A violência em festa

1. Iupi! Bora lá.

2. Furtos nas instalações do estádio, fogueiras nas casas de banho, as mesmas destruídas, bares, cativação de espaço na cidade de Guimarães (isto é dos vimaranenses de “gema”, vão para o Marquês!), utilização desproporcional da força por agente policial. Viva o Marquês que é nosso, 1º Conde de Oeiras. Jamor. Final da Taça. Um morto. Onde está a cerveja? Onde está algo para arremessar à polícia? Há droga à solta? Já se vão embora?

3. Bora lá. Há que repensar. A partir de agora, tolerância zero. Apurem-se responsabilidades, doa a quem doer. Afinal há uns vândalos. São só 0,01% dos adeptos. Quem responde por eles? O desporto não é isto. De quem é a culpa? O Governo encontra-se empenhado e apela às instituições desportivas para uma intervenção eficaz.

4. Bora lá. A Polícia de Segurança Pública não queria que a organização fosse feita daquela forma, no domingo, na Praça Marquês de Pombal. O futebol não pode pactuar com qualquer tipo de violência, é preciso apurar responsabilidades. É preciso que os responsáveis pela violência sejam identificados e punidos. O futebol não precisa dos que provocaram as cenas que vimos.

5. Bora lá. O ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares afirma que "é preciso banir a violência do desporto", e expressa "natural repúdio" pelos incidentes que envolveram os festejos dos adeptos do Benfica pela conquista do título de campeão nacional de futebol. Apurar as responsabilidades e tomar as providências necessárias não só para punir os responsáveis, mas também acautelar que este tipo de situações "não se voltem a repetir”. O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) também lamentou os incidentes registados no passado domingo, mas não apenas o comportamento de alguns adeptos em Guimarães: "o comportamento da polícia relativamente ao modo como tentou regular uma situação que, aparentemente, não justificava o uso da força nos termos em que foi feito".

6. Bora lá. E são as claques do Clube A, e do Clube B, e do Clube C e ainda do D e E. E é o tráfico de droga e de armas. E é o gangsterismo, dentro e fora de assembleias gerais dos clubes. A especulação com a venda de bilhetes. E as bombas de gasolina. E as áreas de serviço. E no basquetebol. E no futsal. Os que vêm do futebol. E os seguranças privados que cooperam com as claques. E os spotters. E as caixas de segurança. E o novo espectáculo televisivo que é a saída das claques dos estádios.

7. Bora lá. E é a lei da prevenção e combate à violência de 1980. E a alteração de 1981. E de 1985. E, já agora, de 1989. E outra em 1998. E outra ainda em 2004. Sai nova legislação, sempre alinhada “com as melhoras práticas europeias (??), em 2009. Mas altera-se em 2013.

8. Bora lá. À violência, segue-se narrativa lacrimosa de réptil e nova lei. Mais violência, mais tolerância zero, mais nova alteração. Mais violência, urgência em repensar, mais nova lei. E assim sucessivamente.

9. Mas há mais mortos em Espanha. E nem se fale da Itália. E a Grécia? E a Turquia. Países de leste e casuals? Brasil e Argentina? Diz o sociólogo, há décadas, e o Estado e todos os outros: cá não é assim tão grave.

10. Bora lá. A continuar...após novos incidentes graves de violência.

josemeirim@gmail.com

 

 


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