Uma Ovelha Choné e dois mestres japoneses nos 15 anos da Monstra

A maior edição de sempre do festival de cinema de animação começa esta quinta-feira com foco na América Latina. E traz dois nomeados para os Óscares, The Tale of Princess Kaguya e Song of the Sea.

i-video
15 anos da Monstra PÚBLICO

Nos 15 anos da Monstra – Festival de Cinema de Animação de Lisboa a América Latina é a convidada e a série de sucesso dos estúdios Aardman transforma-se em filme com estreia nacional de A Ovelha Choné. Mas nesta Monstra há outro estúdio venerado em foco: o japonês Ghibli, do qual se estreia também no festival The Tale of Princess Kaguya. O filme de Isao Takahata junta-se a Song of the Sea para perfazer os dois candidatos ao Óscar em estreia na competição internacional do festival.

Entre 12 e 22 de Março, a Monstra está à solta por Lisboa na maior edição de sempre. Espalha-se por sete cidades, viaja até oito países, abarca novas salas, como o Cinema Ideal, em Lisboa, sai à rua – “em 15 edições tivemos meia hora de chuva”, lembra Fernando Galrito, director do festival - com sessões nos jardins da Estrela, do Príncipe Real, nos largos Camões e do Intendente, além de um drive-in no Parque Mayer, e programa 470 filmes de 68 países. Recebeu mais de 1700 inscrições, mais 500 filmes do que em 2014.

Entre os filmes seleccionados, 60 curtas e cinco longas são de 12 países da América Latina, abarcando um período que vai de 1932 a 2012 e incluindo nomes como Juan Padrón, Elisa Rivas, Fernando Salem ou René Castillo. E há ainda uma pequena grande novidade, a importação do formato francês “o cinema mais pequeno do mundo”. Numa sala cabe um máximo de nove pessoas que podem votar nos melhores pequenos filmes - entre 55 segundos e 2,5 minutos – para ganhar “o troféu mais pequeno do mundo”, como o descreve a organização em comunicado. Ou seja, os Amendoim de Ouro, Prata e Bronze. O Mais Pequeno Cinema do Mundo vai estar na rua a partir de 11 de Março, no Largo Camões.

Mas se a América Latina e a sua Casa em Lisboa – onde se inaugura na quinta-feira uma exposição de desenhos originais de filmes da Monstra – são convidados especiais desta edição de 2015, há um país que quase se tornou já hóspede do festival lisboeta: o Japão. “Há anos que se vem repetindo no nosso festival, sempre com grande sucesso”, confirmou esta terça-feira Fernando Galrito, director da Monstra, na apresentação da programação. E é assim que surge na competição Tale of Princess Kaguya, o último filme de Isao Takahata e nomeado para o Óscar de Melhor Filme de Animação, bem como outras quatro longas-metragens do mestre japonês e um documentário, Kingdom of Dream of Madness, sobre Takahata e Hayao Miyazaki, co-fundadores do estúdio Ghibli. O trabalho de Takahata em Princess Kaguya, mas também o de Miyazaki naquele que será o seu último filme, The Wind Rises (estreado na Monstra de 2014 e que este ano é reposto no festival antes da sua estreia comercial em Portugal, ainda sem data).

Os britânicos estúdios Aardman são também passageiros frequentes da Monstra e este ano estreiam em Portugal “a sequela de uma série que encanta todas as pessoas que tenham entre 3 e 103 anos”, sorriu Galrito sobre o filme A Ovelha Choné (2015), de Mark Burton e Richard Starzak (que estarão presentes no festival), cuja estreia comercial em Portugal está marcada para 3 de Setembro.

Um filme para o grande público que integra a competição internacional de longas do festival, em que concorrem ainda Giovanni’s Island (Mizuho Nishikubo), Jack and the Cuckoo-Clock Heart (Stéphane Berla Mathias Malzieu), Lisa Limone and Maroc Orange, A Rapid Love Story (Mait Laas) e Pos Eso (Sam), além dos filmes de Takahata e de Song of the Sea (Tomm Moore), candidatos ao Óscar dia 22. A competição gira ainda em torno dos filmes portugueses – Foi o Fio, de Patrícia Figueiredo; Fuligem, de David Doutel e Vasco Sá; Papel de Natal, de José Miguel Ruivo Ribeiro; e Raquel Silvestre, a Pastora, de Marina Palácio, concorrem pelo prémio prémio SPA Vasco Granja – mas também abarca as Curtíssimas, as curtas de estudantes e a secção de curtas-metragens.

A Monstra viaja ao passado para mostrar clássicos como O Rei e o Pássaro, de Paul Grimault, que Galrito descreve como “um dos melhores filmes de animação de todos os tempos e que em 2015 comemora 60 anos”, A ilha de Black Mor (2004) de Jean-François Laguionie, Krysar o Flautista de Hamelin, do checo Jiri Barta, obra de referência na animação de marionetas, ou ainda o “blockbusterA Noiva Cadáver, de Tim Burton. Já a Monstrinha, dedicada aos jovens espectadores nas escolas, leva este ano160 sessões a nove agrupamentos de escolas de Lisboa e Almada (cerca de 80 mil alunos) e surge também como um novo espaço de competição, votado pelos alunos.

Em 15 anos, a Monstra acumulou 43.172 espectadores e 1460 filmes exibidos. O aniversário será comemorado também com a edição em DVD de 15 filmes para os mais pequenos. Este ano, com um orçamento estimado de cerca de 250 mil euros, dos quais mais de metade são fruto de parcerias, e com o apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual e da EGEAC, o festival, além do arranque simultâneo em Lisboa e Almada e das várias exposições, masterclasses e workshops, propõe-se viajar entre 16 de Março e 26 de Julho até Portalegre, Coimbra, Santarém, Porto, Ponta Delgada e Gouveia.

Sugerir correcção
Comentar