Um hotel é um teatro

O Palácio Estoril comemora os 85 anos de uma vida que já é histórica. E durante grande parte deles houve um homem que criou cada espaço, cada candeeiro, decidiu a cor de cada toalha e o lugar de cada cadeira: Lucien Donnat

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Entravam reis, saíam príncipes, chegavam presidentes, desfilavam cabeças coroadas e estrelas de cinema, políticos e empresários, aristocratas e artistas. O Hotel Palácio Estoril, inaugurado em 1930, foi sempre uma passadeira. E por detrás deste desfile de famosos esteve durante várias décadas um homem de teatro, cenógrafo e com um notável sentido do espectáculo: o decorador Lucien Donnat (1920-2013).

Os 85 anos que o hotel acaba de comemorar são um pretexto tão bom como qualquer outro para recordar aquele que ofereceu um palco a todos os que um dia atravessaram a porta do Palácio. Quem sabe todas essas histórias — mesmo as que não viveu pessoalmente — é Francisco Corrêa de Barros, o director, que nos recebe no hotel no fim-de-semana em que se está a preparar o segundo Baile da Riviera. Na sala do buffet estão já, incógnitos e descontraídos, vários príncipes que vieram para o baile no Casino, uma iniciativa do príncipe Charles-Philippe D’Orléans, de origem francesa, mas residente em Cascais. 

O ambiente que nos rodeia oferece o clima ideal para ouvir as histórias de Francisco Corrêa de Barros. Afinal, foi a Riviera, neste caso a francesa, que inspirou o fundador do Palácio, Fausto de Figueiredo. “Quando o Fausto de Figueiredo comprou este terreno, chamava-se Quinta do Viana e era uma mata de cedros e pinheiro-manso, que ia até à água”, conta.

Vindo de Celorico da Beira para Lisboa, Fausto conhecia Biarritz e sonhou fazer algo semelhante no Estoril. Reuniu financiamento, conseguiu do Governo a concessão do jogo, e, mais importante do que isso, conseguiu a exploração e electrificação da Linha de Cascais.

“Ele queria trazer os ingleses e a clientela de Biarritz de comboio até aqui”, conta o director. “O Sud Express vinha de Paris, passava por Lisboa, e terminava aqui. Foi uma obra notável. Antes disso, o Estoril não tinha nada. Ele fez os hotéis, o transporte, a animação.” Surgiram as arcadas e a estação de comboios. A guerra veio interromper os projectos para o Palácio, mas em 1928 as obras foram retomadas e a 30 de Agosto de 1930 o hotel inaugurava, com a presença do Presidente Carmona, banquete, baile, fogo-de-artifício e até a estreia de um filme com Rudolfo Valentino. Nascia a Riviera do Estoril. Houve alguns anos de acalmia e no final da década a Europa voltou a agitar-se. E o Palácio esteve bem no centro de alguns episódios ligados à II Guerra Mundial. Procuraram refúgio no pequeno paraíso do Estoril milhares de judeus fugidos de toda a Europa e o hotel tornou-se palco de um verdadeiro filme de espiões — de tal forma que foi nele e no casino vizinho que mais tarde se inspirou Ian Fleming para criar o célebre agente 007.

Nessa sua primeira vida, o palácio, projecto dos arquitectos Henri Martinet e Silva Júnior, mais tarde com intervenção de Raoul Jourde e interiores do francês Fitté, era bastante mais modesto e austero — “embora para a época fosse um estrondo”, sublinha Corrêa de Barros. O lado mais exuberante — e mais teatral — aconteceu quando Donnat entrou em cena, no início da década de 1950. O mundo tinha mudado muito, entretanto, e a época pedia uma visão mais eufórica da vida. Lucien era o homem certo.

