As bandeiras do futebol e Guimarães

1. Longe vai o tempo em que, ao ir assistir a um jogo de futebol, revelava a minha simpatia por um clube adquirindo e empunhando bravamente uma pequena bandeira de pano e cabo de pau. Era uma peça de merchandising da época e as crianças, como eu, de ano para ano, o que mais desejavam era levar o acompanhante adulto a comprar a mais actualizada ou moderna. Não havendo equipamentos diferentes, época após época, incluindo os alternativos, ficávamo-nos pelas bandeiras.

2. Uma vez mais – já por este tema tínhamos andado no passado –, na passada jornada da I Liga, os adeptos de um clube foram “impedidos de utilizar quaisquer objectos de apoio, nomeadamente bandeiras, num jogo disputado fora de casa. A segurança privada, stewards para estar na moda – tem até nome inglês e tudo! –, com base no fundamento (legal) de que a claque não se encontra “legalizada”, opôs-se à entrada das bandeiras e outros objectos. Porém, justificando-se com o cumprimento de ordens (quem dá ordens aos seguranças privados?), a verdade é que outros adeptos, sem que integrassem qualquer claque, tiveram, para aceder ao recinto, de prescindir das suas bandeiras.

3. Vejamos, por partes, desmistificando o que já não é um mito: não há grande diferença entre o agir de uma claque legalizada e o de uma não legalizada. Ponto final. Continuemos.

Dentro das “não legalizadas”, os outros objectos e as “minhas bandeiras”, entram nos estádios consoante as indicações superiores dos stewards (nós somos muito modernos). Não há critério nenhum ou, dito por outras palavras, há o critério do clube que joga em casa e que, obviamente, tem uma bem especial relação com a empresa (e seus funcionários,) que contratou. Tudo, pois, muito objectivo e sempre no cumprimento da lei.

4. Hoje temos um jogo de elevado risco e que, como tal, já foi previamente preparado.

Em Guimarães há solo e local exclusivo dos adeptos vimaranenses e, como tal, ai de quem o profanar. Mensagem serena e totalmente adequada a um jogo deste risco. Em Lisboa, não há Marquês de Pombal, a não ser para o Benfica e o Sporting. Os “Aliados” são azuis e não se fala mais nisso. E assim sucessivamente.

Portugal, afinal, sempre aprofundou a sua descentralização administrativa.

josemeirim@gmail.com

Sugerir correcção
Comentar