A fortaleza húngara frente aos “artistas” belgas

Hungria e Bélgica jogam, neste domingo, o sexto jogo dos oitavos-de-final, sabendo que o vencedor defronta o País de Gales nos “quartos”

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O treino da Hungria, em Toulouse TTILA KISBENEDEK/AFP

No Verão de 1914, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Bélgica, já no decorrer da I Guerra Mundial. Mais de 100 anos depois, e num contexto totalmente diferente, as posições invertem-se: a Bélgica é a melhor selecção europeia (pelo menos é o que diz o 2.º lugar no ranking FIFA) e tentará invadir, nos oitavos-de-final do Euro 2016, a defesa da equipa húngara, que ocupa o 20.º lugar do ranking.

A história dos confrontos entre as duas equipas não favorece a Hungria: em 13 jogos, contam-se oito vitórias belgas, dois empates e três vitórias para a Hungria. O último confronto oficial foi no longínquo ano de 1982, no Mundial, e também não sorriu aos húngaros: na última jornada do grupo C, a Hungria, a ganhar por 1-0, resultado que lhes garantia o apuramento para a fase seguinte, deixou que o belga Czerniatynski fizesse o empate perto do final do jogo, carimbando o apuramento belga e adiantado a viagem húngara de volta a Budapeste.

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Este jogo marca o confronto entre uma equipa vincadamente ofensiva, a Bélgica, e uma equipa que tem mostrado uma grande solidez defensiva, a Hungria. As estatísticas não explicam tudo, mas ajudam: a Hungria é uma das selecções que mais correm (321km percorridos, contra os 311 da Bélgica) e uma das equipas que mais bolas recuperam (127). Já a Bélgica é a terceira equipa que mais remata (59 remates, contra os 37 da Hungria). Mas como os números não explicam tudo, fica a curiosidade: os húngaros rematam menos do que os belgas, mas marcam mais: a par do País de Gales, são a equipa com mais golos (seis) na fase de grupos.

À atenção dos húngaros, fica uma daquelas frases que os treinadores gostam de colar no balneário. Radja Nainggolan, médio da Bélgica, não deu grande importância à Hungria: "Honestamente, não sei muito sobre os húngaros. O mais importante para os derrotarmos é tirarmos partido dos nossos pontos forte e jogarmos da forma como gostamos”.

Já Marc Wilmots, seleccionador da Bélgica, parece estar mais atento ao percurso da Hungria neste europeu e questionou os jornalistas que colocavam a Bélgica como clara favorita para este domingo: "Vocês não têm visto o Euro?”. “Preferia enfrentar a Inglaterra. A Hungria tem bons valores individuais e defende como se a sua vida estivesse em risco” – acrescentou Wilmots, reconhecendo a segurança defensiva evidenciada pelos húngaros.

Quanto às equipas, não são esperadas grandes alterações nas equipas-base. No lado húngaro, depois das poupanças frente a Portugal, o seleccionador Bernd Storck deverá fazer regressar ao “onze” duas das revelações deste europeu: Adam Nagy (jovem médio que tem despertado a cobiça de clubes portugueses) e Kleinheisler (médio do Werder Bremen). Também o lateral Kadar e o extremo Stieber devem voltar à equipa. Na frente, Szalai e Priskin, ambos muito fortes fisicamente, lutam por uma vaga, embora Szalai esteja em vantagem, pelo menos por já ter marcado neste Euro 2016. Prevê-se uma equipa segura e cautelosa, embora os húngaros já tenham mostrado que saem bem para o ataque e são eficazes na hora de atirar à baliza. A classe de Gera, a capacidade de desarme e transporte de Kleinheisler e Nagy e a técnica de Dzsudzsák prometem ser armas importantes.

Destaque ainda para a presença já habitual do “homem do pijama”, o guarda-redes Gábor Király, que não poderá adormecer perante os “artistas” belgas. Este será um jogo especial para Roland Juhász, defesa-central da Hungria, que jogou sete temporadas na Bélgica, chegando até a ser companheiro de equipa de Romelu Lukaku, no Anderlecht.

No lado da Bélgica, Romelu Lukaku, avançado do Everton, identifica bem um dos principais predicados da equipa: “Sabemos que podemos mudar um jogo a qualquer momento. Se todos cumprirem as suas tarefas defensivas, sabemos que podemos criar uma oportunidade ou marcar um golo do nada”. A ameaça dos “artistas” belgas promete colocar “em sentido” os soldados húngaros, dado que jogadores como Hazard (a voltar à grande forma), De Bruyne, Carrasco, Lukaku ou Mertens podem decidir uma partida em qualquer momento. Com tanta fartura à disposição de Marc Wilmots é sempre difícil prever o “onze” da Bélgica, mas, à partida, Hazard, De Bruyne, Carrasco e Lukaku deverão assumir as despesas do ataque belga, secundados por Witsel e Nainggolan.

O vencedor do jogo entre húngaros e belgas defrontará o País de Gales, na próxima sexta-feira, nos quartos-de-final do Euro 2016

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