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Lucien Donnat no seu atelier, em Setembro de 2002 pedro velez

Foi já na “era Donnat” que aconteceu uma das mais — ou provavelmente a mais — extraordinárias festas que o hotel viu: o casamento de Maria Pia de Sabóia, a filha mais velha do rei Humberto de Itália, com o príncipe Alexandre da Jugoslávia, em 1955. Um texto publicado no Expresso, em 2005, com o título “O hotel dos murmúrios” recorda o fausto — um enxoval com 16 malas e baús, um bolo de noiva com 150 quilos e dois metros, 2500 convidados, aos quais 150 criados serviram 400 lagostas, 50 faisões e 15 mil bolos. 

Nascido em França em 1920, Lucien tinha o apelido de Goldstein, do pai, Joseph, um judeu asquenaze natural de Paris e por sua vez filho de Bernard Goldstein. Este, conta Eunice Tudela de Azevedo no texto “Lucien Donnat: uma vida brilhante” feito para o catálogo de uma exposição organizada pelo Teatro Nacional D. Maria II após a morte de Donnat, “trabalhava para Thomas Edison, fazendo demonstrações de invenções deste último por todo o mundo, tarefa que se revelou fatal quando foi electrocutado”. A mãe de Lucien, Germaine, era filha de um rico empresário francês que se dedicava à importação e exportação de algodão egípcio.

No início da I Guerra, Joseph e Germaine foram para o Brasil, tendo regressado a Paris no final do conflito. Mas, devido a dificuldades financeiras, viram-se obrigados a deixar a França e, graças à facilidade com o português adquirida no Brasil, Joseph arranjou emprego em Lisboa. Depois de ter passado pela Agence Havas, a antecessora da France Presse, Joseph, com a mulher, comprou e passou a explorar o hotel York House (na altura uma pequena pensão), nas Janelas Verdes, onde Lucien fez os primeiros trabalhos como decorador.

Apesar de ter muito talento para a música e de ter chegado a pôr a hipótese de ser pasteleiro, Lucien foi estudar Belas-Artes para Paris, instalando-se em casa dos avós maternos. Durante essa fase, e apesar da oposição dos avós, acabou por conseguir algum dinheiro tocando piano em bares como o Le Petit Cabaret, cuja proprietária lhe sugeriu que mudasse o nome para outro mais artístico — Donnat, como Robert Donnat, estrela de cinema da altura.

Em 1939, nas vésperas da II Guerra, Lucien veio a Lisboa de férias e, por causa do conflito, viu-se impossibilitado de regressar a Paris. Começou a fazer trabalhos, sobretudo ligados ao espectáculo — aos 21 anos já colaborava com a Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro, que durante décadas foi a sua “casa”.

E, em 1951, surgiu o convite para intervir no Estoril Palácio. Foi o início de uma colaboração que durou até quase ao final da vida do decorador, que fez também importantes intervenções nos hotéis Avenida Palace e Ritz, em Lisboa, onde é responsável por aquele que é hoje conhecido como Salão Almada Negreiros. “No Palácio Estoril, é ele que faz tudo, tudo”, frisa Francisco Corrêa de Barros, que ainda se recorda de uma visita ao atelier do artista, no Largo Trindade Coelho, “que era um sonho, uma desarrumação arrumada”.

Foi nessa visita que o director do hotel viu umas pedras com um ar exótico e perguntou o que era. Donnat contou-lhe que quando, depois do 25 de Abril, começou a ter falta de trabalho em Portugal, e se viu obrigado a ir para o Brasil, chegou “sem ter onde cair morto”. Para começar a trabalhar, pegou em pedras e outros objectos e pôs-se a fazer colagens que depois vendia.

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Um dia, uma senhora, reconhecendo-lhe o talento, convidou-o para remodelar a casa dela. E assim Donnat lançou-se como decorador no Brasil. “A certa altura, ele estava a decorar a casa do Paulo Maluf, governador de São Paulo.” Num desses trabalhos teve uma ideia genial: já que, por questões de segurança, a maioria das pessoas não entrava nos prédios pela porta, mas sim pela garagem, decidiu começar a decorar as garagens como se fossem o hall da casa. “Foi um estrondo em São Paulo, toda a gente o queria conhecer.”

