A “Dama de Ferro” está a ganhar balanço para a sua redenção olímpica
Katinka Hosszu confirmou em Kazan o seu estatuto de nadadora mais completa da actualidade ao vencer os 200m estilos nos Mundiais de natação com um novo máximo mundial.
Aos 26 anos, Katinka Hosszu já tem um currículo recheado de medalhas e recordes, mas tem um enorme vazio no seu palmarés: em três participações olímpicas (2004, 2008 e 2012), não teve uma única posição de pódio. Porém, a húngara, considerada a nadadora mais completa da actualidade, está no bom caminho para se redimir nos Jogos do Rio de Janeiro no próximo Verão e nesta segunda-feira, ao segundo dia dos Mundiais de natação que estão a decorrer em Kazan, na Rússia, marcou a sua posição com estrondo. Venceu a prova de 200m estilos com um novo máximo mundial e deixou a concorrência bem longe.
Foi o quarto título mundial para a nadadora húngara, que defendeu com sucesso a medalha de ouro conquistada na mesma prova há dois anos, em Barcelona. Hosszu cumpriu a distância em 2m06,12s, menos 0,03s que o anterior máximo, estabelecido em Julho de 2009, pela norte-americana Ariana Kukors. Impressionante foi mesmo a distância a que ficou a restante concorrência. A húngara fez todas as viragens em ritmo de recorde do mundo e terminou com menos 2,33s que a japonesa Kanako Watanabe e menos 2,65s que a britânica Siobhan O’Connor.
“Claro que estava a pensar no recorde. Era o meu objectivo. Foi perfeito”, declarou no final a nadadora, que já leva 44 medalhas entre Mundiais e Europeus (piscina curta e piscina longa). Em Kazan, o seu medalheiro pessoal tem tudo para crescer de forma considerável, já que está inscrita em sete eventos. Depois dos 200m estilos, e para além de ir defender o seu título mundial em 400m estilos, a nadadora conhecida como a “Dama de Ferro” vai nadar ainda nos 100m e 200m costas, 100m e 200m livres, e 200m mariposa.
Depois desta autêntica “maratona” competitiva em Kazan, Hosszu vai começar a pensar nos Jogos Olímpicos do próximo ano, com o objectivo de conquistar as medalhas que lhe faltam. Se Atenas 2004 e Pequim 2008 foram etapas no seu crescimento, a húngara já viajou para Londres 2012 como uma séria candidata às medalhas, mas o que aconteceu na capital britânica, onde nadou duas finais, quase a fez abandonar a natação. Primeiro, na final dos 400m estilos, assistiu de perto ao fabuloso recorde mundial da adolescente chinesa Ye Shiwen, falhando o pódio por 0,16s, e, três dias depois, ficou-se pelo oitavo lugar na final dos 200m estilos, em que Ye Shiwen conquistou nova medalha de ouro – em Kazan, a chinesa foi oitava na final desta distância a 7,89s do novo recorde mundial de Hosszu.
“Depois de Londres, senti-me deprimida. Não tinha a certeza sequer que queria continuar a nadar”, contava há uns meses a húngara à NBC. Mas continuou e prosperou, enquanto a sua rival chinesa foi em sentido contrário. No ano seguinte, nos Mundiais de Barcelona, Hosszu conquistou duas medalhas de ouro e uma de bronze, Ye Shiwen não subiu uma única vez ao pódio. Foi entre a depressão em Londres e o renascimento em Barcelona que a húngara ganhou o cognome. Em Novembro de 2012, Hosszu foi nadar numa prova da Taça do Mundo em Pequim, participou em oito provas e perguntaram-lhe se ela era feita de ferro. No dia seguinte, o título do artigo de um jornal chinês era “A Dama de Ferro da Hungria”. O mundo reproduziu a designação e Hosszu ganhou uma alcunha que abraçou sem complexos.
O recorde dos 200m estilos femininos não foi o único a cair no segundo dia dos Mundiais de Kazan, onde já se estabeleceram quatro novos máximos, todos no sector feminino. A sueca Sarah Sjostrom venceu a final dos 100m mariposa com um recorde do mundo, 55,64s, batendo a marca de 55,74s que havia estabelecido nas meias-finais de domingo, em que se tornara na primeira mulher a baixar dos 56s nesta distância. O outro novo máximo mundial foi fixado pela norte-americana Katie Ledecky nas eliminatórias dos 1500m livres. A adolescente norte-americana nadou em 15m27,71s, ultrapassando os 15m28,36s que havia feito na Austrália, no ano passado.