Thriller na Luz termina com golo de Lima nos instantes finais

Estratégia ultradefensiva da Académica esteve muito perto de resultar, mas um penálti ao cair do pano salvou o Benfica. Tudo está igual no topo da classificação.

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Ola John esteve desinspirado Patrícia de Melo Moreira/AFP

No quarto dos cinco minutos dos descontos, Lima levou o Estádio da Luz ao rubro. Quando já todos se preparavam para digerir a perda de mais dois pontos do Benfica no campeonato, isolando o FC Porto no comando da tabela classificativa, um penálti sobre Gaitán silenciou os mais de 36 mil espectadores nas bancadas. Susteve-se a respiração quando o avançado brasileiro partiu para a bola parada na marca do castigo máximo e a seguir foi a explosão, como se de uma final se tratasse. Para trás ficavam mais de 90’ de sofrimento, num jogo que teve como sentido único a baliza da Académica.

O jovem polivalente André Almeida, que alinhou como defesa direito na vitória na Alemanha, frente ao Bayer Leverkusen (1-0), na quinta-feira, para a Liga Europa, foi o eleito por Jorge Jesus para fazer esquecer o castigado Matic, agora no meio-campo defensivo “encarnado”. Ola John, Enzo Pérez e Salvio compuseram a zona intermediária. Na frente, o Benfica regressou à habitual dupla atacante, depois da experiência (bem sucedida) em Leverkusen, onde Cardozo alinhou sozinho. Sem o paraguaio, também ele castigado na acidentada partida frente ao Nacional, na Madeira (2-2), há uma semana, alinhou a dupla Rodrigo-Lima. Carlos Martins e Aimar regressaram aos convocados, mas ficaram no banco.

Na Académica, ficaram de fora do “onze” inicial os dois jogadores que já haviam marcado golos esta temporada no Estádio da Luz, na Taça da Liga, em Janeiro (3-2). Makelele, por opção técnica (ficou no banco), Saleiro, por estar a recuperar de uma lesão (não foi convocado). Mas marcar um golo em Lisboa parecia ser a menor preocupação dos visitantes neste encontro, concentrando todas as energias em manter inviolada a sua baliza. Algo pouco natural para uma equipa que chegou à 19.ª ronda com o sexto melhor ataque da Liga.

O histórico dos confrontos entre as duas equipas na Luz, em jogos para o campeonato, nas últimas cinco temporadas, com três triunfos dos visitantes, aconselhavam prudência aos “encarnados”. Assumindo as responsabilidades do encontro desde os instantes iniciais, a equipa de Jesus privilegiou um futebol pausado, assente numa posse segura e grande circulação de bola.

Um futebol que a Académica não procurou contrariar, recuando para o seu meio-campo e, em grandes períodos do encontro, remetendo toda a equipa para os derradeiros 30 metros. Mesmo, sem imprimir um ritmo intenso e com poucos espaços para aprofundar o seu futebol atacante (onde foi nítida a ausência de Cardozo como referência na área adversária), o Benfica conseguiu construir lances de perigo suficientes para chegar ao intervalo em vantagem. O mais flagrante dos quais desperdiçado por Lima, aos 26’, numa das raras desconcentrações defensivas dos visitantes.

Bem posicionada defensivamente, a Académica prescindiu totalmente de veleidades ofensivas, não registando nenhum remate à baliza em toda a partida, apesar dos três cantos e um livre de que beneficiou nesta fase.

O descanso fez bem aos “encarnados”, que voltaram mais determinados dos balneários. Aumentaram o ritmo e, logo aos 50’, Ola John (pouco visto na primeira metade) atirou ao poste direito da baliza de Ricardo. Um lance que terá sido precedido de uma falta atacante de Lima, não sancionada pelo árbitro. Três minutos depois, o holandês voltou a surgir, assistindo Rodrigo que rematou para uma boa defesa de Ricardo.

Dois lances de Ola John que não evitaram a sua saída, aos 60’, rendido por Alan Kardec, na primeira mexida de Jorge Jesus no “onze” inicial. O ponta-de-lança brasileiro tornou-se na principal referência atacante do Benfica na área academista. O treinador “encarnado” não ficaria por aqui, chamando ainda ao encontro Gaitán (para o lugar de Rodrigo) e Carlos Martins (André Almeida, recuando Enzo Pérez para o seu lugar), aos 67’, esgotando os seus trunfos.

Cada vez mais sufocada e encostada à sua área, a equipa de Coimbra defendia como podia, sem grande tempo para respirar. A estratégia do treinador Pedro Emanuel, apesar dos muitos calafrios, esteve muito perto de resultar. Só falhou o puxão de João Dias a Gaitán, nos descontos, que resultou no penálti fatal.

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