A Holanda acabou por se autodestruir em Praga
O País de Gales precisou do talento individual de Bale para bater a modesta Andorra, na corrida ao Euro 2016.
Guus Hiddink recebeu de Louis van Gaal um legado pesado. Uma equipa que tinha chegado ao pódio do Mundial 2014 sem uma única derrota e que praticava um futebol rápido e vistoso. E o novo seleccionador da Holanda não conseguiu evitar uma enorme dor de cabeça no arranque da qualificação para o Euro 2016, ao ser surpreendido pela República Checa (2-1).
Para encontrarmos a última derrota da selecção holandesa antes da desta terça-feira, em Praga, é preciso recuar até ao Euro 2012, curiosamente a um encontro frente a Portugal (2-1). E se quisermos identificar o último desaire numa fase de apuramento, teremos de voltar a Outubro de 2011, numa partida com a Suécia (2-3).
Mas a Holanda também pode queixar-se de si própria, especialmente no lance que resultou no segundo golo da República Checa. Um cruzamento aparentemente inofensivo para a área foi desviado por Janmaat para o poste da baliza de Cilessen, com o ressalto a terminar nos pés de Vaclav Pilar, que se limitou a empurrar (90+1’).
Antes, aos 55’, também tinha sido um defesa holandês o protagonista, mas então por boas razões. De Vrij (Guus Hiddink manteve o sistema de jogo e o essencial das escolhas que vigoraram no Mundial) concluiu de cabeça uma assistência perfeita de Blind e bateu Petr Cech. Era o golo do empate, já que aos 22’ Dockal assinou o melhor momento da noite, com um remate seco de fora da área que tabelou no poste e só parou no fundo das redes holandesas.
Com este triunfo, a República Checa só não lidera o Grupo A porque a Islândia obteve um resultado mais dilatado frente à Turquia (3-0). As aspirações dos visitantes caíram por terra aos 59’, quando o defesa Omer Toprak foi expulso. Nessa altura, já perdiam por 1-0 (Boedvarsson, 18’) e viram o quadro agravar-se em dois minutos (Sigurdsson aos 76’ e Sigthorsson aos 77’).
Bale, inimigo de Andorra
Na primeira vez em que Andorra e País de Gales se encontraram, houve equilíbrio e unhas roídas até final. A selecção da casa (199.ª do ranking da FIFA) até começou melhor o encontro, disputado em Andorra-a-Velha, quando Ildefons Lima converteu uma grande penalidade, logo aos 6’. Era o fim de um longo jejum de 18 jogos oficiais sem marcar — o último golo de Andorra acontecera numa derrota por 3-1 com a Irlanda, em Setembro de 2010.
E não pode propriamente dizer-se que era difícil adivinhar de onde viria a reacção galesa. Gareth Bale, pois claro, a estrela mais reluzente de uma selecção que ainda conta com Aaron Ramsey e Joe Allen, puxou dos galões aos 22’ e 81’ para, de cabeça e de livre directo, dar a volta ao texto (1-2).
O mesmo desfecho — e os mesmos contornos — teve o frente-a-frente entre Bósnia e Chipre, também no Grupo B. Os anfitriões começaram igualmente a vencer, com um golo de cabeça de Ibisevic (6’), mas Demetris Christofi viria a revelar-se a figura da partida, ao apontar os dois golos (45’ e 73’) com que os cipriotas chegaram ao triunfo. Foi a eficácia a prevalecer, numa equipa que fez quatro remates enquadrados com a baliza.
No Grupo H, o jogo de maior cartaz terminou com a vitória fora de portas da Itália, agora sob a batuta de Antonio Conte (0-2). Com uma equipa idêntica à que disputou recentemente um particular com a Holanda (mas bem diferente da que competiu no Brasil 2014), os transalpinos impuseram-se na Noruega com golos de Simone Zaza (16’) e Leonardo Bonucci (62’).
Em casa, a Croácia conseguiu um feito semelhante (ganhou 2-0 a Malta, com golos de Modric e Kramaric), enquanto a Bulgária sofreu um pouco mais para bater fora o Azerbaijão (1-2, com Micanski e Hristov e Nazarov a marcarem).