A dança do varão é um desporto ou só erotismo? Os mundiais são em Pequim

Treinam oito horas por dia, precisam de tanta técnica como a ginástica e de se manter em forma como noutro desporto. Por isso, os atletas que fazem da dança do varão a sua modalidade de eleição gostariam de a ver reconhecida e incluída nos Jogos Olímpicos.

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Atletas fazem o aquecimento antes do início das meias-finais da competição AFP/WANG ZHAO
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Além da preparação física, existe a preocupação com a apresentação AFP/WANG ZHAO
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Antes de entrarem em competição, atletas fazem o aquecimento AFP/WANG ZHAO
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Atleta a fazer a sua prova durante as semi-finais AFP/WANG ZHAO
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Não são só mulheres, mas também homens que participam no campeonato AFP/WANG ZHAO
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Na China estão cerca de meia centena de participantes de todo o mundo AFP/WANG ZHAO
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Candidatas antes de entrarem em prova AFP/WANG ZHAO
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Treinador e atleta discutem o que pode melhorar na sua performance AFP/WANG ZHAO
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Treinador apoia atleta durante o aquecimento, antes da prova AFP/WANG ZHAO

Espectáculo erótico ou desporto a sério? As dançarinas, vestidas com sensuais roupas coladas ao corpo, calções e botas de pele de cano alto e saltos vertiginosos, reunidas este domingo para as finais dos campeonatos mundiais de dança do varão, na China, não têm dúvidas de que a sua modalidade merece o reconhecimento olímpico.

As candidatas para os mundiais deste ano vêm de uma dezena de países e de quatro continentes. Com a mesma flexibilidade e agilidade com que se mexem no varão, esperam livrar-se da imagem degradante dos bares de striptease sórdidos que toda a gente associa à actividade e serem respeitadas como verdadeiras atletas de talento.

“A dança do varão precisa tanto de técnica como a ginástica e a acrobacia, e o nível de dificuldade é ainda maior”, defende Ke Hong, membro da equipa chinesa, uma das mais fortes da competição, antes do início das provas.

Mais de 50 atletas, incluindo uma dezena de homens, participam nos campeonatos. Tal como muitos dançarinos, Ke Hong passa perto de oito horas por dia na barra vertical para aperfeiçoar os movimentos que desafiam a lei da gravidade. “Todos os dias… isto dói”, queixa-se. “Na primeira semana perguntava-me se não seria melhor desistir.”

Nestes últimos dez anos, a dança do varão ganhou popularidade um pouco por todo o lado, tornando-se, tal como o zumba ou a dança do ventre, uma forma de os seus adeptos se manterem em forma. Milhares de clubes abriram portas por todo o mundo – mais de 500 só nos EUA.

Entre os dançarinos presentes este ano encontram-se campeões do mundo, como os britânicos Kate Czepulkowski (que usa o nome artístico de Bendy) e Sam Willis, anunciou a organização. Uma das grandes favoritas para esta edição é a russa Polina Volchek, conhecida no meio como “Puma Rosa”.

Os dançarinos chineses consideram que depois de terem lutado tanto contra o ambiente conservador do país, o seu combate pelo reconhecimento desta modalidade começa a dar resultados. “Os meus pais são agricultores e vivem numa aldeia. Não sabem que estou aqui. Eu aprendi dança do varão durante quatro anos e nos três primeiros eles não sabiam. Treinava em segredo num ginásio onde trabalhava”, conta Fang Yi, campeã chinesa em 2013. Mas, felizmente, “muita gente já considera esta actividade como um desporto. Nós trabalhamos muito e esperamos que um dia a modalidade seja admitida nos Jogos Olímpicos”, acrescenta a jovem de 29 anos.

Alguns dos participantes nas provas deste fim-de-semana em Pequim gostariam que este desporto se chamasse simplesmente “poste” (ou varão) ou “fitness vertical” em vez de dança do varão. Praticantes e adeptos já chegaram a lançar diversas campanhas para que este fosse admitido como disciplina olímpica, mas até agora em vão. Têm argumentado que a modalidade tem raízes antigas na acrobacia chinesa e indiana.

“Há uns anos, era algo sexual, mas agora o trabalho nas barras requerem que as dançarinas sejam muito mais atléticas. Já perdeu a conotação sexual que chegou a ter; agora é mais um desporto”, defende a dançarina chinesa Sun Wenzhu enquanto pinta a máscara de lobo que usará daí a poucas horas durante a sua apresentação perante o público e o júri.

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