No Palácio Estoril, Donnat criou um espaço cénico — e o hotel ainda tem na sua posse os desenhos originais que ele fez para os diferentes espaços e que foi alterando ao longo dos anos. Cada objecto que ainda hoje se pode ver no hotel, das cadeiras aos candeeiros, foi desenhado por Donnat, que controlava todos os pormenores e gostava de desenhar tudo à mão – “sou um homem do século XX, não sou do século XXI”, terá dito quando lhe sugeriram que fizesse os desenhos no computador. Corrêa de Barros recorda, sorrindo, que houve uma sala que não passou pelas mãos dele por causa do período de ausência no Brasil e, quando regressou, Donnat ia ver o hotel mas recusava-se a entrar nessa sala.

Um dos espaços mais marcantes é a sala de correspondência e leitura ou Sala Tropical, que anteriormente era chamada, informalmente, Sala das Pretas, pelas cabeças de negras que encimam os reposteiros e as estátuas de negros que seguram candeeiros. O ambiente, sem abandonar o estilo Império usado no resto do hotel, torna-se aqui mais exótico.

O papel de parede, explica Corrêa de Barros, é feito pelos alunos de Belas-Artes de Paris. “São rolos de papel de muito boa qualidade que eles vão pintando e onde cada um tem alguma liberdade de criação.” Acontece que, numa cena que parece numa roça de São Tomé ou talvez na Guiana Francesa, as indígenas apareciam despidas da cintura para cima. O conselho de administração disse que não podia ser e, conta o director, para compor a coisa “lá vestiram as senhoras e pintaram mais uns macacos”.

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A decoração da sala tem permitido alguns momentos cómicos, como uma reunião de uma organização estrangeira cujos responsáveis, desconfortáveis com a decoração, pediram à administração do hotel que retirasse todos os motivos relacionados com negros. “O nosso estofador perguntava: até as cabeças dos cortinados? Não se pode simplesmente tapá-las? É que aquilo dá um trabalhão.”

Quem também usou a sala para reuniões foi, há uns dois meses, o príncipe Aga Khan, mas a decoração não o incomodou. Tal como não incomodou os reis, príncipes e princesas que aí se juntaram para o cocktail do Centenário Mundial de Vela, em 2007. Já a antiga secretária de Estado norte-americana Madeleine Albright, que, numa das suas visitas oficiais a Portugal, ofereceu um jantar privado no hotel, preferiu a Sala Imperial à Tropical.

Por seu lado, a equipa que a acompanhava, e que chegou uns dias antes para preparar tudo, pediu licença para transformar alguns dos quartos em escritórios e mudar-lhes os nomes: assim, e durante a estadia de Albright, as suítes com nomes que homenageiam figuras célebres que passaram pelo hotel, como o realizador Orson Welles, a rainha Vitória Eugénia de Espanha, o Presidente francês François Mitterrand ou a bailarina Margot Fonteyn, passaram a ter nomes mais prosaicos como Sally, Billy, Bob ou James.

Cheia de personalidade é, também, a Sala de Jogos, com pormenores como as cartas de jogar em tamanho grande penduradas na zona das janelas junto a espelhos, num jogo de multiplicações que o decorador usa também noutros momentos no hotel: basta ver como as várias salas se sucedem, num encadeamento que cria a ilusão de que se prolongam até ao infinito e que as podemos atravessar numa linha recta que vai de uma ponta à outra do palácio. Corrêa de Barros recorda também um episódio ligado à decoração da Sala de Jogos. Donnat decidiu cobrir o chão com tapetes persas — não com um só tapete mas com vários que optou por cortar e coser uns aos outros. Os trabalhadores que estavam a fazer as alterações na sala receberam os tapetes e avisaram o decorador que eles tinham chegado. Quando ele lhes disse “óptimo, agora podem começar a cortá-los”, ficaram em estado de choque. Vamos cortar os tapetes, interrogavam-se?, incrédulos. Mas foi isso mesmo que aconteceu e o patchwork de tapetes persas continua a poder ser visto hoje no chão da Sala de Jogos.

