Com a fábrica fechada, a Caterham corre o risco de falhar o GP dos EUA

Divergência entre o dono da equipa e os administradores levou a uma intervenção judicial que deixa em suspenso o futuro da escuderia.

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Vivem-se dias de turbulência e indefinição na Caterham F1 Team. E o caso é de tal forma sensível que o staff da equipa viu as portas da fábrica fecharem-se nesta quinta-feira, por força de um diferendo entre os donos e os administradores da escuderia. Em causa está, inclusive, a participação no Grande Prémio dos EUA, marcado para 2 de Novembro.

No centro deste desentendimento está o acordo realizado em Julho passado para a venda da Caterham F1. Nessa altura, o empresário e fundador da equipa, Tony Fernandes, comprometeu-se a vender as acções que detinha a uma empresa suíça chamada Engavest, mas a verdade é que a transacção nunca chegou a concretizar-se. E é aqui que diferem as versões apresentadas pelas partes.

"A Engavest SA cumpriu todas as condições impostas, incluindo o pagamento do preço pedido pelas acções. Essas acções nunca foram transferidas e, consequentemente, Tony Fernandes continua a ser o dono da Caterham F1 e é totalmente responsável por toda a sua actividade", assinalaram os suíços, em comunicado.

A resposta do empresário malaio, que é também proprietário da Air Asia, não tardou. "Concordámos, de boa fé, vender as acções à Engavest no pressuposto de que a Engavest pagasse aos credores existentes e aos credores futuros, incluindo o staff. Esse ponto era tão importante para mim que me certifiquei de que as acções não seriam transferidas para o comprador a não ser que satisfizesse essa condição", explicou Fernandes.

E é justamente com base neste argumento que o dono da Caterham F1 deita por terra o entendimento. "Infelizmente, a Engavest não satisfez nenhuma da condições do acordo e a Caterham Sports Ltd (a operador britânica da escuderia) foi colocada sob administração pela banca, com uma soma avultada a ser reclamada pelos credores", acrescentou.

De resto, o administrador judicial nomeado para tomar conta do processo já visitou as instalações da equipa e é acusado por Ian Phillips, director comercial da Caterham F1, de não ter "qualquer ideia" daquilo que tem entre mãos. Citado pela BBC, Phillips conta que, durante a visita à fábrica, foram mostrados ao administrador os carro que estavam a ser preparados para correr no Texas e que ainda não tinham montados os motores ou as caixas de velocidades, já que estavam a ser intervencionados pelos fornecedores, no caso a Renault e a Red Bull. Perante este cenário, o responsável judicial,  Finbarr O'Connell, depreendeu que se tratava dos monolugares que estavam já a ser desenvolvidos para 2015.

"Estou lá como enviado do tribunal para reaver fundos para pagar aos credores que ainda não receberam, por isso creio que é muito claro para todos onde reside a incompetência", comentou O'Connell à BBC. "Se chegarem a acordo comigo, podem regressar à fábrica e deixam de ficar neste limbo", aduziu.

Neste contexto, Colin Kolles, o director da escuderia que desde que entrou na Fórmula 1, em 2012, ainda não somou qualquer ponto, está de mãos atadas: "Temos tudo preparado para ir para Austin [para o Grande Prémio dos EUA], ma se os administradores não mudarem de ideias, é difícil".

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