A imprensa espanhola e o desastre: "Uma geração para a memória e um Mundial para o esquecimento"

Enquanto adeptos e jornalistas procuram explicações mais complexas para a eliminação da selecção campeã do mundo em título, o guarda-redes limita-se a "pedir desculpas às pessoas". "Somos os primeiros responsáveis", admite Iker Casillas.

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O guarda-redes espanhol pediu desculpas Pilar Olivares/Reuters

Ultrapassadas pela proclamação do novo rei, as notícias da eliminação da selecção de Espanha do Mundial 2014 já começaram a ser empurradas para segundo plano nos sites dos principais jornais espanhóis, mas o El País e o El Mundo ainda têm espaço para o "Fracasso mundial", o pedido de desculpa de Iker Casillas e as comparações entre o afastamento e o desastre do "Titanic".

O El País sintetiza a viagem espanhola do céu ao inferno futebolístico numa curta frase: "Uma geração para a memória eterna e um Mundial para o esquecimento."

Depois das vitórias no Euro 2008, no Mundial 2010 e no Euro 2012, a selecção do "tiki-taka" fechou as portas para balanço – ninguém sabe ao certo se chegou ao fim ou se foi apenas um acidente de percurso, mas muitos especialistas consideram que a geração de ouro do futebol espanhol já não tem pernas para esse sistema de jogo.

"Espanha passou da diversão ao sofrimento, e os seus rivais ajustam contas porque quando a bola não circula com agressividade nem velocidade, a equipa é vulnerável. Não há nada mais fácil do que penalizar as carências de Espanha quando a Espanha não é Espanha", escreve o editor da secção de Desporto do El País, Ramon Besa.

Ao fim de seis anos de domínio no futebol mundial, a selecção espanhola sofreu sete golos em dois jogos. Não há desculpas para estes números, e ninguém da Roja tentou encontrá-las.

A autocrítica começou no médio Xabi Alonso, passou pelo guarda-redes Iker Casillas e acabou no treinador, Vicente del Bosque.

"Não soubemos manter a convicção, a fome, essa ambição de ganhar o campeonato", disse Alonso.

Casillas, que passou de herói a vilão em dois jogos, disse apenas que "é difícil explicar o que aconteceu". Só há uma coisa a fazer: "Pedir desculpas às pessoas porque somos os primeiros responsáveis."

Os dois jogadores do Real Madrid não pouparam nas palavras de contrição, com Xabi Alonso a afirmar mesmo que "a quota de êxito e de alegria estava cumprida e esgotada". 

A pergunta que anda agora na cabeça dos adeptos espanhóis foi formulada pelo jornal desportivo Marca: "E agora?"

"Espanha pôs fim ao melhor período da sua história desde que jogou a primeira partida, a 29 de Agosto de 1920. No Maracanã terminou um ciclo único, desconhecido no mundo do futebol, que deixará para sempre na vitrina da federação espanhola dois campeonatos da Europa e um Mundial. Consumado o desastre que começou com o golo de Van Persie a um minuto do intervalo do primeiro jogo, a pergunta é evidente: 'E agora? Como será o futuro de Espanha?'", questiona o texto principal do site do jornal Marca.

Mas as dúvidas e as angústias de adeptos, jornalistas e jogadores também tiveram o seu contraponto – como seria de esperar, o sentido de humor serviu como válvula de escape e a Internet como veículo.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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