Para o grande Salão Atlântico, cenário de alguns dos acontecimentos mais grandiosos que se realizaram no hotel, Donnat imaginou uma decoração da parede com cortinas pintadas, num trompe l’oeil perfeito. Foi aí que aconteceu, por exemplo, uma cimeira da NATO em 1985. “Estava tudo cheio de segurança, primeiro um cordão da polícia, depois a tropa especial, tudo mais do que certificado para poder entrar aqui”, conta Corrêa de Barros.

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Quando os responsáveis do hotel foram ver como estavam os preparativos do Salão Atlântico, viram os funcionários da NATO ocupados a fazer um chão de madeira falso, debaixo do qual escondiam imensos fios e cabos. Perguntaram-lhes porquê aquilo e a explicação foi simples: se os líderes da NATO estivessem nesta sala e houvesse um submarino russo a 30 milhas da costa, este conseguiria captar tudo o que se dissesse, mas o chão falso escondia uma tecnologia, nova na altura, chamada “fibra óptica”, que fazia com que mesmo que alguém estivesse encostado a uma janela no exterior não conseguisse ouvir nada. Era, no fundo, outra forma de trompe l’oeil.

Dessa vez, Donnat não foi chamado para nenhuma intervenção, mas noutra ocasião, quando se realizou no hotel um congresso da associação de turismo Asta, reunindo agentes de todo o mundo, o decorador teve carta branca para criar um cenário digno de filme. “Aqui no hotel tínhamos canalizadores, carpinteiros, estofadores, pedreiros, uma equipa inteira durante cinco meses a trabalhar para essa convenção”, relata o director. O tema era Terra e Mar e, para o cocktail, Donnat “criou uns buffets maravilhosos, um de terra outro de mar, deslumbrantes de cor, de arte, de iluminação, de tudo”.

Mas o deslumbramento começava logo à entrada. Como o palácio pertencia à associação The Leading Hotels of the World, cujas cores oficiais eram o branco e o dourado, Donnat “colocou na pala da entrada do hotel cortinas brancas debruadas a dourado e no hall uma coluna com uma bola representando o mundo e, em redor dela, as letras dizendo The Leading Hotels of the World”.

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Havia “uma linha directa” para o decorador, que era consultado para tudo, dos tecidos à decisão de substituir um sofá ou simplesmente montar uma welcome desk para algum evento. Para a pintura do exterior do hotel, foi Lucien Donnat que decidiu o tom da tinta, assim como era ele quem explicava que as toalhas de mesa não deviam ser brancas porque reflectiam-se nos rostos das senhoras, o que não as beneficiava.

Sabia bem o que fazia porque, como ele próprio disse numa entrevista que deu em 2002 a Maria João Avillez e publicada na revista do PÚBLICO, era um homem “demasiado dotado, senhor de uma polivalência fabulosa”. Admitia, contudo uma falha: “Nunca fui profundo em nada, tamanha era a facilidade que havia em mim para muita coisa: toco piano, canto, desenho, escrevo, faço poesia, cozinha, amo…”

Tinha também opiniões vincadas sobre a questão do gosto. Nessa conversa com Maria João Avillez, mantida em três línguas, português, inglês e francês, explicava: “Não acredito no bon goût, se há bon goût, há também mauvais goût. São ambos válidos. Devo dizer-lhe que tenho alguma admiração pelo mau gosto e o que me surpreende sempre nas pessoas de mau gosto é a sua coerência. É uma constante. O que não acontece nas pessoas de bom gosto, que são capazes de fazer mau gosto. Conheci uma vez uma mulher absolutamente grandiosa em matéria de mau gosto. Era como o Arco do Triunfo do mau gosto. Uma celebração. Não falhava em nada, nem na roupa, nem na cor do cabelo, nem nas jóias, nem na casa, nem na cozinha, nem na mesa. Em nada. Era deslumbrante.”

