Filipe Cardoso desceu para ganhar na subida à Senhora da Graça

O português da Efapel venceu a quarta etapa da Volta a Portugal.

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Foto: Podium.

A primeira vitória de etapa de um português e da Efapel na presente edição da Volta a Portugal não chegou de forma convencional. O primeiro a chegar à meta de alta montanha mais repetida na história da prova, no alto da Senhora da Graça, foi um sprinter, Filipe Cardoso.

 

Para um homem feito para chegadas rápidas e capaz em contra-relógios curtos, não deixa de ser singular que, aos 31 anos, este escudeiro de referência do pelotão nacional se estreie a vencer na corrida logo no Monte Farinha, onde o líder Gustavo Veloso voltou a ser dos primeiros para, grão a grão, entrar nas bonificações (-4 segundos) e consolidar a sua camisola amarela. O espanhol viu, ainda por cima, reduzido o grupo de adversários com que tem de se preocupar, especialmente Rui Sousa. O actual vice-campeão cedeu novamente e está já a 1m34s — a Torre até poderá jogar a seu favor, mas o contra-relógio, definitivamente, não.

Numa tirada marcada pelas subidas — duas contagens de 3.ª categoria e outras tantas de 1.ª —, o corredor natural de São João de Ver fez a diferença a descer. Integrado numa fuga que deixou Bruno Silva (LA Aumínios-Antarte) cada vez mais perto da vitória na classificação da montanha, Cardoso usou os seus dotes na descida após a passagem pela penúltima contagem de montanha, situada na Barragem do Alvão, para se isolar.

“O ciclismo é um desporto de risco. Como diz o ditado, quem não arrisca, não petisca e eu fui ao limite muitas vezes, ao limite da aderência das nossas rodas finas”, explicou, citado pela agência Lusa, o homem que a organização da Volta recordou há dias ter jeito para fazer malabarismos com a bicicleta e que, por isso, é conhecido como o “Peter Sagan português”.

O atleta da Efapel, equipa que já tinha vencido neste local em 2012, com Rui Sousa, chegou à base da Senhora da Graça com cerca de cinco minutos de vantagem para o grupo de candidatos. Depois, lutou contra as suas próprias características para resistir e, já com a vantagem reduzida a quase nada, ganhar. “Cheguei completamente vazio, mas este esforço todo valeu a pena”, disse na meta, onde costumam ser consagrados trepadores.

O seu colega de equipa Jóni Brandão e Gustavo Veloso (W52-Quinta da Lixa) chegaram logo a seguir, completaram o pódio e foram creditados com o mesmo tempo (4h26m14s). Amaro Antunes (LA Alumínios-Antarte) e Delio Fernández (W52-Quinta da Lixa) terminaram com um atraso de quatro segundos.

O vencedor de 2014 aumentou a sua liderança, que passou de nove para 17 segundos sobre o companheiro Delio Fernández. Atrás do duo da frente, muita coisa mudou. Brandão subiu de sexto para 3.º, a 35 segundos do líder, enquanto Amaro Antunes ascendeu a 4.º e Alejandro Marque, chefe-de-fila da Efapel e campeão em 2013, a 5.º.

A Senhora da Graça descartou Ricardo Mestre (perdeu 58s), o último português a vencer a competição, e José Gonçalves (2m14s), que tinha começado o dia no pódio, do lote de candidatos. Mas o mais notório dos homens que descolaram foi Rui Sousa, que acabou com uma desvantagem de 30s e assumiu ser improvável voltar à discussão da Volta.

“Os adversários estão mais fortes, não consegui acompanhar o ritmo. Enquanto há vida há esperança. Ainda temos a Torre, que este ano pode fazer mais diferenças, mas terá de haver uma hecatombe dos adversários”, reconheceu o líder do Boavista, de 39 anos, que terminou no pódio nas quatro últimas edições.

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