Frederico Gil volta a fazer história para Portugal

O melhor tenista português da actualidade está nas meias-finais de um torneio do ATP World Tour pela segunda semana consecutiva

a Se para rever um tenista português nas meias-finais de um torneio do ATP World Tour foi preciso esperar 16 anos e quatro meses, para se ver alguém fazê-lo duas vezes consecutivas foi necessário apenas uma semana.Frederico Gil repetiu no Brasil Open o resultado obtido em Joanesburgo e foi ainda capaz de se adaptar com sucesso a condições muito distintas daquelas que enfrentou em África- do piso duro e da altitude passou para a lentidão da terra batida e uma competição disputada ao nível do mar a temperaturas elevadas. Ao derrotar, por 7-6 (7/5), 7-6 (7/4), Nicolas Almagro, 18.º no ranking mundial e o mais cotado dos tenistas presentes na Baía, onde defendia o título, o português (86.º) confirmou que está no top 100 para durar.
Gil e Almargo apoiaram-se no sólido jogo do fundo do court para empurrar o adversário para longe da linha de fundo e obrigá-lo a uma devolução mais curta. Almagro, que apostou igualmente no forte serviço (11 ases), terminava os pontos com winners do meio do court, tanto de direita como de esquerda; Gil trabalhava um pouco mais o ponto, recorria à esquerda 'cortada' para quebrar o ritmo e acabava, geralmente, na rede ou com amorties. Mas foi também no serviço que o português fez a diferença, ao ganhar 50 dos 63 pontos disputados com a primeira bola e anulando nove dos 11 break-points que enfrentou.
Impulsivo, Almagro cometeu três erros directos nos três break-points que dispôs, a 5-5 do set inicial, e uma dupla-falta quando liderava o tie-break por 2/0. Gil distanciou-se para 4/2 e com um ás fez o 6/3. Mas seria no terceiro set-point, com mais um bom primeiro serviço que o português fecharia, feito celebrado com um pequeno salto e um "Vamos!".
Na segunda partida, um jogo de serviço em branco deu a Gil o 3-3 e o alento para quebrar o adversário de imediato, no único break-point de que dispôs em todo o set. Com Gil a servir a 4-3, Almagro acorre a um amortie mas, em vez de tentar o passing-shot, tentou acertar em Gil com uma direita fortíssima. Nem depois do encontro o espanhol pediu desculpa. "Já havia enfrentado o Almagro e sabia como ele era, mas nada de mais", contou Gil ao site oficial do torneio.
Só quando serviu a 5-4 é que Gil sentiu alguns nervos. Abriu com uma dupla-falta e uma direita para fora que renovaram as esperanças de Almagro, concretizadas no break. Com mais dois ases (um dos quais a 220 km/h), o espanhol passou para a frente do marcador (5-6), mas Gil levou a decisão para mais um tie-break.
E aí, o carácter, determinação e querer de Gil veio ao de cima, chegando rapidamente a 4/0 e 6/2. E quando a direita de Almagro bateu fora, Gil deixou-se cair no court.
"Ele é um tenista muito agressivo, bate muito forte na bola e mantém um ritmo alto o tempo todo. Tentei mudar a táctica algumas vezes e acabou dando certo. O público ajudou-me bastante, mas sei que amanhã será diferente", brincou Gil, referindo-se à meia-final de ontem à noite com o brasileiro Thomaz Bellucci (84.º).

Sugerir correcção