Boavista quer compensação desportiva e patrimonial, diz João Loureiro

O presidente do clube boavisteiro espera "honradez, elevação e dignidade" por parte da FPF, depois de o CJ ter dado provimento ao recurso dos "axadrezados", que contestavam a despromoção em 2008.

Foto
João Lureiro: "Um dia o Boavista vai voltar ao lugar que merece" Ana Luísa Silva

O Boavista exige ser compensado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) “na área desportiva e na área patrimonial”, devido aos “erros” de que foi vítima, anunciou hoje o presidente do clube, João Loureiro.

“Agora vamos ver se voluntariamente há essa vontade. Se houver, todos ficam a ganhar: a federação, porque corrige um gravíssimo erro que cometeu contra uma instituição centenária, e nós, porque podemos ter um outro horizonte, sendo certo que sofremos muito neste período”, referiu o líder boavisteiro.

João Loureiro falava num encontro com a comunicação social, no Estádio do Bessa, no Porto, em que reagiu à decisão do conselho de justiça (CJ) da FPF de dar provimento a dois recursos do Boavista, concordando assim que o procedimento disciplinar que ditou a descida de divisão do clube, em 2008, tinha afinal prescrito.

O acórdão do CJ poderá permitir ao Boavista requerer junto da Liga de Clubes a sua inscrição no primeiro escalão do futebol português e exigir da FPF uma indemnização por danos patrimoniais, alegadamente sofridos desde que foi despromovido.

Numa declaração sem direito a perguntas, João Loureiro frisou que o Boavista admite, “se necessário”, defender o que diz serem os seus “direitos desportivos e de ordem patrimonial” perante a FPF e “também perante quem pessoalmente participou nesses actos”.

O Boavista espera agora que “os órgãos da federação tenham uma postura semelhante” à do CJ, agindo com “honradez, elevação e dignidade”, para “reconhecer os erros que a instituição cometeu perante o Boavista”.

Loureiro observou, contudo, que “quem está em funções não tem nenhuma responsabilidade relativamente a esses erros passados”.

“Queremos apenas que nos compensem quer na área desportiva, quer na área patrimonial por esses erros”, especificou.

Os danos patrimoniais para efeitos de indemnização não foram quantificados, pelo menos em termos públicos, mas certamente terão em conta os direitos televisivos que o Boavista perdeu - e que, no seu caso, eram de quatro milhões de euros na época 2007-08.

João Loureiro insistiu, por outro lado, na ideia de que o Boavista encontra-se hoje unido e que dessa forma pode resolver os seus problemas.

“Não vai ser fácil, porque este não é o único problema que nós temos”, salientou. O Boavista está a braços com muitos problemas financeiros, que o levaram, em Novembro do ano passado, a aderir ao Processo Especial de Revitalização (PER), alegando, precisamente, “insustentabilidade financeira”.

No pedido dirigido ao Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia, o Boavista reconheceu ter quase 50 credores, aos quais deve 48,3 milhões de euros.

Apesar disso, João Loureiro afirma sentir outra vez uma “aura, que traz positividade” ao Boavista.

O dirigente considerou haver motivos para ter “esperança” na resolução do problema com a federação e de “todos os outros”, prometeu “aguardar serenamente aquilo que venha ser pensado e estruturado” pelos órgãos federativos vigentes e disse que “os direitos do Boavista” serão defendidos com “firmeza”.

“Temos a nossa estratégia pensada desde ontem [quinta-feira], já antecipámos várias possibilidades e estamos preparados para todas as situações”, afirmou.

João Loureiro repetiu que “um dia o Boavista vai voltar ao lugar que merece e vai ser compensado por todo o mal que lhe fizeram”.

O presidente da SAD “axadrezada”, Álvaro Braga Júnior, acompanhou João Loureiro nesta reacção e coube-lhe, inclusive, a intervenção inicial, em que aproveitou para elogiar os juristas Francisco Pimentel e Paulo Samagaio pelo seu “trabalho brilhante” em defesa da causa boavisteira.     
 

Sugerir correcção
Comentar