar a presunção de inocência dos atletas”, realçou.

Thomas Bach afirmou que o COI vai aguardar pela investigação da Agência Mundial Antidoping antes de actuar.

A Agência Mundial Antidoping afirmou, no domingo, estar “muito alarmada” com as novas denúncias do uso generalizado de substâncias proibidas no atletismo internacional.

Segundo a análise apresentada pela ARD e pelo Sunday Times de uma base de dados de 12.000 testes de sangue da IAAF, de um total de 5000 atletas, realizados entre 2001 e 2012, 800 apresentavam valores “suspeitos ou altamente suspeitos”.

Do universo de 146 medalhados mundiais ou olímpicos de 2001 a 2012, de provas de 800 metros à maratona, um terço apresentou valores suspeitos.

Federação diz que denúncia visa redistribuição de medalhas
O presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack, considerou que por detrás das denúncias de doping lançadas num recente documentário está uma campanha para redistribuição de medalhas.

Lamine Diack disse ao Comité Olímpico Internacional (COI) que a IAAF vai responder às alegações feitas pelo canal de televisão alemão ARD e pelo jornal britânico Sunday Times.

“Por detrás de tudo isto está o desejo de redistribuir medalhas, tenham cuidado com isto”, disse Diack, que vai ceder o cargo de presidente da IAAF no fim deste mês ou ao ucraniano Serguei Bubka ou ao britânico Sebastian Coe, os dois candidatos à sua sucessão.

“Vimos o documentário da televisão alemã e na imprensa britânica e tomámos nota”, afirmou Diack, de 82 anos, que não faz mais parte do COI, mas que obteve uma autorização especial como membro honorário para usar da palavra por causa da gravidade da nova crise do doping.

“O nosso gabinete está a trabalhar e vai responder a todas estas questões”, acrescentou. A IAAF prometeu emitir um comunicado sobre as denúncias.

“Especialistas concluíram que entre 2001 e 2012 centenas de medalhas foram erroneamente atribuídas. Não vamos comentar”.

Diack afirmou que vai “calmamente” deixar a IAAF estudar as alegações.

“Acredito que a IAAF tem sempre mostrado estar completamente consciente de que não pode permitir dúvidas sobre os desempenhos alcançados pelos atletas”, sublinhou o dirigente.

Adam Pengilly, membro britânico do COI, pediu à IAAF para “promover” atletismo ‘limpo’.

“Eles parecem ter estado calados no ano passado” relativamente a grandes acusações de doping na Rússia e no atletismo mundial, disse Adam Pengilly no encontro do COI.

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