"Bye Bye” Becker

O antigo campeão alemão esteve ao lado de Novak Djokovic nos últimos três anos, em que o sérvio dominou o circuito profissional.

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Djokovic não revelou se vai substituir Becker na sua equipa de treinadores AFP/THOMAS SAMSON

O anúncio do fim da colaboração de Boris Becker com Novak Djokovic surpreendeu bem menos adeptos do que aqueles que em Dezembro de 2013 viram o tricampeão de Wimbledon começar a aconselhar o então número dois mundial. De facto, ao lado de "Boom Boom Becker" como era conhecido o alemão, Djokovic venceu seis títulos do Grand Slam, quatro dos quais consecutivos e que culminaram, em Junho, com a conquista da primeira Taça dos Mosqueteiros, em Roland Garros. Só que desde aí, o tenista sérvio venceu somente mais um torneio e ainda atingiu a final do Open dos EUA mas, em Novembro, perdeu o primeiro lugar do ranking, que ocupava há 122 semanas, para Andy Murray.

“Após três anos de sucesso, Boris Becker e eu decidimos em conjunto pôs fim à nossa cooperação. Os objectivos que definimos quando começámos a trabalhar em conjunto foram totalmente cumpridos e quero agradecer-lhe pela cooperação, trabalho de equipa, dedicação e compromisso. Por outro lado, os meus planos profissionais são agora direccionados primeiramente à manutenção de um bom nível de jogo e também a uma boa programação e novos objectivos para a próxima época. Neste sentido, irei futuramente tomar decisões”, escreveu Djokovic na sua página do Facebook.

Ao contratar Becker – após uma recusa de Pete Sampras, a sua primeira escolha –, pensou-se que Djokovic estava apenas a imitar Murray que tinha pedido ajuda a Ivan Lendl, ao lado de quem conquistou os seus primeiros títulos do Grand Slam, inclusive o muito desejado Wimbledon. O sérvio precisava de alguém com experiência ao mais alto nível, depois de um 2013 em que perdeu a meia-final de Roland Garros e as finais de Wimbledon e Open dos EUA. Mas jogadores de top serem aconselhados por antigos campeões acabou por tornar-se contagioso: Roger Federer requisitou os serviços de Stefan Edberg; Michael Chang passou a acompanhar Kei Nishikori; Goran Ivanisevic trabalhou com Marin Cilic; e Richard Gasquet é treinado por Sergi Bruguera.

Em Julho de 2014, Djokovic triunfou em Wimbledon e recuperou o primeiro lugar do ranking ATP, que manteve até Novembro deste ano. No ano seguinte conquistou o Open da Austrália, Wimbledon e EUA e, esta época, venceu novamente o Grand Slam australiano e, finalmente, Roland Garros. Entre Junho de 2014 e Junho de 2016, Djokovic exerceu um forte domínio do ténis masculino, traduzido em 158 encontros ganhos e apenas 13 perdidos.

Numa entrevista concedida ao jornal Daily Mail no início da semana, Becker já tinha admitido deixar de acompanhar Djokovic. “Desfrutei verdadeiramente destes três anos. Não me arrependo de nada. Foi um percurso inacreditável”. Dias mais tarde, Becker confirmou à estação Sky Sports que a decisão foi mútua e que nem tudo corria bem. “Os últimos seis meses foram um desafio a vários níveis. As nossas mãos estavam um pouco atadas porque não conseguíamos fazer o trabalho que queríamos. Ele não passou tanto tempo a treinar-se no court como devia e ele sabe isso. A forma como jogou as meias-finais [do Open dos EUA] com Nishikori foi o verdadeiro Novak que conheço. Em contraste, na final, é inútil dizer que fiquei decepcionado. De facto, ainda não sei o que aconteceu”, disse o antigo número um alemão.

Não se sabe quem ou se alguém irá substituir Becker. Marian Vajda, o seu treinador de sempre, deverá manter-se na equipa, mesmo continuando sem poder acompanhar Djokovic durante muitas semanas da época.

Mais crescente tem sido o papel de Pepe Imaz, um antigo tenista – 146.º em 1998 – e actual treinador, adepto de uma filosofia de vida rara no circuito profissional, em que privilegia o bem-estar pessoal e onde o amor é o caminho para a verdadeira felicidade.

Depois do Open dos EUA, Becker e o sérvio de 29 anos só se reencontraram por uma vez no circuito. Pelo contrário, Imaz esteve presente nos dois últimos torneios que Djokovic disputou em 2016, Masters 1000 de Paris e ATP Tour Finals em Londres.

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