Wikilix: no novo Astérix há uma personagem inspirada em Assange

O papiro de César chega ao mercado no dia 22 com foco na propaganda e nos média. Jornalista com base no fundador do Wikileaks e vilão com traços de conselheiros de Sarkozy integram o elenco.

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Conrad (à esquerda) e Ferri (à direita) esta manhã em Paris BERTRAND GUAY/afp

O 36.º Astérix foi apresentado esta segunda-feira em Paris, dez dias antes do seu lançamento mundial (Portugal incluído) e entre as novas personagens há uma forte ligação à actualidade: Julian Assange, fundador do Wikileaks, inspirou Doublepolemix, um jornalista gaulês. O papiro de César, focado na propaganda e na forma como a informação é tratada pelos média, vai ter uma tiragem de quatro milhões de exemplares.

Na conferência de imprensa desta segunda-feira, em plena Torre Eiffel, em Paris, os autores Jean-Yves Ferri (guionista) e Didier Conrad (ilustrador) contaram com a presença de Albert Uderzo e da filha de René Goscinny, Anne Goscinny. E falaram sobre jornais e jornalismo, que no novo livro terão nomes como Le Mundus (sem relação com o diário francês Le Monde, explicaram) e o Matin de Lutèce.

É neste último que trabalha o jornalista Doublepolemix, cuja figura é muito próxima da do denunciante Julian Assange. E que, bem ao jeito dos habituais nomes dos gauleses da pequena aldeia que resiste ainda e sempre ao invasor, cheios de trocadilhos ou piscares de olho, quase se ia chamar Wikilix. Em inglês, o jornalista chamar-se-á Confoundtheirpolitix.

“Assange foi um modelo para esta personagem”, precisou Ferri, citado pela agência AFP, adiantando ainda que Wikilix foi de facto ponderado para o seu nome. Bem próxima da informação está uma nova personagem da aldeia dos gauleses – Wifix, um leitor de jornais muito bem informado. Já o vilão será Bonus Promoplus, “inspirado nos homens que influenciam o poder” e que é um conselheiro muito próximo de César. Visualmente, é parecido com o magnata da publicidade francês Jacques Segela, mas segundo Ferri é inspirado em conselheiros presidenciais como Henri Guaino ou Patrick Buisson, ambos da equipa de Nicolas Sarkozy.

A série Astérix, cuja personagem se estreou em 1959, está a ser continuada por Ferri e Conrad depois da saída de Uderzo, de 88 anos, em 2011 - e da morte de René Goscinny em 1977. O primeiro álbum, depois das tiras inaugurais na revista Pilote, foi publicado em 1961 e o mais recente, Astérix entre os Pictos foi o primeiro exclusivamente criado pela nova dupla de autores. O seu lançamento em 2013 foi um sucesso editorial, com mais de 5,4 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo.

O papiro de César é editado em Portugal no dia 22 em português e com edição também em mirandês.   

 

 

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