Casos de doping no passado pesam mais do que melhores marcas do ano em 100 e 200m

Justin Gatlin, velocista norte-americano, ficou pelo caminho nos prémios da IAAF.

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Justin Gatlin ficou fora da lista de candidatos ao prémio de atleta do ano da IAAF Kai Pfaffenbach/Reuters

A Federação Internacional de Atletismo (IAAF, na sigla inglesa) deixou cair da lista de finalistas que concorrem ao prémio de melhor atleta do ano de 2014 o nome de Justin Gatlin, apesar do norte-americano ser o detentor da melhor marca do ano nos 100 (9,77s) e 200m (19,68s) e de não ter perdido qualquer corrida neste período.

A decisão não mereceu qualquer justificação, mas na sua base parece estar o facto de Gatlin ter, no seu passado, sido castigado por recurso a substâncias dopantes. O velocista, apesar dos seus 32 anos, não encontrou rival nas distâncias mais curtas esta temporada, mas carrega nos seus ombros a suspeita do doping devido a ter falhado testes antidoping em 2001 e 2006, tendo, neste segundo caso, dado origem a uma suspensão por oito anos, reduzida para metade após um recurso. O seu regresso ao activo, em 2011, foi, por isso, recebido com um generalizado indisfarçável mal-estar.

O aparecimento do nome de Justin Gatlin no lote de finalistas ao prémio de melhor atleta de 2014 da IAAF levantou, desde logo, controvérsia. O discóbolo alemão Robert Harting chegou mesmo a declarar que não queria aparecer na mesma lista de Gatlin e pediu para que retirassem o seu nome do rol. Mas não foi o único, o antigo atleta britânico, Sebastian Coe, duplo campeão olímpico e vice-presidente da IAAF, também confessou, publicamente, o seu incómodo.

A controvérsia cresceu após um recente estudo da Universidade de Oslo defender que os atletas que recorreram ao doping tiram benefícios dessa prática muito tempo depois de os seus eventuais castigos terminarem.

A lista da IAAF fica agora reduzida ao qatarí Mutaz Essa Barshim (salto em altura), ao francês Renaud Lavillenie (salto com vara) e ao queniano Dennis Kimetto (maratona).

Barshim, 23 anos, foi medalha de ouro nos Mundiais de pista coberta, em Março, enquanto Lavillenie, 28 anos, bateu, em Fevereiro, o recorde do mundo do salto com vara em pista coberta (6,16m). Já Kimetto, 30 anos, bateu em Setembro o recorde mundial da maratona, 2h2m57s.

Na vertente feminina, as candidatas ao troféu são a neozelandesa Valerie Adams (lançamento do peso), a etíope Genzebe Dibaba (fundo) e a holandesa Dafne Schippers (velocidade).

Adams, 30 anos, triunfou na prova do lançamento do peso dos Jogos da Commonwealth. Dibaba, 23 anos, tem dominado nos 3000m e Schippers, 22 anos, tem feito o mesmo no heptatlo.

Os vencedores serão anunciados a 21 de Novembro, em Montecarlo.

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