A “Dama de Ferro” está a ganhar balanço para a sua redenção olímpica

Katinka Hosszu confirmou em Kazan o seu estatuto de nadadora mais completa da actualidade ao vencer os 200m estilos nos Mundiais de natação com um novo máximo mundial.

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Stefan Wermuth/Reuters

Aos 26 anos, Katinka Hosszu já tem um currículo recheado de medalhas e recordes, mas tem um enorme vazio no seu palmarés: em três participações olímpicas (2004, 2008 e 2012), não teve uma única posição de pódio. Porém, a húngara, considerada a nadadora mais completa da actualidade, está no bom caminho para se redimir nos Jogos do Rio de Janeiro no próximo Verão e nesta segunda-feira, ao segundo dia dos Mundiais de natação que estão a decorrer em Kazan, na Rússia, marcou a sua posição com estrondo. Venceu a prova de 200m estilos com um novo máximo mundial e deixou a concorrência bem longe.

Foi o quarto título mundial para a nadadora húngara, que defendeu com sucesso a medalha de ouro conquistada na mesma prova há dois anos, em Barcelona. Hosszu cumpriu a distância em 2m06,12s, menos 0,03s que o anterior máximo, estabelecido em Julho de 2009, pela norte-americana Ariana Kukors. Impressionante foi mesmo a distância a que ficou a restante concorrência. A húngara fez todas as viragens em ritmo de recorde do mundo e terminou com menos 2,33s que a japonesa Kanako Watanabe e menos 2,65s que a britânica Siobhan O’Connor.

“Claro que estava a pensar no recorde. Era o meu objectivo. Foi perfeito”, declarou no final a nadadora, que já leva 44 medalhas entre Mundiais e Europeus (piscina curta e piscina longa). Em Kazan, o seu medalheiro pessoal tem tudo para crescer de forma considerável, já que está inscrita em sete eventos. Depois dos 200m estilos, e para além de ir defender o seu título mundial em 400m estilos, a nadadora conhecida como a “Dama de Ferro” vai nadar ainda nos 100m e 200m costas, 100m e 200m livres, e 200m mariposa.

Depois desta autêntica “maratona” competitiva em Kazan, Hosszu vai começar a pensar nos Jogos Olímpicos do próximo ano, com o objectivo de conquistar as medalhas que lhe faltam. Se Atenas 2004 e Pequim 2008 foram etapas no seu crescimento, a húngara já viajou para Londres 2012 como uma séria candidata às medalhas, mas o que aconteceu na capital britânica, onde nadou duas finais, quase a fez abandonar a natação. Primeiro, na final dos 400m estilos, assistiu de perto ao fabuloso recorde mundial da adolescente chinesa Ye Shiwen, falhando o pódio por 0,16s, e, três dias depois, ficou-se pelo oitavo lugar na final dos 200m estilos, em que Ye Shiwen conquistou nova medalha de ouro – em Kazan, a chinesa foi oitava na final desta distância a 7,89s do novo recorde mundial de Hosszu.

“Depois de Londres, senti-me deprimida. Não tinha a certeza sequer que queria continuar a nadar”, contava há uns meses a húngara à NBC. Mas continuou e prosperou, enquanto a sua rival chinesa foi em sentido contrário. No ano seguinte, nos Mundiais de Barcelona, Hosszu conquistou duas medalhas de ouro e uma de bronze, Ye Shiwen não subiu uma única vez ao pódio. Foi entre a depressão em Londres e o renascimento em Barcelona que a húngara ganhou o cognome. Em Novembro de 2012, Hosszu foi nadar numa prova da Taça do Mundo em Pequim, participou em oito provas e perguntaram-lhe se ela era feita de ferro. No dia seguinte, o título do artigo de um jornal chinês era “A Dama de Ferro da Hungria”. O mundo reproduziu a designação e Hosszu ganhou uma alcunha que abraçou sem complexos.

O recorde dos 200m estilos femininos não foi o único a cair no segundo dia dos Mundiais de Kazan, onde já se estabeleceram quatro novos máximos, todos no sector feminino. A sueca Sarah Sjostrom venceu a final dos 100m mariposa com um recorde do mundo, 55,64s, batendo a marca de 55,74s que havia estabelecido nas meias-finais de domingo, em que se tornara na primeira mulher a baixar dos 56s nesta distância. O outro novo máximo mundial foi fixado pela norte-americana Katie Ledecky nas eliminatórias dos 1500m livres. A adolescente norte-americana nadou em 15m27,71s, ultrapassando os 15m28,36s que havia feito na Austrália, no ano passado.

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