UNESCO vai pôr os capacetes azuis a proteger o património

A decisão decorre da destruição de diversos sítios arqueológicos pelo autoproclamado Estado Islâmico e por outros grupos extremistas.

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O arco triunfal de Palmira, cidade síria património mundial, já não existe JOSEPH EID/AFP

A proposta partiu da Itália e, segundo a agência de notícias francesa, AFP, acaba de ser aceite pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês). Em breve os capacetes azuis, os militares ao serviço das Nações Unidas em várias partes do mundo, vão ter entre as suas tarefas a protecção do património histórico e arqueológico, que tem estado na mira dos radicais islâmicos.

Num comunicado, o ministro da Cultura italiano, Dario Franceschini, deu a conhecer a decisão da UNESCO de envolver os soldados da paz nos esforços de protecção da herança da humanidade, depois de 53 países terem votado a favor da medida. Diz Franceschini que na tomada de posição destes países terão pesado, sobretudo, os ataques à cidade histórica de Palmira, na Síria, em que já foram destruídos os dois principais templos e o arco triunfal. “Confrontada com os ataques terroristas do Estado Islâmico e as imagens terríveis de Palmira, a comunidade internacional não pode ficar parada a assistir”, acrescentou.

Esta força da paz das Nações Unidas, conhecida pelos capacetes azuis que usam os seus operacionais, poderá vir a usufruir da experiência da polícia especial italiana que se dedica à protecção de património cultural e que dá formações em todo o mundo.

A ideia, explicou o ministro da Cultura, é que as Nações Unidas possam vir a destacar capacetes azuis para salvaguardar o património de zonas em risco devido à guerra e a catástrofes naturais, de forma a garantir que é protegido antes que venha a estar sob ameaça.

Para que esta decisão não se fique pelo papel, ou só muito mais tarde produza efeitos no terreno, Franceschini já pediu à Organização das Nações Unidas que defina “imediatamente “ os “contornos operacionais desta força internacional”.

Palmira, símbolo do cruzamento de culturas e um dos sítios arqueológicos mais importantes do Médio Oriente, caiu nas mãos dos extremistas do autodesignado Estado Islâmico em Maio. Tal como as cidades que os radicais tinham já atacado no Iraque, Nimrud e Hatra, depois de um primeiro raid no Museu de Mossul, é património mundial. Meses antes, outros extremistas, então ligados ao Boko Haram, tinham já atacado diversos monumentos históricos e religiosos na cidade de Timbuktu, no Mali, também ela classificada como herança da humanidade pela UNESCO.  

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