Mas se, no Palácio Estoril, a questão não era tanto de gosto mas sim de segurança, Donnat era poupado. Foi o que aconteceu quando, em 1996, Lisboa recebeu a cimeira da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Inicialmente, o palácio, um pouco desviado do centro da cidade, não tinha previsto receber chefes de Estado ou de Governo.

Até que chegou um telefonema da embaixada de Israel perguntando ser teriam uma suíte disponível com dois quartos ao lado. Depois perguntaram se os quartos de cima e de baixo também estavam livres para as mesmas datas. E os que ficavam à frente e atrás? No final, alugaram “uns 20 ou 30 quartos”, ainda sem revelar quem seria o hóspede especial.

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Dois ou três dias antes da chegada, funcionários da embaixada foram ao hotel para confirmar todos os detalhes. Ficou claro que o palácio ia alojar o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu. O que não representava qualquer problema dada a longa experiência em receber dirigentes políticos que o hotel já tinha.

Mas os israelitas tinham alguns pedidos muito específicos: seria possível bloquear os elevadores de cada vez que o primeiro-ministro ou a mulher estivessem a entrar ou a sair? Isso seria difícil, por causa dos outros hóspedes, explicaram delicadamente os funcionários do hotel. Contudo, recorda Corrêa de Barros a rir, esse foi um obstáculo rapidamente ultrapassado. “Quando era necessário, eles punham dois seguranças a travar as portas dos dois elevadores, que não podiam subir nem descer. Têm solução para tudo.”

Apesar de toda a segurança, o dirigente israelita, ao contrário de dezenas de reis e príncipes, não frequentou as áreas comuns do hotel e tomou sempre as refeições no quarto. Aliás, a cozinha recebeu uma indicação muito precisa: sempre que fosse pedida uma sopa, isso significava duas sopas, e o mesmo para qualquer ouro pedido de comida. Tudo tinha de ser servido em duplicado para que um dos seguranças provasse primeiro.

Havia ainda outro detalhe: os israelitas estavam preocupados com os franco-atiradores e explicaram que a situação que apresentava mais riscos era o momento em que o carro com o primeiro-ministro parava para este sair. Havia aí uma fracção de segundo que, caso houvesse um atirador experiente estrategicamente colocado, poderia ser fatal. Por isso, disseram, seria necessário criar uma espécie de cortina que pudesse ser corrida quando o carro parasse à entrada do hotel.

Não era fácil, dado que a frente do hotel tem, calcula o director, uns 15 metros de comprimento por uns quatro de altura. Mas a equipa do Palácio pôs-se a pensar no assunto e encontrou a solução. “Temos um estofador extraordinário que idealizou uma calha na qual as cortinas correriam muito rapidamente. E propôs que comprássemos um tecido igual ao dos cortinados do último andar porque assim poderíamos rentabilizá-lo depois da utilização, evitando um desperdício.”

Compraram-se muitos metros de tecido, os necessários para tapar toda a frente do hotel, montou-se a calha e a cortina e tudo correu como previsto. Quando o carro descia a alta velocidade a rua paralela, havia um telefonema a avisar da chegada iminente e estava tudo pronto para correr as cortinas. Quando a cimeira acabou e Netanyahu partiu, o hotel enviou a conta para a embaixada de Israel, que mandou perguntar o que era a fracção relativa ao tecido. Perante a explicação de que se tratava do tecido para a cortina de protecção na frente do hotel, a embaixada não questionou mais e pagou a conta. Mas, uns dias depois, mandou buscar o tecido.

E assim, literalmente, correu o pano sobre mais um acto do espectáculo do mundo que há 85 anos está em cena no Hotel Palácio Estoril, num cenário cuidadosamente desenhado por Lucien Donnat. Deste “teatro” muito especial, dizia o decorador, citado pelo Expresso: “É como um filho meu, tenho ternura por ele. Mantenho-o num estilo démodé sempre actualizado. É essa a sua graça.”

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