O Restelo continua a ser território “encarnado”

Depois das goleadas da temporada passada, o Benfica voltou a ultrapassar o Belenenses sem sobressaltos e manteve a vantagem na liderança do campeonato.

Foto
Mitroglou marcou o primeiro golo do Benfica contra o Belenenses AFP/PATRICIA DE MELO MOREIRA

A demanda do Benfica por um inédito tetracampeonato nacional não teve sobressaltos na passagem da locomotiva “encarnada” por Belém. Frente ao Belenenses, serviu a receita prescrita para o Dínamo de Kiev, na Liga dos Campeões, a meio da semana. “Sem espinhas”, o conjunto de Rui Vitória garantiu um triunfo tranquilo, por 2-0, mantendo o comando da classificação e a vantagem de três pontos para o FC Porto.

Se a época de estreia na Luz foi uma espécie de conto de fadas para Rui Vitória, com um final reluzente, o segundo ano do treinador aos comandos dos “encarnados” arrancou ainda mais promissor. Por esta altura, no ano passado, o Benfica irradiava dúvidas, com sete pontos de atraso para o surpreendente líder Sporting, renascido pela mão do seu antecessor Jorge Jesus. Agora, os tricampeões nacionais comandam a tabela, com mais cinco do que o conjunto de Alvalade.

Foto

Também a nível internacional, depois de um arranque decepcionante na Liga dos Campeões, os lisboetas reentraram nos eixos e nas contas pelos oitavos-de-final da prova, após um triunfo motivador na Ucrânia, frente ao Dínamo de Kiev (0-2). Um cenário que não poderia ser mais idílico para o presidente Luís Filipe Vieira, que irá medir o grau de popularidade nas eleições da próxima quinta-feira.

Frente a um conjunto que tem proporcionado uma excelente vizinhança ao Benfica nos últimos anos e que sofreu na temporada passada nada menos que 11 golos dos “encarnados” nas duas partidas da Liga, o Benfica não perdeu o embalo da jornada europeia. Pelo contrário, logo após o apito inicial, os jogadores de Rui Vitória atiraram-se ao adversário com um apetite voraz.

Com o mesmo “onze” de Kiev, a “orquestra” benfiquista, dirigida pelo “maestro” Pizzi no meio-campo, entrou afinada. Um futebol ritmado, com tracção à frente, de triangulações ao primeiro toque, que deixava os “azuis” pregados ao terreno. Em dez minutos as dúvidas sobre o desfecho do encontro começaram a desfazer-se, após Pizzi (que falhara por pouco as redes aos 5’) cobrar um canto na direita, teleguiado para a cabeça de Mitroglou.

O golo não abrandou o frenesim dos visitantes, só interrompido por um dos raros lances do Belenenses junto da baliza de Ederson, aos 25’, com o guarda-redes a travar um cabeceamento de Yebda. Foi a excepção ao longo da primeira metade, já que a regra era o Benfica matar à nascença, com faltas cirúrgicas ou roubos de bola, as insípidas transições atacantes dos “azuis”.

A desvantagem mínima no final dos primeiros 45’ era injusta face ao caudal ofensivo dos campeões nacionais, mas deu alguma esperança aos homens da casa para o reatamento. Com uns pozinhos de agressividade e uma pitada de arrojo, o Belenenses abeirou-se da área adversária, mas expôs-se ao contra-golpe. E continuaram a ser os forasteiros os mais perigosos. O inevitável foi adiado aos 59’, quando Mitroglou acertou em Joel, com a baliza praticamente aberta, mas aos 65’ nada salvou o desamparado guarda-redes.

Numa bola ganha por Luisão a impedir mais uma tentativa de contra-ataque dos “azuis”, a bola acabou em Gonçalo Guedes, que abriu para a entrada de Grimaldo. O lateral disparou cruzado para as redes e encerrou as esperanças que pudessem persistir entre os adeptos belenenses. A trave, aos 70’, impediu a Cervi o carimbo final, mas os três pontos já estavam, de qualquer forma, destinados.

Mesmo sem contar com muitos jogadores importantes nesta fase da temporada, devido a lesões, Rui Vitória encontrou as soluções para o sucesso e prossegue determinado à frente do leme “encarnado”. Já Quim Machado, no banco do Restelo, que se estreou pelo Belenenses em partidas da Liga, tem ainda muito trabalho em mãos e um ciclo competitivo complicado pela frente.

 

Sugerir correcção
Comentar