Pesadelo durou 22 minutos e deitou a noite a perder
Benfica estreou-se na fase de grupos da Liga dos Campeões 2014-15 com uma derrota frente ao Zenit. “Encarnados” viram chegar ao fim uma série de 51 partidas sem perder na Luz
Um começo de jogo dantesco, em que quase tudo correu mal ao Benfica, deitou a noite a perder para a equipa de Jorge Jesus. Os “encarnados” entraram na fase de grupos da Liga dos Campeões com uma derrota frente ao Zenit (0-2), a primeira sofrida em casa em praticamente dois anos: tinham passado 51 encontros, em todas as competições, desde a última ocasião em que o Estádio da Luz tinha visto o Benfica perder.
Os “encarnados” jogaram desde os 18’ em inferioridade numérica, mas, apesar disso, na segunda parte, até conseguiram limpar um pouco a imagem deixada no primeiro tempo. Só que o mal já tinha sido feito.
Em noite de reencontros na Luz, o Zenit deixou à vista algumas das fragilidades da equipa de Jorge Jesus. Jardel foi invisível toda a noite, como se tivesse sido apagado pelo regresso de Garay, de quem era suplente na temporada passada. Eliseu não chegou a ser um obstáculo para Hulk e Smolnikov, que na primeira parte fizeram o que quiseram no lado direito do ataque russo. E a expulsão de Artur deixa a passadeira estendida para Júlio César tomar conta da baliza do Benfica. Quatro dias depois da goleada ao Vitória de Setúbal (5-0), o Benfica voltou a assentar os pés na terra. E aquilo que viu não foi bom.
Claro que há aspectos positivos a retirar da partida. Maxi Pereira continua a ser incansável, Salvio é o homem mais talentoso dos “encarnados” e Lima batalhou até à exaustão, apesar de ter ficado completamente isolado no ataque com a saída de Talisca (o sacrificado para a entrada de Paulo Lopes). Só que isso, como se viu, não é suficiente quando se tem pela frente um adversário com bolsos fundos mas também muito futebol.
Jorge Jesus repetiu o “onze” que goleou em Setúbal: Talisca, autor de um hat-trick no Bonfim, estreou-se na Liga dos Campeões e ainda antes dos 30 segundos ensaiou um remate de longe, mas que saiu fraco e ao lado da baliza de Lodygin. Não chegou para assustar o Zenit, que entrou com o pé no acelerador, apesar de André Villas-Boas ter admitido na véspera que o empate podia ser um bom resultado. Hulk ofereceu o golo a Rondón, que não conseguiu desviar para a baliza (2’). Mas na jogada seguinte o Zenit ficou em vantagem. Shatov interceptou um passe de Jardel para Luisão, acelerou e ofereceu o golo a Hulk.
Se as coisas estavam complicadas, ainda iam ficar pior. Artur travou com dificuldade uma “bomba” de Hulk, mas na recarga Garay não conseguiu marcar. O Benfica não conseguia lidar com a velocidade do ataque do Zenit: Danny surgiu isolado perante Artur, tendo sido derrubado pelo guarda-redes brasileiro. A expulsão obrigou Jorge Jesus a abdicar do estreante Talisca, para proporcionar a estreia absoluta em competições da UEFA, aos 36 anos, a Paulo Lopes. Mas não foi uma noite para recordar para o guardião, que dois minutos depois sofria o 0-2. Na sequência de um canto de Danny, Witsel cabeceou e Paulo Lopes tirou a bola já depois de esta ter ultrapassado a linha de golo.
O Benfica estava no tapete e demorou a encontrar forças para reagir às adversidades. Mas o intervalo foi bom conselheiro e a imagem dos “encarnados” melhorou muito no segundo tempo. E até podem queixar-se de uma grande penalidade que ficou por assinalar aos 52’, quando Criscito derrubou Salvio.
Confortável a gerir a vantagem, o Zenit pode agradecer a Lodygin ter travado as melhores oportunidades do Benfica: Luisão (59’), Lima (66’) e Gaitán (72’). Mas a equipa de Villas-Boas esteve sempre à espreita das oportunidades e ainda acertou nos ferros da baliza de Paulo Lopes, num remate de Hulk ao qual Rondón não chegou para fazer a recarga (61’).
O Zenit chegou, viu e venceu. E deixou a zeros o registo de invencibilidade do Benfica: 51 partidas sem derrotas em casa, que durava desde que tinha perdido com o Barcelona, na fase de grupos da Liga dos Campeões, a 2 de Outubro de 2012.