Uma rainha-espectáculo

Maria Pia de Sabóia no quotidiano, era uma mulher de trato simples.

Foto
Família Real Portuguesa, Rei D.Luís e Rainha D.Maria Pia com os filhos (1870-72) Oliveira – Fotografia Central, c. 1870-72

Maria Pia de Sabóia, a princesa italiana que se casou com D. Luís I em 1862 e que viveu em Portugal quase 50 anos, até a implantação da República a ter forçado ao exílio, era muitas vezes acusada de despesismo pelos ministros do rei, que não queriam ver o erário público tão sobrecarregado com as extravagâncias da rainha.

Era verdade que ela gastava muito dinheiro em roupa, jóias, serviços de porcelana, móveis e tecidos, sobretudo no período em que se empenhou no grande programa de redecoração do Palácio da Ajuda, lembra ao PÚBLICO o director deste monumento, José Aberto Ribeiro, mas também é verdade que, no quotidiano, era uma mulher de trato simples, que se interessava mais pelos filhos do que pela política, e mais pela política do que pelo que servia aos seus convidados à hora do jantar.

“Para ela a majestade implicava uma boa dose de sofisticação, de esplendor, de ostentação”, acrescenta o historiador, referindo-se a esta monarquia-espectáculo como “instrumento de propaganda política”. Maria Pia, que tanto se ocupou de causas sociais (chamavam-lhe, entre outras coisas, “a Mãe dos Pobres”), era também a rainha que se entusiasmava com os bailes no palácio, que não descuidava o seu guarda-roupa e que gastava mais do que era suposto em viagem. “No fim da monarquia está completamente endividada”, diz José Alberto Ribeiro. “Tem vários empréstimos por pagar ao Banco de Portugal e, um ano depois da sua morte, boa parte dos seus bens pessoais dispersa-se num grande leilão, organizado para saldar essas dívidas.”

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