Uma tarântula chamada Johnny Cash

Cientistas deram o nome da lenda da música folk americana a um novo tipo de tarântula. Nasceu, assim, a Aphonopelma johnnycashi.

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O músico Johnny Cash e um exemplar da tarântula que agora tem o nome de Aphonopelma johnnycashi DR

Johnny Cash já não é “só” o nome de uma das maiores lendas da música folk norte-americana. Agora é também um novo tipo de tarântula, identificada por uma equipa de cientistas da Universidade Auburn, no Alabama, e do Millsaps College, no Mississippi, nos EUA.

Para tal bastou um biólogo fã de Cash e duas coincidências que, muito provavelmente, não viriam à baila se o músico não estivesse entre os favoritos de Chris Hamilton, o coordenador da equipa de cientistas que quis examinar de perto todas as tarântulas do sul dos Estados Unidos, a oeste do rio Mississippi. Que coincidências? O facto de os machos deste novo tipo de aranha serem todos pretos, à semelhança da roupa que o cantor country costumava usar em palco, e de ter sido identificada na região de Folsom, na Califórnia, cuja penitenciária Cash imortalizou em Folsom prison blues, uma canção de 1955, e que lhe viria a servir de cenário para a gravação de um disco que se tornou um sucesso, quando o intérprete e compositor estava a tentar relançar a sua carreira, depois de um período em que tentara superar os seus problemas com drogas – At Folsom Prison, de 1968.

Segundo o novo estudo, publicado recentemente na revista especializada ZooKeys, a Aphonopelma johnnycashi – é este o nome científico escolhido – é uma das 14 novas tarântulas agora identificadas no sudoeste americano pertencentes ao género Aphonopelma, com aracnídeos que podem chegar aos 15 centímetros. Até aqui acreditava-se que deste universo faziam parte mais de 50 espécies autónomas, agora reduzidas para 29 em virtude do trabalho da equipa de Hamilton, que estudou 3000 espécimes encontrados em estado selvagem ou na colecção de museus.

Dizem os cientistas que a tarântula que agora evoca Johnny Cash está amplamente distribuída pelo território da Califórnia, mas que no passado era considerada de outra espécie, a Aphonopelma iodius. “Quando começámos a olhar de perto a sua morfologia, DNA e variáveis ecológicas, vimos que estas tarântulas eram únicas e mereciam pertencer a uma espécie separada”, explicou o coordenador da equipa, aqui citado pela televisão britânica BBC, precisando que, apesar de o seu aspecto pouco amigável, a Aphonopelma johnnycashi quase nunca morde e que o seu veneno não é perigoso para os seres humanos.

Quanto ao nome escolhido, este biólogo não tem dúvidas de que é “perfeito” para o aracnídeo em causa, justificando-se com a sua cor e o facto de vaguear pelas imediações da prisão que “mora” numa das canções icónicas de Cash, a quem devemos êxitos como I walk the line, Hurt, Ring of fire ou The man in black.

Pode haver quem diga que esta homenagem dos entomologistas ao músico que morreu em 2003 é, no mínimo, insólita, mas quando o biólogo que dirige a equipa tem uma tatuagem de Johnny Cash, tudo parece muito… natural.

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