Brasil menos pressionado pode beneficiar de efeito Neymar

Willian e Bernard são duas possibilidades para jogar frente à Alemanha e garantem que a equipa está preparada para reagir à ausência da sua grande estrela no MIneirão de Belo Horizonte

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A selecção do Brasil espera não sentir a falta de Neymar frente à Alemanha Marcelo Régua/Reuters

Neymar já não está com a selecção brasileira e é tempo do treinador Luiz Felipe Scolari ensaiar o plano B para defrontar a Alemanha, nas meias-finais do Mundial, esta terça-feira, em Belo Horizonte. O tempo é curto, mas a equipa está motivada e focada numa vitória para a dedicar à sua grande estrela, que sofreu uma grave lesão na última partida com a Colômbia. O ambiente em redor da “canarinha” também se alterou face à contrariedade. A pressão dos adeptos, até aqui muito críticos em relação a algumas exibições, foi substituída por uma onda de solidariedade que pode beneficiar os jogadores.

“A selecção pode agora usar em seu favor esta comoção nacional, esta onda de solidariedade”, defendeu ao PÚBLICO, este domingo, Maurício Fonseca, repórter do jornal O Globo, durante um treino na Granja Comary, quartel-general da “canarinha”, em Teresópolis. “Scolari é perito em usar este tipo de adversidades para motivar o grupo. Ele vai empenhar-se para botar bem para cima a moral do time. Vai transformar isto numa causa nacional, com um slogan do tipo: ‘Todos juntos por Neymar’. Vai transformar o jogo com a Alemanha numa coisa épica, heróica”, acredita o jornalista, que confia numa reacção positiva frente aos germânicos. E o avançado deverá estar mesmo presente no estádio para assistir à partida.

A lesão de Neymar, pela forma dramática como ocorreu, com o jogador a chorar de dor no relvado do Castelão, em Fortaleza, acabou por retirar ao conjunto de Scolari a sua principal estrela. Uma ausência forçada que estará também a contribuir para afastar grande parte da pressão que recaía sobre a selecção desde o início do torneio, segundo a perspectiva de Maurício Fonseca. “A equipa vai agora defrontar o melhor adversário da Copa, nestas condições trágicas, após perder o seu melhor jogador. Se até aqui, Scolari reclamava da pressão, ela agora passou para o lado da Alemanha. Esta mudança de astral será o principal trunfo do Brasil”, explicou.

“Agora os adeptos querem ajudar os jogadores de alguma maneira e, mesmo que venham a perder com os alemães, desde que lutem, serão aplaudidos. Não seria uma derrota tão dramática como se tivessem sido afastados pelo Chile [nos oitavos-de-final] ou pela Colômbia [quartos-de-final]. Aí seria frustrante, agora não”, concluiu o jornalista. E, de facto, em redor do centro de trabalho da selecção, na Granja Comary, as dezenas de adeptos que iam chegando, para tentar acompanhar de perto mais um treino do “escrete”, vinham motivados em contribuir para moralizar os jogadores. Através de músicas ensaiadas ou com palavras de incentivo prometiam um apoio incondicional.

Willian: “Estamos preparados”
Com Neymar indisponível, são muitas as especulações acerca de quem será o escolhido para ocupar a vaga aberta no “onze”. O médio ofensivo Willian e o atacante Bernard são duas das possibilidades e, este domingo, foram à sala de imprensa falar sobre o estado de alma do grupo neste primeiro dia sem a presença do jogador do Barcelona no estágio.

“Neymar decide jogos e ficar sem ele é difícil, mas outros jogadores podem fazer a diferença”, salientou Willian, que garantiu estar preparado para entrar na equipa, caso faça parte da estratégia que Scolari venha a montar para defrontar a Alemanha. “Nunca joguei como titular na selecção e se me estreasse numa meia-final da Copa seria incrível”, admitiu o jogador.

Habituado a ocupar um lugar no banco, está também Bernard que poderá ser uma das opções para o ataque já nesta partida com os germânicos. “Qualquer jogador que possa vir a ser escolhido terá dificuldade em fazer esquecer Neymar. Ele irá fazer falta, mas temos de ultrapassar essa situação e acreditar até ao fim. Sabemos que temos qualidade para chegar à final e ser campeões”, assegurou o benjamim desta equipa brasileira, com apenas 21 anos, que alinha ao serviço dos ucranianos do Shakthar Donetsk.

“Desejamos que chegue logo o dia do jogo com a Alemanha”, confessou Willian, não escondendo a ansiedade: “Queremos surpreender o adversário e não ser surpreendidos.” Para Bernanrd, o conjunto germânico é “uma das melhores selecções da Copa”, mas tem também “pontos negativos”, que o Brasil irá querer explorar. “Qualquer erro nosso poderá ser fatal, mas estaremos concentrados no mesmo objectivo, que é ganhar”, afirmou.

A mesma confiança foi transmitida pelo médio do Chelsea, apesar das qualidades que reconhece ao adversário desta terça-feira. “É uma selecção que joga junta há muito tempo, com jogadores bem entrosados e experientes”, analisou o médio do Chelsea, que deixa uma garantia: “Iremos preparados para o Mineirão.”

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