Brasil: este país não é para treinadores

Dos 20 clubes que compõem o campeonato brasileiro, apenas seis não fizeram mudanças no comando técnico.

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Ricardo Drubscky deixou o Fluminense logo à 2.ª jornada DR

Uma maratona de futebol. O Brasileirão reúne todas as épocas 20 clubes. É um campeonato de paixões avassaladoras e de decisões intempestivas. Entre Maio e Dezembro, datas que marcam o pontapé de saída e o final da competição, tudo pode acontecer. Do êxtase à desilusão, vai um pequeno passo. O escrutínio dos adeptos é avassalador e os dirigentes não perdoam nenhum lapso. Desde que a Liga canarinha arrancou, apenas seis clubes não trocaram de treinador, os restantes 14 mudaram pelo menos uma vez de técnico.

O sexteto que resistiu à tentação de despedir é encabeçado por Corinthians e Atlético Mineiro, dois conjuntos que ocupam os primeiros dois lugares da classificação do campeonato. Tite continua a liderar o “Timão” e Levir Culpi prossegue no comando técnico do “Galo”.

O Sport também continua a manter a confiança em Eduardo Baptista, técnico que assumiu as rédeas da equipa em Janeiro de 2014 - um feito "histórico", dada a rapidez com que os treinadores mudam de clube -, assim como o Avaí tem sido fiel à aposta em Gilson Kleina. A completar a lista surgem o Atlético Paranaense, que mantém a aposta em Milton Mendes – que passou por Portugal ao serviço do Machico, de 2001 a 2004, e Marítimo, tendo sido adjunto de Sebastião Lazaroni em 2007-08, ano em que os “maritimistas” foram à Taça UEFA – e a Chapecoense, liderada por Vinícius Eutrópio, que em 2010-11 passou pelo Estoril.

Mas estas são as excepções. Num abrir e fechar de olhos, 14 clubes decidiram mudar de treinador com o Brasileirão em andamento. Maus resultados, exibições pouco convincentes ou apenas porque os nomes não agradavam aos sócios e adeptos. Foram várias as razões que estiveram no cerne destas mudanças.

Tudo começou logo à passagem da 2.ª jornada, quando o Fluminense demitiu Ricardo Drubscky e contratou para o seu lugar Enderson Moreira. Na mesma ronda, Luiz Felipe Scolari pediu demissão do comando técnico do Grémio. Para a vaga do antigo seleccionador nacional foi escolhido Roger Machado, que fazia parte da equipa técnica do “Sargentão”. Logo depois, o Flamengo, onde joga o defesa-central César, cujo passe pertence ao Benfica, trocou o categorizado Vanderley Luxemburgo por Cristóvão Borges, treinador que iniciou 2015 a liderar os destinos do rival Fluminense.

Na 4.ª jornada, o Cruzeiro despediu Marcelo Oliveira, que tinha conseguido a conquista de dois campeonatos seguidos. O técnico bicampeão foi trocado por Vanderley Luxemburgo, que só esteve uma semana no “desemprego”. Na ronda seguinte, troca de treinadores no Joinville: saiu Hemerson Maria e entrou Adilson Batista. Pouco tempo depois, nova mudança no banco do clube, com a entrada de Paulo César Gusmão.

À jornada seis, Marquinhos Santos abandonou o Coritiba e surgiu Ney Franco. Na mesma altura, o Palmeiras anunciava a demissão de Oswaldo de Oliveira e a chegada de Marcelo Oliveira. Passado pouco tempo, Doriva, antigo jogador do FC Porto, apesar de ter conquistado o estadual do Rio de Janeiro, foi despedido pelo Vasco da Gama e o clube anunciou a contratação de Celso Roth. Entretanto, o técnico não resistiu aos maus resultados do clube carioca e foi despedido: para o seu lugar foi nomeado Jorginho.

Hélio dos Anjos iniciou o campeonato como comandante do Goiás mas também não aqueceu durante muito tempo o lugar, foi trocado, primeiro, por Augusto César e depois por Julinho Camargo. Antes, o São Paulo trocou Milton Cruz pelo colombiano Juan Carlos Osorio.

Doze jornadas, foi quanto Marcelo Fernandes permaneceu como treinador do Santos. Dorival Júnior, que já tinha passado pelo “Peixe”, regressou à Baixada Santista. Quatro jornadas depois, Guto Ferreira saiu do Ponte Preta e foi “chamado” para substituir Doriva.

Diego Aguirre resistiu 16 partidas como treinador do Internacional de Porto Alegre. O uruguaio foi substituído por Argel, antigo central de FC Porto e Benfica, que treinava o Figueirense. Para a vaga do brasileiro foi recrutado o experiente René Simões.

Apesar destas constantes trocas, apenas São Paulo e Góias melhoraram os seus resultados. Neste fim-de-semana arranca a segunda volta do Brasileirão.

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