Uma Virada Cultural à portuguesa

Música, cinema e gastronomia portuguesa. A Virada Cultural, que este fim-de-semana acontece em São Paulo, tem como homenageado Portugal. O PÚBLICO participa no evento que pôs os paulistas a usufruir a cidade.

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Gisela João Fernando Veludo/NFACTOS
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Carminho Miguel Manso
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O realizador Sérgio Tréfaut participará num debate sobre o seu filme Alentejo, Alentejo António Carrapato

Pela primeira vez um país, Portugal, vai ser homenageado durante a Virada Cultural de São Paulo. Na décima primeira edição deste evento, e se realiza este sábado e domingo, cerca de quatro milhões de pessoas são esperadas nas centenas de manifestações artísticas espalhadas por esta cidade brasileira.

É como se o dobro de toda a população de Lisboa e arredores decidisse sair à rua por 24 horas em busca de diversão. Quando surgiu, há onze anos, por iniciativa da Prefeitura de São Paulo, a Virada Cultural parecia uma ideia ousada: levar diferentes atracções a vários pontos da cidade, de forma ininterrupta, varando a madrugada, daí o termo – Virada – sugestivo de quem “vira” a noite acordado. Mas como incentivar a população, sempre preocupada com questões de segurança, a usufruir da cidade? Naquele ano, cerca de 600 mil pessoas compareceram. Hoje, consolidada, a festa tem uma frequência na casa dos milhões. Agora, a edição de 2015, tem mais novidades. 

Uma parceria inédita entre o Consulado Geral de Portugal e a Prefeitura de São Paulo resultou no Experimenta Portugal.  Uma agenda lotada de eventos para se estreitarem as relações entre os dois países. Nas palavras de Bruno Assami, consultor cultural do Consulado e director-geral do Experimenta Portugal, “o objectivo não é só o de aprofundar os laços históricos e culturais, já fortes, mas permitir aos brasileiros conhecer o que de mais moderno Portugal tem a oferecer”.

Fado? Vai ter, claro. Na abertura do evento com Gisela João e, no encerramento, Carminho. Mas vai ter também a cantora Mimicat, o músico Mpex, que cruza guitarra portuguesa com electrónica, e o trio Black Mamba. Faces actuais desse Portugal, ainda não tão conhecido, distribuídas em quatro eixos: inovação, cultura, gastronomia e turismo. O crescente interesse dos brasileiros por terras portuguesas foi justamente o motivador da parceria.  

O prazer de comer e beber e assim atiçar o apetite faz parte da estratégia do Experimenta Portugal. A receita: reunir restaurantes, chefs e ingredientes. Vinhos, azeites, conservas, enchidos típicos da culinária portuguesa estarão disponíveis, mas quatro dias antes do início do evento apenas 5 das 13 degustações programadas ainda tinham vagas.

Cinema no Ibirapuera
Av. Pedro Álvarez Cabral, sem número. Esse será o principal ponto de encontro entre brasileiros e portugueses. O lugar é mais conhecido como Ibirapuera, o parque urbano mais frequentado da capital. Pela primeira vez, vai ficar aberto 24 horas, porque, segundo os organizadores, será a maneira de “chamar a atenção para o parque ao promover uma convivência interessante entre a tradição e a modernidade portuguesa e os brasileiros”.

A abertura oficial do Experimenta Portugal no Pavilhão das Culturas Brasileiras será ao meio-dia de sábado com uma Batalha de Poesia. A literatura infantil ganhará voz e leituras. Para os brasileiros, ouvir o fado, ainda que com intérpretes jovens como Gisela João e Carminho, é estar num território conhecido. Desafiante será ouvir o reggae da banda Souls of Fire, a mistura de soul, blues e funk do The Black Mamba ou a voz forte e marcante de Marisa Mena, encarnando seu alter-ego Mimicat ao interpretar as canções soul e jazz do álbum de estreia For You

No auditório do Parque Ibirapuera, um ciclo de documentários de música organizado pelo jornal PÚBLICO terá início às 20h deste sábado, com a exibição do filme Alentejo, Alentejo, seguido de uma conversa entre o realizador Sérgio Tréfaut e o crítico de cinema Vasco Câmara, editor do suplemento de cultura Ípsilon. Durante a madrugada, a maratona de cinema continua e será retomada na manhã seguinte. Serão exibidos a partir das 23h e até às 4h da manhã, The Art of Amália e Fado Camané, de Bruno de Almeida (repete domingo), B Fachada - Tradição Oral Contemporânea, de Tiago Perreira (repete domingo), e Lusofonia, A (R)Evolução, de Rui Brito. No dia seguinte, o ciclo continua com a projecção de Off the Beaten Track, de João Pedro Moreira, Kuduro, Fogo no Museke, de Jorge António, sobre o nascimento e implantação deste género musical em Luanda, terminando com a repetição do filme de Sérgio Tréfaut.

Será ainda projectado o filme Um Dia Normal – mosaico de Portugal em 1440 minutos, realizado pelo PÚBLICO e lançado no seu 25º aniversário, com exibição marcada para começar sábado ao meio-dia. São 24 horas da vida portuguesa, minuto a minuto, sem interrupção (repete domingo, a partir das 10h).

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