Uma obra-prima

Se gosta de ler coisas sinceras e inteligentes (dúvidas, suspeitas, perguntas, ódios a certezas e verdades de qualquer espécie) sobre a vida, o amor, a morte, o sexo e a maneira de podermos viver todos uns com os outros com o mínimo atrito possível não há, em 2014, melhor livro para ler do que Michael Oakeshott: Notebooks, 1922-86, epicamente organizado por Luke O'Sullivan.

Oakeshott é o maior conservador romântico de sempre. "Não ser escravo nem rebelde" é uma dos milhares de frases dele; esta escrita numa folha à parte.

Oakeshott é conservador no sentido de não desperdiçarmos o pouco que tenhamos aprendido para, vivendo uns com os outros, sermos felizes, nós mesmos – cada um como é – conforme cada um tem a liberdade de decidir ou não.

A paixão e a liberdade de pensamento, quando são exprimidas sem entraves, são o melhor incentivo para fazermos o mesmo.

Oakeshott era um romântico, um apaixonado, um engatatão, um mulherengo – e um safado até, em muitos aspectos não só irrefutáveis como honestamente confessados por ele. Ser encantador e ser perverso nunca conseguem estar separados mais do que alguns momentos, mal tenham passado os decisivos.

Michael Oakeshott é o escritor e filósofo mais desconcertante e original desde  Wittgenstein. Wittgenstein também surpreendeu toda a gente com o que pensou e escreveu sobre a religião, a cultura e as nossas maneiras de viver.

Os Notebooks de Oakeshott só pecam por serem reduzidos e seleccionados de mais.

 

 

 

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