A zanga pública entre Vicente Moura e o secretário de Estado do Desporto

Presidente do Comité Olímpico e Alexandre Mestre trocaram palavras azedas.

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Vicente Moura mostrou-se "indignado" com as palavras de Alexandre Mestre Miguel Madeira

Era um jantar de festa, porque se comemorava o 103.º aniversário do Comité Olímpico de Portugal. Era um momento de despedida para Vicente Moura, presidente do COP, que deixa o cargo em Março. Mas transformou-se num momento de azedume, com uma dura troca de palavras entre o dirigente e Alexandre Miguel Mestre, secretário de Estado do Desporto e Juventude.

Alexandre Mestre aproveitou o seu discurso durante o jantar para refutar críticas de que tem sido alvo nos últimos tempos, nomeadamente de Vicente Moura, uma pessoa de quem era muito próximo.

Citado pela Lusa, o secretário de Estado afirmou que tem o dever de dizer o que o Governo tem feito, “perante as pessoas e olhos nos olhos”.

“Até por, muito recentemente e para grande surpresa do Governo, depois de um ano e meio de intenso esforço, articulação e empenhamento, para criar o melhor relacionamento possível com o COP, ter sido afirmado pelo senhor presidente que este Governo navegava à vista, que não tinha qualquer direcção e que se tinham perdido as ilusões quanto a este Governo”, disse Alexandre Mestre.

As palavras do governante caíram mal a Vicente Moura, que se mostrou “indignado” com o discurso do secretário de Estado, considerando-o “propagandístico”.

“Já disse que conheci muitos ministros e muitos secretários de Estado. Uns de que gostei bastante e outros de que apenas gostei. Eu tenho de dizer que deste eu apenas desgosto”, afirmou Vicente Moura, que deixará a presidência do COP em Março de 2013, altura em que se realizam novas eleições: “Lamento que este acto quase final tenha terminado assim. De facto estou indignado porque não merecia isto.”

No discurso, Alexandre Mestre salientou o pagamento “a tempo e horas” das verbas para prémios, preparação e para a missão olímpica, o apoio a iniciativas da Comissão de Atletas Olímpicos, a criação do seguro do praticante de Alto Rendimento, a intervenção junto das Finanças para desbloquear verbas para o judo e para o atletismo, assim como a “defesa intransigente para que o Tribunal Arbitral de Desporto se situe no âmbito do COP”.

Estas palavras foram vistas como “inoportunas” por Vicente Moura: “Aproveitou para fazer uma súmula das acções do Governo, algumas positivas, mas outras inconsequentes. Agora vê-se bem que navega mesmo à vista”, reagiu o presidente do COP, acrescentando que “não houve uma única pessoa que apoiasse o discurso”: “Toda a gente ficou revoltada e eu acho que o senhor secretário de Estado do Desporto e Juventude é um bom jurista e acho que devia voltar à sua profissão, deixando o desporto às pessoas que o amam, que o conhecem e que são capazes de encarar com fair-play as críticas e contrariedades da vida.”

Confrontado com as reacções ao seu discurso, Alexandre Mestre desvalorizou o assunto e concluiu. “O Governo não tem de estar incomodado com críticas, o Governo tem de estar determinado em continuar a trabalhar”.

Já Vicente Moura justificou que as críticas que tem feito nos últimos tempos foram mais genéricas. “Ele [Alexandre Mestre] não pode ter essas dores. Ele não é o Estado, está há ano e meio no Governo e não tem culpas do passado, nem de não haver uma política desportiva digna desse nome em Portugal. Portanto não devia assumir essa dor interna como se tivesse sido criticado pessoalmente. Por mim, declaro encerrado este incidente, que será mais um na história do COP, indelevelmente marcado por um discurso inadequado do secretário de Estado do Desporto e Juventude.

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