Um editor por dia, um livro por dia

Zeferino Coelho, Caminho, Leya: No céu não há limões, de Sandro William Junqueira.

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O trabalho do editor começa na decisão de publicar ou não publicar um livro, diz Zeferino Coelho, de 68 anos, editor da Caminho. Na sua carreira de 45 anos, tomou decisões como publicar quatro mil exemplares na primeira edição de Levantado do Chão, de José Saramago, logo depois de A Noite, a peça de teatro do mesmo autor, não ter vendido bem. “Houve quem vaticinasse o fim da editora nessa altura. Mas é um grande livro em qualquer parte do mundo e os bons livros acabam por ter boas vendas”, diz.

Para o editor que apostou no primeiro prémio Nobel português, à frente de tudo está sempre “a qualidade literária e não ir muito atrás das modas: se um livro é bom, publica-se”, afirma, lembrando que foi com esta intuição que no final dos anos 1970 apostou na literatura juvenil de Alice Vieira, e mais tarde na colecção Uma Aventura.

Por causa desta carreira, na Feira do Livro foi-lhe feita uma homenagem organizada pelo grupo Leya, a 5 de Junho. “Foi tudo uma surpresa, só no próprio dia comecei a perceber que alguma coisa não estava bem. Só posso ficar orgulhoso com estas manifestações de amizade”, diz sobre a presença de colegas e escritores.

Para esta feira do livro destaca Sonhos Azuis pelas Esquinas, de Ondjaki, e No Céu Não há Limões, de Sandro William Junqueira. O primeiro é o mais recente livro de contos do autor angolano e “cobre os seus vários registos”, diz o editor. O segundo “é um salto em frente na carreira de William Junqueira, um livro muito actual” que conta a história de uma guerra civil num lugar imaginário entre o Norte e o Sul, “muito rico nas personagens e puramente literário”, longe do panfleto político.

 

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