Vijay Iyer e Mário Laginha actuam esta sexta-feira no Funchal Jazz Festival

Produtora de anteriores edições questiona a qualidade e custo do evento deste ano, que decorre este fim-de-semana.

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Mário Laginha é um dos músicos portugueses no festival da Madeira Bárbara Raquel Moreira/Arquivo

Mário Laginha, um dos mais reconhecidos músicos portugueses do jazz, actua com o seu trio esta sexta-feira à noite na 14ª edição do Funchal Jazz Festival, na Madeira. A segunda parte do concerto será preenchida por Vijay Iyer, que em 2012, na votação anual dos críticos de todo o mundo reunidos pela revista Downbeat, foi o primeiro músico da história a ganhar em cinco categorias, entre as quais as de artista do ano, pianista do ano e álbum do ano (Accelerando).

O programa deste ano inclui a apresentação de quatro grupos norte-americanos e dois portugueses. O pianista Jason Moran, a solo, abriu na quinta-feira o festival que decorre durante três dias no Parque de Santa Catarina. O grupo de contrabaixistas de Ben Allison actuou também no primeiro dia para uma plateia que, segundo a organização, rondou as duas mil pessoas.

O festival encerra este sábado com o projecto Azul, de Carlos Bica, e o quinteto de Ambrose Akinmusire, que em 2012 foi considerado o melhor trompetista do ano pela Downbeat, bem como pela JazzTimes e pela Jazz Journalists Association. Terá o cantor Theo Bleckmann como convidado especial.

Após 13 anos de adjudicação directa à produtora Mundo da Canção, a organização do festival foi atribuída, este ano, pela Câmara do Funchal à empresa Choose Fantasy, através de concurso público, pelo valor de 87.500 euros. O valor do preço-base deste procedimento era de 112.500 euros, inferior ao custo médio das últimas quatro edições, na ordem dos 180 mil euros.

Para Avelino Tavares, da produtora Mundo da Canção, a comparação dos cartazes artísticos apresentado entre 2000 e 2013 com a actual edição, que “rompe com a tradição de grandes nomes de jazz, representa um retrocesso na qualidade a que este evento nos habituou, interrompendo um caminho que se foi paulatinamente construindo ao longo dos anos”. Pelos palcos da Quinta Magnólia, e posteriormente pelo Parque de Santa Catarina, passaram Chick Corea, Al Di Meola, João Bosco, Ivan Lins, Dianne Reeves, Phil Woods, Chucho Valdés, Branford Marsalis, Kenny Garrett, entre outros nomes sonantes do jazz.

Tavares, em conferência de imprensa, denunciou os “métodos desleais usados para retirar a organização do festival a uma produtora com provas dadas”. Com “preocupação e tristeza”, lamentou a falta de transparência do concurso, que opta por uma empresa com preço “muito abaixo dos custos reais”, num processo determinado por “capelinhas de interesses pessoais e lealdades eleitorais”. Na estimativa do director da produtora Mundo da Canção, o custo global vai ultrapassar o preço-base do concurso. “Vai a câmara assumir, por qualquer outro meio, as despesas não cobertas?”, questiona.

“Esta quebra de qualidade constitui uma machadada fatal” e o “princípio do fim do projecto que os madeirenses acarinharam, no qual a autarquia investiu, que os turistas já se habituaram a procurar e que trouxe prestígio e visibilidade ao Funchal e à região”, conclui Avelino Tavares.

Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da câmara do Funchal escusou-se a comentar as acusações do director da Mundo da Canção. Paulo Cafôfo apenas fez questão de sublinhar que a adjudicação resultou de um concurso público, pela primeira vez lançado pelo município, em nome da transparência, nos 14 anos do festival.

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