Benfica gasta 29 milhões de euros para recuperar passes de jogadores que pertenciam ao seu fundo

Operação gera perda imediata de 14 milhões. Benfica Stars Fund encerra actividade no final do mês.

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O passe de Gaitán volta a ser 100% do Benfica Rafael Marchante/Reuters

O Benfica informou nesta segunda-feira que investiu quase 29 milhões de euros para comprar os 85% que não detinha no Benfica Stars Fund, um fundo que encerrará a actividade a 30 de Setembro. Uma operação que, segundo as contas do PÚBLICO, gera uma perda imediata de 14 milhões de euros.

Este investimento permite ao Benfica recuperar percentagens dos passes dos jogadores que integravam o fundo: Gaitán (15%), Airton (40%), Djuricic (20%), Franco Jara (10%), Maxi Pereira (30%), Rúben Amorim (50%), Sulejmani (25%), Nelson Oliveira (25%) e Urreta (20%).

A compra destas percentagens significa uma perda imediata para os cofres do clube da Luz. É que, somando os valores publicados nos relatórios e contas da SAD do Benfica nas últimas épocas, a venda das ditas percentagens rendeu ao clube 14,925 milhões. Agora, o Benfica anunciou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) que as comprou por “28.911.320 euros”. Uma diferença de 13,986 milhões, segundo as contas do PÚBLICO.

No comunicado enviado à CMVM, a SAD do Benfica justifica este investimento pelo facto de o fundo terminar a sua actividade a 30 de Setembro. O comunicado explica que "o referido fecho implicará a distribuição de parte dos direitos económicos dos atletas detidos pelo fundo por terceiras entidades”, pelo que “existe um interesse estratégico por parte da sociedade em recuperar os referidos direitos económicos, de forma a evitar a sua dispersão.”

Na informação enviada à CMVM, o Benfica diz que “à data de 31 de Julho de 2014, o valor líquido global do fundo ascende a 26.783.737 euros, o qual inclui diversos activos e passivos, cujo montante líquido equivale a 21.704.300 euros.”

O PÚBLICO pediu à SAD do Benfica explicações sobre esta operação, mas os responsáveis “encarnados” não fazem comentários.

Certo é que a SAD benfiquista ficará com os dividendos gerados pelo fundo, que será extinto a 30 de Setembro, e poderá esbater ou compensar as perdas desta operação se conseguir vender algum dos jogadores que pertenciam ao fundo. Nico Gaitán é, sem dúvida, o jogador mais cobiçado entre os que estavam no portfólio do fundo.

O Benfica, aliás, explica no comunicado à CMVM que passou a deter a totalidade dos passes dos jogadores que estavam no fundo, à excepção de Nélson Oliveira (passa a deter 70%) e de Urreta, que rescindiu contrato com o clube.

A constituição do Benfica Stars Fund foi autorizada pela CMVM a 24 de Setembro de 2009, por um prazo de cinco anos, e o fundo iniciou a sua actividade a 30 de Setembro de 2009.

O Benfica detinha 15% do fundo, que é gerido pela ESAF, uma empresa do Grupo BES que agora passou para o universo do Novo Banco, o "banco bom" saído da divisão do antigo BES.

Nunca foi conhecido publicamente quem eram os detentores dos restantes 85% do fundo, sendo que a Ongoing admitiu em 2009 deter uma "participação razoável" no fundo.

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